sexta-feira, 26 de julho de 2013

A arte de ser avó (avô)

No início de 2002, bem próximo de ser avó, descobri um artigo maravilhoso da imortal, Rachel de Queiroz, intitulado a arte de ser avó. Até então, não tinha sentido em minhas entranhas o sentido ou o verdadeiro sentimento de ser avó. Após a leitura, que me deixou fascinada, aguardei com um certo receio e ao mesmo tempo uma ansiedade gostosa de como agiria como avó. Ah! Gente, é fenomenal. É um sentimento de completa doação, de nos destituirmos de tudo que nos pertence para favorecer e beneficiar aquele serzinho que de repente surge e o embalamos no colo com cantigas de ninar para fazê-lo dormir. É uma sensação infinitamente indescritível, só quando você chega a ser avó é que sabe o que realmente nós que já somos avós sentimos.  

                                       A arte de ser avó (avô)  
              
Netos são como herança. Você ganha sem merecer. Sem ter feito nada para isso, de repente lhe caem do céu... É, como dizem os ingleses, "um ato de Deus". Sem se passarem as penas do amor, sem os compromissos do matrimônio, sem as dores da maternidade. E não se trata de um filho apenas suposto. O neto é, realmente, o sangue do seu sangue, filho do filho, mais filho que filho mesmo...

Cinquenta anos, cinquenta e cinco... Você sente, obscuramente, nos seus ossos, que o tempo passou mais depressa do que se esperava. Não lhe incomoda envelhecer, é claro. A velhice tem suas alegrias, as suas compensações: todos dizem isso, embora você, pessoalmente, ainda não as tenha descoberto, mas acredita. Todavia, também, obscuramente, também sentida nos seus ossos, às vezes lhe dá aquela nostalgia da mocidade. Não de amores com suas paixões: a doçura da meia idade não lhe exige essa efervescência. A saudade é de alguma coisa que você tinha e que lhe fugiu, sutilmente, 
junto com a mocidade.

Bracinhos de criança. O tumulto da presença infantil ao seu redor. Meu Deus, para onde foram as suas crianças? 

Naqueles adultos cheios de problemas que hoje são os filhos, que tem sogro e sogra, cônjuge, emprego, apartamento e prestações, você não encontra de modo algum as suas crianças perdidas. São homens e mulheres - não são mais aqueles que você recorda.

E então, um belo dia, sem que lhe fosse imposta nenhuma das agonias da gestação ou do parto, o doutor lhe coloca nos braços um bebê. Completamente grátis. Nisso é que está a maravilha.

Sem dores, sem choro, aquela criancinha da qual você morria de saudades, símbolo ou penhor da mocidade perdida. Pois aquela criancinha, longe de ser um estranho, é um filho seu que lhe é devolvido. 

E o espantoso é que todos lhe reconhecem o seu direito de o amar com extravagância. Ao contrário, lhe causaria espanto, decepção se você não o acolhesse com todo aquele amor recalcado que há anos se acumulava desdenhado no seu coração.

Sim, tenho a certeza de que a vida nos dos dá netos para nos compensar de todas as perdas trazidas pela velhice. São amores novos, profundos e felizes, que vem ocupar aquele lugar vazio, nostálgico, deixado pelos arroubos juvenis. 

E, quando você vai embalar o menino ao som de "passarinho como vai" ele, tonto de sono abre os olhinhos e diz : "vô", "vó" seu coração estala de felicidade, como pão no forno! " 


26 de julho, comemora-se o dia de são Joaquim e santa Ana, os avós de Jesus, e é por esse motivo que os avós são comemorados e homenageados neste dia. 
Um beijo no coração de todos os meus leitores e para os avós o beijo duplicado e o desejo de que curtam cada vez os seus queridos netos.

MENSAGEM RECEBIDA
Neuma, você e tão peculiar em suas atitudes, em suas palavras e em gestos e nas descrições minuciosas das coisas que sabe apreciar muito bem. Ao contemplar o ninho de passarinho na árvore do seu jardim e nas flores cultivadas com amor e que curte ainda através de fotos e que nos presenteia apresentando em sua Coluna. Obrigada amiga por tudo. Deus lhe abençoe!
Stela López, Barbalha,Ceará