domingo, 1 de julho de 2012

Bazar Solidário

 01..07.2012


É tão bom sonhar! É maravilhoso quando conseguimos atingir os nossos alvos, as nossas metas. Aprendi com minha mãe o gosto por decoração. Apreciar objetos decorativos e vistosos para que a casa ficasse bem arrumada, isso a deixava muito feliz. E quando via a casa toda encerada com cera Cachopa, pelo encerador João Pedro, o mosaico ficava brilhando, que podia ver o rosto. Tenho na lembrança as cadeiras de palhinhas que eram usadas na sala de visitas e todas elas vestidas no encosto com tecidos de linho ou algodão grosso, de cor branca e bordadas em ponto Richelieu, com as iniciais do casal. Um tempo depois, já com mais recurso financeiro comprou as poltronas de pernas de palito. Era um show! A sala de jantar toda trabalhada fabricada na Movelaria de seu Cipriano, a mesa com 6 cadeiras, a cristaleira e o bar, na cor escura. A cristalina repleta de taças de todos os tamanhos e na parte de cima um conjunto de louça para chopp, na cor escura, em tom envelhecido. Quadros pintados pregados na parede. Um tapete enorme na sala de visitas e outro na sala de jantar. Mamãe sempre acompanhava papai até Recife para fazer compras de peças decorativas para surtir a sua loja de móveis, localizada na Rua Alencar Peixoto. Papai confiava muito no gosto apurado que mamãe possuía para escolher os enfeites de decoração, de venda fácil. Era chegando a mercadoria, desencaixotando, expondo e já bem rápido eram vendidas. Mamãe também tinha uma veia fabulosa para criar, uma espécie de arquiteta. No quintal de nossa casa, ela construiu junto com  o mestre de obras, seu Pinheiro, uma bela pedra só para ornamentar, construída com tijolo, e ela com suas mãos, foi esculpindo com o cutelo, e vez por outra observava para ver se estava ficando idêntica ao formato da pedra que ela pescou a ideia da revista Casa e Jardim. E foi assim que a convivência com mamãe despertou em mim o desejo de ter um quarto só para mim. Na reforma da nossa casa, tive o privilégio de ter o meu quarto. Só meu! Enfeitava-o com pequenas bugingangas, como jarrinhos de louça, em cima do penteador, álbuns de fotografias, um porta-retrato que ganhei de minha madrinha, Stela, no dia do meu aniversário. Colocava em pequenos vasos rosas naturais que tirava do jardim de nossa casa. Fui crescendo e o gosto de ver coisas bonitas, de apreciá-las e a grande vontade de adquiri-las. Mas, como? Cadê o dinheiro para comprá-las. Ficava só na vontade, o sonho, porém persistia, um dia vai dar certo comprar. Após, minha formatura no magistério, consegui um emprego, com meu tio, Valdo Figueirêdo, nas Lojas Credilar. Beleza pura, ganhava o meu salário e fazia minhas compras. Quando noiva, já me preparando para casar, comprei conjuntos de taças, de copos e de jarras na Casa Morais, ainda tenho algumas peças. Outra loja onde costumava fazer compras, A Vencedora. Conjuntos de pratos de sobremesa de inox com a boleira; conjuntos de chá e café comprei-os na A Beira Fresca; em Marieta Decorações comprei xícaras, bule, leiteiras, tudo em porcelana. Os meus lustres de vidro soprado, também foi lá que comprei. O tempo passando e o acervo aumentando. Casada, querendo minha casa bem arrumada parti para a diversidade de objetos: louças, vidros coloridos, conjuntos de taças de várias cores, garrafões, travessas coloridas,  xícaras grandes e pequenas de vários formatos, pratos de várias cores. O exagero foi grande, confesso. E como armazenei todos estas ornamentações em 31 caixotes-plásticos tipo supermercado (que chamo de contêineres). Acontece, que foi um sonho realizado que me proporcionou imenso prazer. Como ficava orgulhosa quando familiares e amigas chegavam na minha casa e diziam: “Neuma, já mudou a decoração? Agora é tudo verde?” E a risada de satisfação corria frouxa. “O que está preparando para daqui a duas semanas? Que novidade você já pensou?” Durante anos e anos minha rotina foi essa, uma satisfação pessoal de renovar, de misturar cores, de envernizar meu ego com elogios. Mas tudo tem seu tempo, já usufrui demais dessa alegria, desse lazer. Agora se tornou uma insatisfação. A idade chegando, o cansaço, a indisposição. O que busco agora, é uma vida mais ligth, com menos afazeres e menos trabalho. E o que resolvi fazer para tirar de mim este peso, foi realizar um bazar da maior parte dos meus enfeites, um Bazar Solidário. As peças expostas à venda estão em perfeito estado de conservação, não apresentando manchas, rachaduras ou defeitos, e algumas sequer foram usadas.
O que for arrecadado com a venda será distribuído com três instituições: O Mosteiro de Nossa Senhora da Vitória, tendo como superiora Madre Aparecida para ajudar na construção da Igreja; o Albergue Sagrada Família, administrado pelo casal Carlinhos e Graça que abriga 56 idosos (homens e mulheres) e a Casa de Lazer do Ancião Feliz, criado por dona Francisca Benício e administrado por Zenilda Benício, abriga 24 velhinhos (homens e mulheres). Para colocar em prática essa minha ideia contei com o apoio de meu marido, minha cunhada Gilvânia Grangeiro Macêdo e Mano Grangeiro Tavares que traçaram  todo o ritual que será apresentado e exposto aos amigos. Atenderam prontamente ao meu chamado, Maria Cleone Gomes Ferreira e Sílvia Rejane Ferreira Pereira, avaliaram o preço para colocar nas peças. Minha comadre e amiga, Francisquinha Cordeiro, que me ajudou a concluir com mais rapidez o levantamento das peças. E ao meu filho, Daniel Junior, minha nora, Luana e Stela López, que codificaram e etiquetaram todas as peças. E por último, ao meu sobrinho Pedro Grangeiro Macêdo, publicitário que criou a logomarca do bazar. Registro também a disponibilidade de Suelan, de Suel Festas que se prontificou a me arranjar mesas, toalhas e o que mais fosse necessário para a exposição dos produtos. A abertura do bazar será às 15:00, do dia 14 de julho próximo, em minha residência, na Rua Santa Rosa, 776, Bairro do Socorro (Telefones de contato: 3511 0663; 8835 7956 ou 9942 7722). Espero ansiosa contar com a presença de familiares, amigos e amigos dos amigos. Que Deus abençoe este projeto que venho alimentando com tanto carinho, cobrindo-o de sucesso, porque assim ajudaremos bem mais a nossa causa, que é auxiliar as três instituições citadas.
                     Seja também solidário, abrace esta causa!
                                                                  Vânia, Mano, Pedro e Suelan
Francisquinha, Cleone, Sílvia Rejane, Stela, Luana e Daniel Junior

Alguns dos enfeites

 
 

Pedra esculpida por mamãe e os móveis comprados na movelaria de seu Cipriano

E-MAIL RECEBIDO  
Olá amiga!  Todo domingo veja a sua coluna. Postei um comentário sobre os seus "Mofados". Fiz com a ajuda de uma pessoa, mas pelo que pude ver domingo este agora, não deu certo, na hora de enviar novamente. Adorei todas as lembranças e principalmente a que se refere a "Pai Bel", esta me remeteu aos tempos em que ia estudar na casa de Socorro Romão e aí, minha amiga, foram tantas recordações... Um abraço e obrigada mais uma vez por fazer valer o bordão: "Recordar é Viver", e viver já com uma maturidade suficiente pra entender como foi importante este "passado", que até hoje é presente.
Socorro Aguiar, Rio de Janeiro, RJ