domingo, 26 de janeiro de 2014

Fantasias infantis que se tornaram realidade

Quando criança o meu comportamento era de uma criança medrosa, encabulada e que tinha o costume de me apegar às pessoas que trabalhavam na casa dos meus pais que causava até certo vexame. Lembro que muitas vezes chorei demasiadamente quando saíam para casar, uma delas, resolveu ser freira (como chorei) e outras porque não serviam para o serviço, que eram despachadas. Ficava dias borocochô como diz Célia Morais, triste pela ausência de pessoas que gostava, principalmente porque estava perdendo as contadoras de história de Trancoso que me faziam dormir relatando seus contos e fábulas. Acreditava que existiam princesas, reis, príncipes, sereias, mãe-d´água, pai da mata, tudo isso fazia parte do acervo de histórias que me contavam. Minha mente, então, fervilhava imaginando os palácios com torres imensas, palacetes, castelos, florestas, anões e bruxas. O tempo veloz afasta certos conceitos e valores que antigamente nos faziam tanto bem. As lembranças ficam guardadas, mas vez por outra nos reportam para o tempo de criança e num piscar de olhos o vendaval de emoções nos assolam. Nas minhas viagens por este Brasil afora na companhia de Daniel, descobrimos fatos e cenas engraçadas e algumas vezes interessantes. Nas viagens a Triunfo, Caruaru, Garanhuns passamos na cidade de São José do Belmonte, PE e ficamos curiosos quando vimos ao lado da rodovia, pela primeira vez, ainda em construção, um majestoso castelo. Ficamos intrigados, não paramos e seguimos viagem. Um tempo depois voltamos pela mesma estrada, o castelo já era avistado de longe, já estava quase concluído. Não paramos novamente, seguimos nosso destino. Um bom tempo passou e viajando por esse mesmo percurso, pedi para Daniel parar para que tirasse algumas fotos na frente do castelo. Em outubro do ano passado viajamos para Garanhuns fugindo do calor daqui que estava infernal e qual não foi nossa surpresa quando avistamos de longe o castelo com as portas abertas. Paramos, descemos do carro e entramos no castelo. O que tinha acontecido? O castelo era uma loja de variedades, segundo informações prestadas pelos vendedores a inauguração da loja acontecera no mês anterior, portanto no mês de setembro. Ficamos extasiados, olhando de um lado para o outro, para cima, e quanto mais admirados ficávamos mais surgiam detalhes. Pensei na hora, estou voltando ao meu tempo de criança das fadas e das cinderelas, dos anões e Branca de neve, de Rapunzel! Gente, fiquei tão feliz! Nesse exato momento estava realizando o sonho de conhecer um castelo, de me aventurar nele, de subir escadas e porões. Voltei à realidade, de repente. Faltava o rei, o príncipe e a princesa. Onde estão? Sumiram, evaporaram. Nada disso, o castelo abrigava uma loja “tem de tudo”. Perguntamos pelo proprietário e a resposta que obtivemos que ele tinha viajado para Recife. No início deste ano retornamos a Garanhuns, só que desta feita na companhia de Junior e Analuce (cunhado e irmã), para que eles conhecessem a cidade que é muito linda. Quando passamos em frente ao Castelo em São José de Belmonte, a cidade histórica da Pedra do reino, objetivo de um livro de Ariano Suassuna e que posteriormente transformou-se em um seriado da Globo, A pedra do reino encantado. Surpresa! A loja havia fechado, não atraiu muitos clientes e por isso fora fechada. Junior e Analuce, curiosos e maravilhados com o que viam,  também queriam fotografar e por isso descemos do carro. Quando nos aproximamos da porta principal ela estava entreaberta, pedimos licença, um senhor muito distinto, chamado Clécio de Novaes Barros, dono do local, nos atendeu e perguntou se queríamos conhecer o castelo. Claro que sim, respondemos. Perguntar a quem tem sede se quer água? Pasmem leitores, este senhor muito simples, é o proprietário do castelo. Ele simplesmente nos ciceroneou, mostrando tudo que havia nos três pavimentos do castelo, que ele disse se chamar Castelo Armorial, baseado no Movimento Armorial criado em 1970, por um grupo de artistas e intelectuais pernambucanos, liderados pelo escritor paraibano Ariano Suassuna.Também nos acompanhou o Sr. Ivaldo Guimarães, mais conhecido como Vadinho, diretor da Associação Cultural Pedra do Reino, sediada em São José do Belmonte, o qual nos prestou muitas informações sobre o lugar. Até então nós só conhecíamos do castelo os pavimentos onde estavam as mercadoria da loja. Agora nos deslumbramos com um novo cenário. Vimos, então, nas paredes, desenhos coloridos como se fossem bordados, luminárias gigantescas, estátuas, fotografias, bonecas enormes de barro. Porém o que mais nos impressionou foi a cidade cenográfica retratando o século XX nos anos 30, localizada no último pavimento. Que beleza, que criatividade.  Fotografei alguns dos cenários os quais são mostrados nas fotos abaixo. Faço, então, um convite, se você algum dia passar de carro pela cidade de São José de Belmonte, logo depois da cidade de Jati, veja do lado esquerdo da rodovia que dá acesso à BR 232 o castelo da Pedra do Reino ou Castelo Armorial e faça uma visita. É imperdível! E se você também passar pela cidade de Pesqueira, entre na cidade e não deixe de visitar outro lindo castelo que está em construção. Também estive lá e cliquei várias fotos as quais também são mostradas aqui. Visitei também o Castelo de João Capão em Garanhuns. Castelos de contos de fada existem, mesmo! E o Estado de Pernambuco é privilegiado, pois seus filhos se dedicam a criar e arrumar histórias e fantasias para todos nós.
Uma semana linda e abençoada por Deus.        
Fachada do Castelo de São José do Belmonte


Eu e o Sr. Clécio, dono do Castelo Armorial
Daniel, Clécio, Vadinho e sua esposa
 Abaixo algumas salas da cidade cenográfica















O castelo de Pesqueira

O castelo de João Capão em Garanhuns