segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

As recordações continuam da Rua São José tão querida por mim

Quarteirão que frequentei muito que ficava acima da minha casa por ter a residência de duas tias entre Rua Alencar Peixoto (antiga Rua São João) e Rua Cloves Beviláqua (antiga Rua dos Passos). Mamãe tinha o costume de pela manhã visitar suas irmãs e à noite elas infalivelmente vinham conversar com mamãe. A gente adorava a amizade das irmãs porque tínhamos um bom motivo para brincarmos enquanto elas se esbaldavam com suas palestras. Papai era muito severo com relação a nossa educação. Proibia que brincássemos na casa dos vizinhos. Porém, vez por outra ele permitia que brincássemos fora de casa com os primos e primas, na casa de titia Maroli e de titia Odete. Nessas idas e vindas neste trecho fui me familiarizando com os moradores. Aqui e acolá ouvia um pequeno comentário dos conhecidos de papai e de mamãe: “a filha de seu Lulu e de dona Zeneida já está se pondo mocinha”. Envergonhada soltava um risinho amarelo. Quando papai adoeceu, a nossa casa estava em reforma e ele teve que ficar hospedado na casa de titia Odete e de Zé Leornes. Durante esse período de tratamento ele recebia muitas visitas dos vizinhos e amigos do trecho da nossa casa e também dos vizinhos das minhas tias. Por esse motivo fiquei conhecendo ainda mais as pessoas desse quarteirão, entre os quais:
Seu Miguel, dono da bodega da esquina da Rua São José com Rua São João. Seu Miguel era um senhor baixinho, muito calmo, de voz lenta, atendia as crianças com bondade. Pai de muitos filhos, bem entroncadinhos. Muito interessante a escadinha dos filhos. 
Eliseu Bispo e dona Dela
Seu Eliseu Bispo e dona Dela, moradores da casa nº 793. Frequentei muito essa casa quando adolescente por ser amiga de sua filha, Nininha. 
Dílson Néri e Penha, moradores da casa nº 805. 




Chico Paladar e Cesarina
Seu Chico Paladar e dona Cesarina, moradores da casa nº 809. Ele um comerciante próspero e proprietário de uma empresa de ônibus. 






Iraci
Seu Olegário Lima e dona Mariquinha, moradores da casa nº 817, pais de Iraci. Quando conheci Iraci me chamou muito a atenção a sua altura, para os padrões da época era fora do normal. Quando fui pegar sua foto e algumas informações, ela confessou que já sentiu muito complexo por ser alta e magra, mas superou. Mora nesta mesma casa há 54 anos. 





Letícia Amaral
Seu Francisquinho e a professora Letícia Amaral. Professora abnegada que assumiu a sua missão de ensinar temperada com amor. Não aceitava que o aluno não aprendesse, insistia, insistia até conseguir o intento. Fui sua aluna na época de admissão ao ginásio. Para me submeter a esse vestibular passei um mês estudando com ela. Na casa que eles moraram, de nº 823, outros inquilinos que chegaram ainda moram:  Chiquinha, Tetê, Cícero e Geraldo. 


Chiquinha
Chiquinha é aposentada como funcionária pública, trabalhou muitos anos na Prefeitura, atualmente encontra-se numa cadeira de rodas. Mora com seu irmão, Geraldo; os outros já faleceram. 







Odete eZé Leornes 
Zé Leornes e titia Odete, a casa de nº 827, abrigou muitas esperanças e sonhos. Titia nos ensinava adivinhações na noite de São João, e era lá que fazíamos as brincadeiras com a sua ajuda. Lembro que na entrada de sua casa tinha um canteiro de flores, chamada Entrada de Jerusalém, tão linda na cor rosa e branca. Titia Odete muito engraçada implicava com os cabelos e gostava de enrolar papelotes para que ficassem encaracolados. Foi minha madrinha de Crisma. 
Seu Sinval, um alfaiate conhecido e dona Alice, sua esposa, vizinhos de titia. 
Branco e Elita
Valdeci e François, vizinhos de seu Sinval, casa nº 853. Valdeci pessoa simpática e muito alegre, costumava dar boas gargalhadas que estrondavam. Seu marido, viajava muito, acredito que era motorista ou viajante. Foram embora, e na casa em que moraram passou a residir o casal Seu Branco e dona Elita, sua filha, Joselita e a neta Socorrinha. Dona Elita visitava minha casa com frequência, era muito amiga de mamãe. 

Bidesa
Seu José e dona Bidesa, ele durante um bom tempo foi pintor de casa, passou depois a ser funcionário da Celca (Companhia de Eletricidade do Cariri). Dona Bidesa zelou durante 27 anos a Capela de Nossa Senhora do Socorro. Moraram durante muito tempo na casa de nº 857. Atualmente dona Bidesa reside na Rua José Marrocos, seu esposo já faleceu. 



Josino, Mariquinha e Nininha
Seu Josino Araruna e dona Mariquinha, moradores da casa de nº 871. Seu Josino, homem alto, tipo galã, andava muito arrumado, sua esposa, dona Mariquinha, dócil, simpática e amiga. A moradora dessa casa atualmente é Nininha Bispo
Maroly
Seu Branquinho e dona Naninha, moradores da casa nº 875. Pais de dona Dela, Maroly, Zezé e Sissi. Dona Naninha, a imagem que tenho dela é de que era baixinha, franzina, cabelo grisalho, repartido ao meio e feito um cocó com uma travessa. 






Mário Bem e Neli
Seu Mário Bem e dona Neli, moraram na casa de nº 895. Vieram da cidade de Jardim para que os filhos adquirissem uma formação educacional mais aperfeiçoada.  
Seu Francisco e dona Zefinha, (Josefa Macário), mãe de Neide, que trabalhou muitos anos como manicure no salão de Edna Figueirêdo  de Lifanco  que é músico e de Cida. Dona Zefinha era costureira. 
Júlio e Maria Barosa
Na casa de nº 909, eram os proprietários seu Júlio e dona Maria Barbosa. Casal muito religioso, devotos do Padre Cícero, por sinal ele frequentava a casa do Padre Cícero, porque seu pai amigo fiel do religioso recebeu um terreno para construir sua casa. Segundo sua filha, Lalís, dona Maria Barbosa, sentia grande prazer em receber os amigos para a renovação do Sagrado Coração de Jesus, era a única festa que fazia em sua casa. Ainda falou que seu pai, trabalhou na construção de Brasília. Júlia, sua outra filha, falou que dona Maria Barbosa foi uma das primeiras a vender confecções no Mercado Público de nossa cidade. 
Do lado par ou lado da sombra, depósitos e casas de seu Chico Paladar do nº 768 a 786. 
Leanor
Seu Antônio e Leanor, moradores da casa nº 806, ela filha de seu Chico Paladar. 









Valdo e Maroli
Titio Valdo e titia Maroli, casa nº 836. A casa muito grande saía até a Rua Santa Rosa. Do lado da casa devido o terreno ser muito grande titia Maroli cultivava um pomar, com laranjeira, coqueiro, figueira, goiabeira e bananeira. E a rocinha de feijão e milho que Beba junto com os meninos plantava, Fernando me lembrou. Era na realidade um pequeno sítio, dava até para brincar de esconde-esconde. Como tudo era bom. Tempos depois titio Valdo resolveu vender uma parte do terreno e foi nele que Gláucia Norões construiu sua casa, ficou com o nº 820. Vizinho à casa de titia Maroli morava uma senhora muito simpática, que tinha um número enorme de amigos, chamava-se Ten e seu marido tinha o apelido de Jacaré. Ten era uma figura bem excêntrica, calva, cabelos pintados de preto feito um coque e de altura baixa. Gostava de nos abastecer de bombons. 
João Lopes e Minervina
No lado da sua casa moravam seu João Lopes e dona Minervina, moradores da casa de nº 854. Pais de minhas amigas, Valdecy, Fátima e Lurdite. Seu João Lopes proprietário da loja de aviamentos, Casa das Rendas, localizada no Edifício M. Oliveira, na Rua São Pedro. Seu Zé Dantas e dona Terezinha. Dona Teresinha muito vaidosa, gostava de andar bem arrumada, pintada e de sandálias altíssimas. Seu Dantas, homem de visão futurística idealizou e abriu o primeiro mercantil no estilo de capital, com carrinhos, gôndolas e frios. Segundo Socorro Figueirêdo ele passou um período em Fortaleza estagiando no Mercantil São José,  adquirindo experiência para abrir a empresa. O nome escolhido foi Mercantil Fortaleza, uma espécie de homenagem. 
Izaura Lima, funcionária da Aliança de Ouro, casa de nº 868. 
Margarida
Ademar Mota e Margarida, ela filha de seu Argemiro Mota e de dona Clotilde, casa de nº 904. Na esquina de nº 914, funcionava uma bodega de propriedade de seu Zé Chapeado e de dona Mãezinha.
Procuro resgatar, caros leitores, de uma forma não tão precisa, pessoas que eu cumprimentava ou via nas andadas frequentes por esse trecho quando criança e até a idade adulta. Constatei que são poucos os moradores que continuam na mesma casa. Foi maravilhoso fazer esta viagem de um tempo que vivi. Estejam a vontade para acrescentar mais lembranças, aumentando assim o resgate de pessoas que fizeram e as que ainda estão fazendo a história.
Até breve, amigos! Desejo uma semana enriquecida com as bênçãos de Deus, nosso Pai.