quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Lourdes Marques e sua história de vida

Filha de João Marques da Silva e de Maria Carmina da Conceição, Lourdes Marques, nasceu no dia 25 de janeiro de 1929 em Juazeiro do Norte, na Quadra São Vicente, próximo da Rua do Salgadinho, hoje chamada de Trav. Maria Gonçalves, ou Praça do Memorial. Ela conta que quando tinha de três a quatro anos, ia com seus pais  para escutar os conselhos do Padim Cícero, quando ele pregava em sua residência, na Rua São José, onde hoje funciona o Museu Padre Cícero. Em suas palavras ela diz: “Eu ficava bem quietinha, calada, em obediência aos meus pais, porque eles ensinavam que quando os mais velhos estavam falando criança tinha que ficar calada. Minha mãe sentava no chão,  me colocava no colo, e eu adormecia. Quando Padim Cícero terminava o sermão, ela me acordava, e a gente ia para casa. Era gente demais, o quarteirão ficava praticamente lotado. Minha mãe contava que meu pai recorria a ele para pedir a opinião sobre um determinado trabalho, um aconselhamento na verdade. Lembro do dia de sua morte. Do caixão em cima da janela para o povo ver. Gente gritando, chorando, o luto, o clamor abalou o Juazeiro. Tecidos e mais tecidos pretos foram comprados para vestir a população em luto pela morte do seu maior benfeitor.” O tempo foi passando e Lourdes na companhia de seus oito irmãos. Vicente, Lia, Duca, Tonho, Zeca, Ciada, Cila e Maroly aproveitaram na medida do possível a infância, porque mesmo crianças já ajudavam nos afazeres domésticos as mulheres e os homens ajudavam o pai como ajudantes de pedreiro. Quando criança, ela contou que deu uma topada e arrancou a cabeça do dedo naquela época não existia antibiótica, usava somente uma pomada amarela para cicatrizar, mas doía demais. E à noite quando deitava era que doía, então começava a chorar não deixando os irmãos dormirem.  Duca e Tonho não  suportavam vê-la chorando e o que faziam, deixavam-no no quintal e fechavam a porta. O choro aumentava ainda mais, além da dor e o medo do escuro! São memórias que ela ainda guarda presente e que me confidenciou. A primeira Eucaristia fez com a idade de 11 anos. E sempre alimentou um grande desejo de participar de uma Lapinha, como cigana, porque achava linda a roupa toda colorida. Sua mãe, porém, sempre dava uma desculpa alegando que não dava certo. Até que ela descobriu que a roupa da sua primeira comunhão daria certo para ser a lua e dessa vez sua mãe permitiu. E ela com sua lucidez e um sorriso cativante canta para nós o versinho da lua: 
“Sou a lua que dos astros venho
A lapinha de Belém
Sou a lua do alto da princesa 
Que adorna imensa grandeza
Sou a lua que dos astros venho, 
A lapinha de Belém.”

Algumas vezes ia ficar com Lia em Missão Velha e lá aprendeu a fazer bainha de vestidos, de calças e os primeiros ensaios na arte de bordar à mão. No ano de 1950 casou com Luiz de Souza Lima, tendo treze filhos, oito homens: Luilson, Lázaro, Luiz Filho, Lailson, Lairton, Lécio, Luzivaldo e Luiz Carlos; e cinco mulheres: Luciene, Luzenilde, Luzeneide, Luzilânia e Maria do Carmo. Os nomes foram escolhidos pelo pai, com exceção de Maria do Carmo, que teve seu nome ligado a uma promessa feita a Nossa Senhora do Carmo. O parto era de alto risco e Luordes  se apegou com muita fé pedindo a intercessão de nossa Senhora e como foi atendida, batizou a filha com o nome de Maria do Carmo. Assim, com exceção deste, os nomes dos demais filhos do casal começam sempre com a letra L. Como os negócios de Luiz não iam muito bem, ele resolveu ir trabalhar fora e levando junto seu filho mais velho, Luilson, para morar em Belo Horizonte. Lá conseguiu trabalho e mandou buscar a família.  Lourdes  ficou com medo de levar uma família tão numerosa, ela e os doze filhos,  e decidiu não ir.  Mandou dizer para Luiz que ele mandasse o sustento dos filhos e ela iria também trabalhar para ajudar no sustento da família. Começou a vender calçados, perfumes, acompanhada de seu filho, Luiz Filho. As filhas cuidavam dos afazeres domésticos e dos irmãos menores. Entretanto, a despesa era alta, aluguel para pagar e débitos nas bodegas, então, sua irmã,  Maroly, que estava morando sozinha após a morte da mãe, dona Carmina, convidou-a para morar com ela, na mesma casa que ela nasceu. Sem nenhuma cerimônia aceitou o convite e mudou-se definitivamente com os filhos, e é nesta casa que reside até hoje. O marido Luiz não quis acordo e resolveu nunca mais voltar para o convívio da família em Juazeiro, chegando a falecer por lá. As dificuldades, os filhos para estudar, fardamentos, livros, remédios, muitas despesas, enfim. Lia, sua irmã, como forma de ajudá-la levou para morar com ela mais uma filha, Luzilânia, porque Luciene já morava com ela. Maroly, sua irmã caçula trabalhava no escritório de seu Severino Alves, na loja A Vencedora, e contribuía financeiramente. Zeca, seu irmão que morava bem próximo, na Rua da Conceição soube das suas preocupações e disse: “Lourdes, todo sábado à tarde, quando eu voltar da feira de Barbalha, venha ou mande um dos meninos buscar uma mesada que darei para ajudar”. Lourdes acrescenta:  Por muitos anos recebi essa contribuição do meu irmão tão generoso. Mas, mesmo assim faltava dinheiro porque as despesas eram altas demais por causa da família numerosa. Lourdes conta ainda que dona Marlúcia Almeida, vizinha do seu irmão Zeca, fabricava e ainda fabrica confecções me ofereceu para dar o abanhado, pregar botões e casear as confecções que ela fabricava. Aceitei e junto com Nilde, Neide e Lânia ficávamos até tarde da noite executando esse trabalho, que nos ajudou bastante. Também ajudei muitas vezes a De Jesus Batista preparando caldo nos eventos políticos. E foi graças a esses meus préstimos que consegui um contrato no Estado e no Município como Merendeira e Auxiliar de Serviços. Trabalhei na Escola do Menor; Escola 3 de junho; Grupo Padre Cícero e Secretária de Educação. Ministrei no ano de 1979 Alfabetização Funcional pelo Mobral”. E haja coisa, como ela mesmo diz. Sem contar com os bordados, fuxico, crochê, panos de prato e ponto de cruz. É uma verdadeira artista com as mãos. Ela faz um desabafo: “Até hoje não deixo de fazer algumas coisinhas, apesar das meninas não gostarem muito, porque eu fico com dor de cabeça por ficar com a cabeça abaixada. Não consigo parar; é de mim, ficar fazendo alguma coisa, se não fizer fico triste”. Apreciadora de eventos no Memorial, como palestras, apresentação de festivais escolares, show de cantores etc. faz questão de estar presente. Convidada por famílias amigas para participar da Renovação do Coração de Jesus, não falta. Ela conta mais da sua vida: “Faço parte do Apostolado da Oração há muitos anos e fui incentivada por minha irmã, Lia, para me associar. No mês de junho consagrado ao Sagrado Coração de Jesus compareço diariamente acompanhada de uma filha para fazer minha hora de guarda como manda os preceitos do associado. Estive presente na despedida de Lia da Presidência dessa entidade na qual ela esteve à frente durante quarenta e oito anos, entregando para Marinalva. Faço parte como associada da Irmandade de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Sou uma pessoa feliz, abençoada por Deus e por Nossa Senhora das Dores e Padim Cícero”. Ela é avó de dezessete netos, sendo oito homens: Luilson Junior, Fabiano, Davi, Jardel, Jailson, Ítalo, Tiago e Hariel; e nove mulheres: Patrícia, Tatyana, Girlene (falecida), Magdalene, Magnólia, Laís, Vitória, Bruna e Héren. Bisnetos tem nove: cinco homens, Uriel, Henrique, Pedro André, João Miguel e Luiz Arthur; quatro mulheres: Mayana, Samira, Nicole e Melissa. Em minhas observações, como sobrinha por afinidade, porque ela é a única tia viva de Daniel, meu esposo, por parte do seu pai, Zeca Marques, percebi ao longo da minha convivência com ela, tratar-se de uma pessoa muito simpática, amável, carismática. Em todos os lugares onde trabalhou deixou sua marca de boa funcionária e boa amiga. É uma excelente contadora de histórias, se deixa encantar nas narrativas. Várias vezes foi entrevistada pelos meios de comunicação para narrar o que sabe e o que viu a respeito do Padre Cícero. Toda a família tem uma verdadeira admiração por ela, por tudo que passou e venceu. Os filhos se sentem orgulhosos desta mãe tão abnegada e batalhadora que hoje comemora oitenta e nove anos com uma lucidez maravilhosa e a vaidade não fica de lado, sempre anda muito arrumada, não dispensa os brincos, o batom e o rouge, como ela diz rindo. Que grande dádiva de Deus, que Ele a abençoe lhe proporcionando mais anos de vida para alegria e felicidade dos que a cercam. Parabéns tia Lourdes! Meus e do meu esposo Daniel, seu sobrinho. Todos nós lhe queremos muito bem. Felicidades! 
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segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Viagem de trem, uma aventura inesquecível

Na década de 60, menina-adolescente, fiz uma viagem de trem acompanhada de minha tia/madrinha Odete e de seu esposo, José Leornes, para Fortaleza. Essa foi a minha primeira viagem para visitar a nossa capital. Mamãe me presenteou com esse passeio devido à grande tristeza que me abateu após a morte do meu pai, Luiz Pereira e Silva, prematuramente, com apenas 45 anos de idade. Mamãe disse para titia Odete: "Leva Neuminha para que ela se alegre, despareça”. E assim aconteceu. Saímos no final da madrugada e chegamos em Fortaleza já noite. Nos locais que o trem parava surgiam os vendedores de frutas (tangerina, laranja, pinha), de amendoim, rolete de cana etc. Os vagões eram invadidos por eles e, outros ofereciam pelas janelas. Quando o trem dava sinal de partida, com seu apito típico, todos se afastavam e acenavam com a mão. Aqui coloco uma pausa e lembro com bastante nitidez do pavor que senti na subida da serra de Baturité, por causa dos precipícios  e curvas acentuadas. Não tinha coragem de olhar, fechava os olhos e ainda colocava as mãos em cima deles para não ver absolutamente nada. Sempre fui muito medrosa. Quando criança nunca tive coragem de subir a serra do Horto de carro. Na Sexta-feira Santa, subia com familiares e amigos a pé. Em uma excursão que fiz ao Rio de Janeiro fazia parte do roteiro visitar Petrópolis, e que surpresa! A serra circundada por curvas e que dá a impressão de uma espiral, visualizando enormes precipícios e se vê também fileira de carros abaixo, na forma de um anfiteatro. Não tinha vontade nenhuma de olhar o espetáculo. O suor nas mãos e os olhos fechados, pedindo a Deus que terminasse esse suplício. O medo continuava a me perseguir. Passado o tempo fui por necessidade obrigada a dirigir, ai, ai e aí o que fazer? Enfrentar com unhas e dentes o medo, consegui desta feita a batalha do trânsito e no exame de motorista, fui aprovada na primeira tentativa. Essa conquista causou mais alegria em Daniel, meu marido, do que em mim. Sabem por que? Porque ele desejava se libertar das minhas aporrinhações de quando o chamava para me levar para algum lugar. Aquela friezinha na barriga continuava e fazia parte já do meu instinto de defesa. Em viagem de férias em um determinado momento, Daniel dirigindo bem devagar, e eu me controlando, mas a minha paciência chegou ao limite e disse pra ele: “Meu bem, não dar para acelerar um pouco mais, dessa forma chegaremos amanhã”! Ele bem calmo, tirou um pouco os olhos da direção e disse: “Neuma, tenho escutado de você nesses trinta e tantos anos de casado: Chagas abertas, coração ferido... Não é pra menos que os meus nervos já estejam cansados”. Não aguentei e soltei uma gargalhada muito gostosa. Pé na estrada. Viagens, passeios e vamos nós. Nesta última viagem que fizemos recentemente à Curitiba, fizemos o passeio de trem para Morretes, atravessando a Serra do Mar. Antes tivemos acesso ao folder com as explicações, as imagens e todas as informações. Resolvemos fazer o passeio, pois, duas vezes já tínhamos ido para Curitiba e não tivemos coragem. Agora, amadurecida e distante dos medos e fobias não vacilei, vamos, vamos Daniel. E assim, em um dia chuvoso e de pouco sol, o trem com 23 vagões lotados de turistas subiu lentamente a imensa serra, passou por penhascos descomunais, passou por túneis escuros e extensos, vegetação imensa, hortênsias aos montes, cachoeiras até chegar à cidadezinha bem no alto a nos esperar para um passeio em calçamentos de paralelepípedo, com lojinhas, bancas de biscoitos, doces, bombons fabricados artesanalmente e os souvenires da região, o sorvete caseiro que é uma das atrações.. O medo evaporou-se. Curti demais, olhei tudo (Daniel ficou petrificado na cadeira), fotografei e voltei com a sensação leve de ter participado de uma grande aventura. Se vocês um dia forem a Curitiba não deixe de fazer o passeio de trem a Morretes. É uma experiência inesquecível. Uma viagem para testar os nervos. Mas deixo este lembrete: consulte antes para saber se o trem está funcionando, pois agora devido ao grande movimento de cargas do porto de Paranaguá há meses em que o serviço turístico fica desativado. 
Uma semana rica de graças e de bênçãos e um maravilhoso 2018 para vocês, meus queridos leitores.



As fotos acima são do trem na estação de Juazeiro do Norte











domingo, 17 de dezembro de 2017

Comemoremos a Sagrada Família de Nazaré. Homenagem a uma família unida

Dezembro, mês do nascimento de Cristo, o nosso Salvador, que veio ao mundo para nos redimir do pecado, e também se comemora a festa da Sagrada Família, em data móvel, no domingo, após o Natal, ou, alternativamente, no dia 29 de novembro.

Esta celebração serve para que todas as famílias se lembrem da humilde Sagrada Família, que mudou o rumo da humanidade. Ela representa o gesto transcendente de Deus, que se acolheu numa família humana para ensinar o modo de ser feliz: amar o próximo como a nós mesmos.

A Sagrada Família é o modelo de todos os tempos. É exemplar para toda a sociedade, especialmente nos dias de hoje, tão atormentada por divórcios e separações de tantos casais, com filhos desajustados e todos infelizes. A família deve ser criada no amor, na compreensão, no diálogo, com consciência de que haverá momentos difíceis e crises formais. Só a certeza e a firmeza nos propósitos da união e a fé na bênção de Deus recebida no casamento fará tudo ser superado. Pedir esse sacramento à Igreja é uma decisão de grande responsabilidade, ainda maior nos novos tempos, onde tudo é passageiro, fútil e superficial. 

Valendo-me do momento que nos impulsiona a uma profunda reflexão, trago exemplos de famílias unidas que trabalharam em minha casa em algumas ocasiões e que me chamaram à atenção executando suas atividades.
O caso primeiro é do eletricista Cícero Antônio dos Santos, indicado pela Aliança de Ouro, e que há mais de vinte anos presta serviço de eletricista em nossa casa. Quando começou a nos atender trazia seus filhos garotos para ajudar. Eles carregavam a maleta de ferramentas, e auxiliavam na entrega do material necessário que o pai precisava. Os três nessa época andavam de bicicleta. Cícero em uma bicicleta e a maleta com os objetos do seu trabalho e os filhos noutra bicicleta. Entravam, acomodavam as bicicletas e começavam a trabalhar.   Ficava a observar a comunicação e a perfeita parceria entre eles. Atendiam prontamente no que o pai precisava. E, assim, o tempo foi passando, os garotos cresceram e seguiram os passos do pai. Sempre que Daniel precisava dos trabalhos de Cìcero, ligava e ele prontamente atendia. Curiosa que sou por natureza, me aproximava dos três e algumas vezes puxava uma breve conversa, servia uma merenda, água e os deixava  à vontade para trabalharem. Em um determinado dia não resisti e perguntei para Cícero: Vocês são sempre unidos, não discutem, não divergem às opiniões? 
Ele respondeu: “Para a senhora ter uma ideia, nunca discutimos; os meus filhos são muito obedientes e vivemos plenamente a harmonia e a união. Fiz todo o esforço e construí minha casa, depois bati uma laje e construí a casa para os meus três filhos, os dois meninos e a menina. É um condomínio exclusivo nosso! Digo mais, foi uma grande graça de Deus que consegui realizar este sonho de morarmos todos vizinhos. Trabalhamos o dia todo juntos. Chegamos em casa, cada um se dirige para sua casa. À boca da noite, sentamos na calçada e vamos conversar, rir, brincar com os netos e só nos apartamos quando vamos nos deitar. Sinto-me uma pessoa abençoada e iluminada por Deus. Sofri muito em minha vida, passei necessidade e muito cedo comecei a trabalhar, porque meu pai sofreu um acidente e ficou paraplégico, impossibilitado de trabalhar. Nessa época morávamos no sítio. Então, fomos convidados para morar em Juazeiro, na casa de parentes. Para não nos sentirmos um peso, minha mãe me orientou para procurar um serviço e comecei a trabalhar. A coisa que me chamava a atenção era as placas luminosas das lojas, mas jamais pensei em me tornar um eletricista. Deus já tinha traçado a minha meta de vida. Junto com alguns colegas nos postávamos em frente da loja de material de construção e eletricidade, Aliança de Ouro, e ficávamos a espera de um chamado, não existia celular e o telefone fixo era muito caro, a forma de contato era assim. E foi dessa maniram que conquistei a clientela, gozo de ótimas referências e presto serviço a algumas empresas importantes de Juazeiro. Sou uma pessoa muito feliz e desejo para os meus filhos que sejam felizes também”. A família organizou uma microempresa a BCP, iniciais dos nomes Bibiu (nome do meu avô) , Cícero,(o meu nome)  Pedro e Paulo (os nomes dos meus filhos)..

Quando falei para Cícero que iria escrever sobre sua vida, ele ficou emocionado e agradeceu dizendo: ”Obrigado, porque lembrou de mim. Fico muito sensibilizado porque o exemplo de minha convivência com a minha família será apresentado para muitos se espelharem. Tudo deve ser com Deus em primeiro lugar e o amor no coração.  todos os obstáculos serão vencidos”.
 O pequeno condomínio familiar que Cícero construiu e onde mora com seus filhos
                                                  Cíceo e seus filhos curtindo as férias numa paia
                                             A família preparando material de trabalho

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Dr. João Tavares, um médico digno de homenagens

O dia 18 de outubro foi escolhido como “Dia do Médico” por ser o dia consagrado pela Igreja a São Lucas. Como se sabe, Lucas foi um dos quatro evangelistas do Novo Testamento. Seu evangelho é o terceiro em ordem cronológica; os dois que o precederam foram escritos pelos apóstolos Mateus e Marcos.
A escolha de São Lucas como patrono dos médicos nos países que professam o cristianismo é bem antiga. Eurico Branco Ribeiro, renomado professor de cirurgia e fundador do Sanatório São Lucas, em São Paulo, é autor de uma obra fundamental sobre o patrono dos médicos, em quatro volumes, totalizando 685 páginas, fruto de investigações pessoais e rica fonte de informações sobre São Lucas. Nesta obra, intitulada “Médico, pintor e santo”, o autor refere que, já em 1463, a Universidade de Pádua iniciava o ano letivo em 18 de outubro, em homenagem a São Lucas, proclamado patrono do “Colégio dos filósofos e dos médicos”.

A escolha de São Lucas como patrono dos médicos e do dia 18 de outubro como “Dia dos Médico”, é comum a muitos países, dentre os quais Portugal, França, Espanha, Itália, Bélgica, Polônia, Inglaterra, Argentina, Canadá e Estados Unidos.

Dr. João representa pra mim um excelente profissional da medicina, em especial como obstetra e ginecologista. Fui sua paciente em 1977, por acaso. Fiz o pré-natal do meu segundo filho com uma médica de nossa cidade, e quando senti os primeiros sintomas de que estava chegando o momento do parto, me dirigi ao Pronto Socorro e ela se encontrava de licença. Fui até a sua casa em busca de ajuda, de uma orientação, a resposta que recebi dela era que voltasse para o hospital e procurasse o médico de plantão. Fiquei desorientada e muito aflita, a enfermeira de plantão, Iracema, minha conhecida de longas datas, me acalmou e disse: “Agora mesmo vou examiná-la!”.  Examinou-me e viu que não tinha nenhuma dilatação. Mandou que voltasse pra casa e retornasse às 22h. Assim o fiz. Continuava na mesma. Então, ela chamou dr. João que por sinal estava atendendo uma paciente sua e veio me atender. Observou dr. João que o meu caso era mais urgente porque o bebê já estava sofrendo porque passava da hora.. Imediatamente ele convocou sua equipe para acompanhá-lo na cesárea. E graças a Deus e a dr. João meu filho, Daniel Junior nasceu sem nenhum problema apesar de ter que ser reanimado por aparelhos. E somos muito grato a ele por esse ato de humanidade e de salvador de vidas. 
Neste dia 18 de outubro de 2017, Dia do Médico, quero homenageá-lo e que esta homenagem seja extensiva a todos os médicos de nossa região que abraçaram com amor a  medicina e que fazem do seu ofício uma grande missão.

O texto a seguir foi escrito por Dona Teresinha Neves, sua esposa que atendeu ao meu pedido: 
João Tavares Neves nasceu no Sítio Barriguda, município de Porteiras, no dia 20 de janeiro de 1934. Fez o curso primário na cidade de Jardim; o curso ginasial no Colégio Salesiano São João Bosco em Juazeiro do Norte e o científico no Colégio Diocesano em Crato e no Colégio Carneiro Leão em Recife. Em Juazeiro foi um dos fundadores do Comissariado de Menores e do Centro Estudantil Juazeirense, sendo o orador oficial. No ano de 1957 prestou vestibular para Medicina na Universidade Federal de Pernambuco e foi aprovado em 13º lugar. No final do ano de 1962 concluiu o curso de medicina e a colação de grau aconteceu no dia oito de dezembro no famoso Teatro Santa Izabel. Especializou-se em ginecologia e obstetrícia na Maternidade Bandeira Filho em Recife. Residiu no Hospital São João da Escócia de 1961 a 1962 dando assistência a pacientes clínicos e pós-operados. Fez o curso de doutorado para o SAMDU (Serviço de assistência médica e domiciliar de urgência), onde trabalhou durante um ano no Posto de Saúde no Bairro da Estância em Recife. Juntamente com o dr. Lamartine Holanda fundou o Centro de Estudos Psicológicos e Psiquiátricos em Recife. Em 1963 passou a residir em Juazeiro do Norte, instalando seu consultório e obtendo êxito satisfatório. Em parceria com o dr. José Newton Gomes começou a trabalhar no Hospital e Maternidade São Lucas implantando o sistema de plantão de 24 horas. Trabalhou no referido hospital por 52 anos, no período de 1963 a outubro de 2015. Ainda no mesmo ano de 1963, foi indicado pelo cel. Humberto Bezerra, então prefeito de Juazeiro para assumir a direção do Serviço Cooperativo de Saúde, SESP, e a Secretaria de Saúde do Estado. Nessa época se destacou por comandar a campanha de imunização contra a varíola, quando imunizou 87% da população, eliminando assim a aludida peste que ocasionou vários óbitos. Ocupou também o cargo de Delegado de Saúde da 5ª Região. Foi cooperador do INAMPS. Em 1968 juntamente com os médicos José Newton Gomes, Odílio Camilo, Ailton Gomes e Gilson Sampaio fundou o Pronto Socorro de Juazeiro e a Clínica de Reabilitação e Fisioterapia (CREFJU). Com esta mesma equipe e mais os médicos Antônio Telles, Manoel Salviano, Margarida Callou, José Hildon Morais e o empresário Ivan Bezerra, criaram o Pronto Socorro Infantil do Cariri (PSIC).

Em 1989 recebeu pela Câmara Municipal de Juazeiro do Norte o título de cidadão juazeirense. Através de um parecer do vereador Raimundo Cabral Sales foi-lhe prestado uma homenagem nomeando uma avenida próxima do aeroporto. Recebeu também o título de cidadão Belmontense da cidade de São José do Belmonte, em Pernambuco.

No trato com seus clientes sempre foi extremamente humano, dedicado, caridoso e respeitador. Quando trazia ao mundo uma criança em um parto difícil chegava em casa vibrando com a vida salva. Não tinha receio ao enfrentar gravidez de risco, preparando-se com tudo que precisava para oferecer mais segurança a parturiente. Querido por suas pacientes, acadêmicos de medicina, funcionários e profissionais com os quais manteve contato. Abraçou a medicina por amor. Durante os 54 anos de profissão, que foi de janeiro de 1962 a maio de 2016, trouxe à vida a mais de 52.000 mil bebês, chegando a atender três gerações de uma mesma família.

É casado com Teresinha de Jesus dos Santos Tavares Neves há 52 anos. Dessa união nasceram 5 filhos, três homens e duas mulheres. Hoje a família aumentou contando com um genro, uma nora e cinco netos.

Neste ano de 2017 encontra-se em recuperação devido a uma queda sofrida em maio de 2016. Conta com a assistência integral de sua esposa e dos familiares que o cobrem de cuidado e de carinho intensamente e por isso sentem-se honrados em conviver na companhia de um homem extraordinário.   
 Dr. Hildegardes, Dr. Gilson, Dr. João, Dr. Ailton, Dr. Francisco Monteiro, Dr. Odílio, Dr. Balbino (Carnaval de 1968)
 Dr. João em atividade no centro cirúrgico
 Dr. João proferindo palestra sobre gravidez na adolescência
 Dr. João recebendo das mãos do Dr. Ailton  Gomes, na época prefeito de Juazeiro o diploma de Melhor Médico do ano de 1981
 Dr. João com Dona Teresinha em merecido descanso na fazenda Malhada Grande, São José do Belmonte, PE
 Dr. João, a filha Domane e e o neto Alison.
 Dr. João, Domane e dona Teresinha
                                                                         Dr. João e Sonale.
Thales, Dr. João, D`Annunzio, Geraldo (Iirmão) e Mundinha (cunhada)
Dr. João comemorando o aniversário do seu neto ALYSSON junto aos filhos: DOMANE, JUÁ e D' ANNUNZIO e sua cunhada EDITH.