domingo, 9 de setembro de 2012

Os cem anos de Dona Toinha Grangeiro

09.09.2012



Completar cem anos é uma dádiva maravilhosa de Deus, Nosso Pai. Dizemos sempre quando uma pessoa chega aos oitenta que ela é uma privilegiada, que tem vivido tanto tempo para alegria e conforto dos seus familiares. E para quem chega aos cem, o que podemos dizer? Que é uma pessoa felizarda, abençoada, protegida, e tem mais, o prazer pela vida a tem acompanhado, claro que Deus é o seu maior parceiro. Tive a felicidade de conhecer dona Toinha na casa de meu irmão, Aldo, que é casado com sua filha, Gilvânia. Logo que o filho deles nasceu,  costumávamos passar em sua casa para visitar meu sobrinho bebê, Pedro. Gostava de colocá-lo nos braços, de embalá-lo, porque esse gostinho de amor, do prazer de pegar em um nenê já ia muito longe, meus filhos já estavam na adolescência. E foi numa desses visitas que conheci dona Toinha. Amei a criatura, foi uma empatia instantânea. Conversamos, rimos, nos abraçamos e assim surgiu nossa amizade. Quando faleceu seu filho, Getúlio, cadê a coragem para visitá-la, me senti impotente para lhe prestar a minha solidariedade. Na missa de sétimo dia consegui a coragem necessária e a abracei comovida. Entretanto, o que vi diante de mim foi uma fortaleza. A fé inabalável em Deus não a deixou fraquejar mesmo com a perda de mais um filho e do amado esposo. Uma vez ou outra passava em sua casa para vê-la e também para constatar como estava reagindo. Novo choque, a perda do seu filho, Gil, seu filho caçula. O filho que lhe fazia companhia, junto com a Irmã Grangeiro. O mundo girou para ela dessa vez, ficou bastante abalada. Familiares, amigos e padres a visitavam para lhe confortar. A dor imensa, o choro queria consumi-la. A fé lhe revigora e toca a frente o barco. Novamente, receio visitá-la, o que dizer? Como confortá-la? Quais palavras devo usar? Descubro uma maneira bem sutil para disfarçar o meu constrangimento, levo de presente para ela, um ursinho de pelúcia na cor azul, em posição de joelhos dobrados, mãos postas e que recita o Pai Nosso. Com um pequeno pacote em embalagem de presente, vou a sua casa. Chego até ela e lhe dou um forte abraço, as lágrimas deslizam dos seus olhos, imediatamente coloco em suas mãos o pacote. Ela o abre,  ri e indaga surpresa: “Agora virei criança?” Respondo, “não dona Toinha, ele vai rezar com a senhora, é só apertar na barriga que ele reza”. E coloquei para que ela ouvisse. Notei que tinha gostado, e deu um pequeno sorriso. Algum tempo depois, fui visitá-la e que surpresa maravilhosa,   a encontrei trabalhando com fuxico. A tristeza aos poucos foi diminuindo e a disposição para ocupar o tempo chegou. Xales, almofadas, colchas tudo para presentear os filhos, netos e amigas. Fez tanto fuxico que enjoou, mas não queria ficar ociosa, não podia de forma alguma parar. Começa, então, a trabalhar com passa fita em toalhas de banho, de rosto e de mão. As toalhinhas de mão ela confeccionou uma média de quarenta somente para presentear, segundo informações de Vânia, e eu fui contemplada com esse presente. Dona Toinha tem como rotina dar uma dorminhoca gostosa após o almoço e, quando acorda fica assistindo TV e executando seus trabalhos que a entretém demais e gozando da companhia do seu fiel gato, amigo de longas datas, José. Ele fica pertinho dos seus pés ou na sua almofada, e vez por outra dá uma espreguiçada e ronrona, como se dissesse “eu estou aqui do seu lado, não esqueça de mim”. Já cansada de tanto ver toalhas em sua frente, procura outro meio de desenvolver suas habilidades. Que novidade surgiu para sua fértil criatividade? Ornamentar a capelinha de Mãe Rainha Três Vezes Admirável feita de madeira, e pregou lantejoulas de várias cores. Ficaram lindas! E lá se vão mais presentes, ganhei novamente essa preciosidade, guardo com muito carinho. Passei então, em sua casa para agradecer o presente e vejo que suas mãozinhas habilidosas continuam em atividade. Nova criação, uma mandala enfeitada com sianinha, lantejoulas e pregado no centro o Divino Espírito Santo. Muitas foram distribuídas com os familiares e amigos. A elogiei muito por essa perseverança em continuar trabalhando, ela riu e disse: “É isso mesmo minha filha, não posso ficar parada, me sinto mal”. Conversamos, quando ela chama Maria, sua secretária, e diz: “Traga um caldinho de feijão para Neuma, tá muito gostoso”. E diz pra mim: “Notei que você está muito magrinha”. Dei uma risada e uma desculpa para não aceitar, mas, ela insistiu e tomei o tão comentado caldo de feijão, ela tinha razão estava saborosíssimo. Ao me despedir, a abracei, beijei, elogiei os cabelinhos tão arrumados, quando  ela disse: “Velho já é feio e por cima descuidado,  com os cabelos desarrumados fica mais feio ainda”. Que presença de espírito e ainda a vaidade que possui. Já na saída, ela ainda diz: “Minha filha não vá agora, fique mais um pouco eu gosto muito quando você vem me visitar”. Fiquei envaidecida com o tratamento. Dona Toinha é uma pessoa que traduz ternura, afeto, com o jeitinho de aconchego, de transmissão de energia positiva. Próximo do seu aniversário, com os outros trabalhos já saturados e sem mais motivação foi colocado em suas mãos abençoadas, cadernos de desenhos para pintar. Ficou animada novamente. Seu semblante irradiou alegria e contentamento. E aí começou a colorir os desenhos e viu como num passe de mágica os seus desenhos criando vida. Redobra a atenção para não sair da linha, para que as cores combinem, até hoje não deixou sua índole de perfeição. Essa homenagem que presto a esta pessoa maravilhosa que admiro demais, caros leitores, serve de exemplo para muitos de nós que nos abatemos com as tribulações que nos atingem no nosso dia a dia e que às vezes obscurecem nossa fé em um Deus verdadeiro que nos ama muito e que nos acompanha em todos os instantes de nossa vida. O Deus que abençoa e protege dona Toinha, mulher guerreira, forte e que ama demais a vida, nos abençoe também. Palmas para ela, uma centenária com o jeito benfazejo de jovialidade.
Abaixo mostro fotos de alguns trabalhos de Dona toinha



MENSAGENS RECEBIDAS:
Obrigado por relembrar os pioneiros da classe odontológica em Juazeiro. Hoje o número aumentou e vai aumentar ainda mais com a quantidade exagerada de alunos da Faculdade Leão Sampaio. Nada contra o Curso, pois traz inovações, novos profissionais e o atendimento ao público carente. Mas, 200 alunos por turma vai acarretar um inchaço e trazer a má qualidade no atendimento.
Dr. Leonardo Celestino, Juazeiro do Norte, Ceará

Quando leio um artigo como este fico aqui pensando,COISA DE RICO, mas não, era coisa de gente que tinha cuidado. Frequentei todos eles, mesmo porque o Dr Balbino por tabela e amizade é quase primo, Dr Edival vizinho e o Dr Sátiro atendeu ao Juazeiro todo. Agora o melhor dentista e todos frequentavam era -A LINHA ZERO-era infalível. Joguei uns cinco dentes no telhado lá de casa.
Entre nós os homens esta prática gerou muitas brigas, pois era colocado a linha zero e de supetão -os dentistas Zé Balbino, irmão do Dr Antonio Balbino,ou o Jorge Luiz, irmão do Daniel puxavam sem avisar. Era briga certa, dez minutos depois só alegria, brincadeira e o aumento dos laços de amizade.
Por isso sempre falo-O SOCORRO NÃO ERA UM BAIRRO, ERA UMA FAMÍLIA.
Neuma, parabéns. .
Dr. Iderval Tenório, Salvador, BA


Acompanho diariamente o Jornal On Line de Juazeiro, e sua Coluna. Sempre com boas recordações dos meus tempos., na oportunidade, gostaria de lhe agradecer pela lembrança do nome do meu Pai, Luis Bezerra de Sousa, como um dos primeiros Dentistas da nossa Cidade.
Obrigado.
Alexandre Julio Gondim de Sousa, Iguatu, Ceará