terça-feira, 12 de julho de 2016

Lembrando pessoas do Mercado Central de quem fui freguesa

Durante anos e anos fui compradora de verduras, frutas e carne no tradicional Mercado Central, localizado na Rua São Paulo entre a Rua Alencar Peixoto e Santa Luzia. De minha casa, localizada na Rua Santa Rosa, até o mercado, ia para lá muito tranquila a pé, sem medo de ser assaltada porque nossa cidade naquela época era muito pacata, os bandidos ainda não a tinham descoberto, talvez. Depois, quando consegui a carteira de habilitação, resolvi ir de carro. Estacionava na Rua Alencar Peixoto e já me aguardava um garoto, chamado Cícero que pegava o meu balaio, me acompanhava nas compras e quando terminava, ele levava o balaio repleto de frutas e verduras até ao carro. E nesse tempo todo fui cliente fiel de muitos vendedores que me recebiam com alegria e muita gentileza. Como dona Joana e seu Manoelzinho, já falecidos, comprava banana. Eles colocavam as frutas na calçada bem próxima da Rua Santa Luzia. A Maria e Cícero comprava chuchu, batata, tomate, alface, sua banca ficava na calçada do açougue bem próxima da Rua Alencar Peixoto. Hoje vendem suas frutas e verduras em um prédio próximo ao mercado do peixe. Raimunda, já falecida, era vizinha da banca deles, comprava macaxeira e batata doce. Seu Severino, jerimum, cheiro verde, quiabo e maxixe, a banca ficava já bem próxima da Rua Santa Luzia, sua esposa Beatriz o ajudava, ela já é falecida. Ao seu Gago comprei muita banana comprida, laranja mimo do céu e inhame. Seu filho, Roberlan criança ainda o ajudava, hoje ele já assumiu o comércio do pai e me atendia na venda. Silda, laranja, maçã, tangerina, tomate, pimentão e mamão. Dona Anita e Edmilson, feijão verde e também comprava a Aparecida. Assunção, me vendia frango inteiro, outras vezes coxa, peito e me entregava bem limpinho, sem couro e cortado os pedaços. Neusa, batata doce, macaxeira. Juarez, pera, maçã, uva, beterraba, inhame. Abacaxi e laranja comprava a Zé Maia, ainda garoto, sua banca ficava em frente da entrada do mercado. Hoje continua vendendo frutas, em um prédio no meio do quarteirão da Rua São Paulo, entre a Rua Alencar Peixoto e Rua Santa Luzia, com mais variedade de frutas e também com cereais. Tapioca gostosa, até hoje não encontrei igual, comprava a Gilvan e a Williana na entrada do mercado. Ovos de galinha de capoeira comprava a dona Idalina, senhora simpática e muito atenciosa, sua banca fica no mercado do peixe. Nesse mesmo mercado comprei por muitos anos peixe a dona Toinha e a Maria, nas sextas-feiras. Escolhiam pra mim com muito cuidado um peixe fresquinho, depois limpavam com uma escova grossa e partiam as postas deixando da preferência do freguês, as duas já faleceram. Goma fresca comprava a Socorro que traz de sua cidade, Jamacaru; sua banca fica na esquina da Rua Santa Luzia com Rua São Paulo. Seu filho, José Hugo bem pequeno vinha com ela e na medida do possível a ajudava. Dona Eunice, comprava bolo de puba e de milho. Flores naturais, comprava à Maria, na Rua Santa Luzia com Rua São Paulo. A carne, comprava a seu Dedé, quando ele mudou para o Mercado Senhora Santana passei a comprar ao seu filho, Zé Filho. Hoje os dois possuem seus próprios frigoríficos na Rua Pio X, ao lado do Mercado Senhora Santana. A carne comprava para passar um mês, e com antecedência ligava para Zé Filho avisando que guardasse a carne de minha preferência que no sábado pegava. Leite de gado comprava a Eliane. Recordo a aflição que essas pessoas passaram com a mudança do mercado para o bairro Franciscanos, na Av. Airton Sena na administração de Dr. Santana. As bancas bem bonitinhas, arrumadas com uma numeração para melhor localizar, mas foi um desastre. Sem propaganda, muito distante para muitos compradores, o fracasso foi enorme e muitos perderam tudo. Depois de muito choro, de reclamações foi improvisado num prédio sem nenhuma estrutura para funcionar um mercado localizado na Rua São Paulo, entre a Rua da Conceição e Rua Santa Luzia, as bancas foram instaladas nesse local pela prefeitura enquanto construía um primeiro andar no prédio do mercado. Muitos vendedores se endividaram devido à precariedade do local que não acomodava bem as bancas, péssima iluminação e pouco espaço para os fregueses transitarem. A entrada muito estreita, dificuldade para entrar e transportar a mercadoria. Mais prejuízos para os feirantes. Quando foi inaugurado o novo mercado, era novidade e assim, muitas pessoas subiam a rampa e faziam suas compras. Com o tempo a inconveniência da subida foi afugentando os fregueses e com isso as bancas foram diminuindo, e hoje poucas funcionam. Muitos quebraram, outros alugaram pontos na Rua São Paulo e prosperaram. Outros, devido os prejuízos deixaram de vender. Atualmente faço minhas compras no sábado no mercado do Pirajá, fica mais próximo da minha atual residência, localizada no Novo Juazeiro. Manifesto através dessa minha escrita o meu afeto e as minhas orações às pessoas que durante muito tempo abasteceram meu lar com alimentos. Boa sorte para todos vocês!
Iconografia





 
Eu e Juarez