sábado, 26 de dezembro de 2015

Comemorando 25 anos Albergue Sagrada Família

Carlos Alberto de Oliveira, Carlinhos, filho de seu Josias Tributino que foi proprietário de uma mercearia de cereais na Rua da Conceição esquina com Rua São Paulo, é o fundador do Albergue Sagrada Família que ontem comemorou seus 25 anos de existência em nossa cidade. 




História: como tudo começou 
Carlinhos ajudava seu pai no atendimento aos fregueses. Essa mercearia era o local onde as donas de casa abasteciam suas despensas. Nos dias atuais é o que chamamos de mercantil.  Minha mãe e suas irmãs, Maroli e Odete e a cunhada Suleta eram freguesas. Lembro bem que acompanhava  mamãe quando ia fazer a feira e não dispensava a caixa de lata quadrada de biscoitos sortidos da Pilar. Dentro da lata um papel amanteigado que cobria os biscoitos. Que festa em nossa casa quando a feira chegava trazendo os tão cobiçados biscoitos, quatro tipos: rosquinha de leite, de chocolate, maisena e maria. Cada um de nós (os seis filhos) tinha a sua predileção. E foi assim ainda criança que conheci Carlinhos e o seu pai. Como costumava participar de solenidades, de missas e procissões na igreja Matriz de Nossa Senhora das Dores, sempre os encontrava nessas ocasiões. Em 1990, Carlinhos vez por outra passava defronte a minha casa na Rua Santa Rosa. Admirava sua frequência nessa rua sabedora de sua residência no Bairro dos Franciscanos. Curiosa por natureza certo dia o indaguei:  “está pensando em morar por aqui? Rindo ele respondeu: “não é que estou preparando uma casa para abrigar velhinhos na Rua São Marcos”.  Algum tempo  depois soube que a casa já estava recebendo os hóspedes. Hospedou no início um só; pouco tempo depois entraram dois e os pedidos começaram a chegar de familiares para que Carlinhos aceitasse o pai, a mãe, uma tia, porque não tinham condições de cuidar deles. Subiu para nove hóspedes. Sempre na quinta-feira, noite da Hora da Graça da Paróquia Sagrado Coração de Jesus eles participavam porque o albergue ficava bem próxima da igreja e os velhinhos iam satisfeitos e contentes para esse passeio. Na época em que se comemorava as festas natalinas não lembro o ano, fui visitá-los. Levei alguns donativos e conversei um pouco com os velhinhos e surpreendi-me quando avistei  Maria (Bafafá), celibatária que fazia faxina nas casas, estava morando lá. Gostava de andar toda enfeitada com pulseiras, brincos, e vários colares pendurados no pescoço. Fez parte da nossa infância (irmãos e primos). Mas quando escutava de longe o grito de algum menino(a):  “Maria Bafafá come bolo e não me dá”, a raiva se estampava em seu rosto e o som dos palavrões eram ouvidos à distância. Quando a vi lembrei das nossas brincadeiras infantis que para nós não faziam mal nenhum por sermos crianças, porém para ela acredito como a maltratavam. Nessa minha visita entrei nos quartos e vi as camas todas forradinhas, os velhinhos sentados, alguns deitados. Na cozinha, dois potes grandes com uma toalhinha bordada chamou a minha atenção. Já estavam  morando nove idosos de ambos os sexos. Recentemente  estive no albergue para conversar com Carlinhos e saber dele a ideia de como surgiu de criar uma casa para cuidar de idosos.  A resposta foi a seguinte: “Em minhas caminhadas pelas periferias da cidade levando a Eucaristia para pessoas doentes em suas residências me deparava com casos de total desprezo, abandono mesmo dos familiares. Alguns até diziam: por amor de Deus me ajude! Essa lamentação me cortava o coração. A maioria das vezes chegava arrasado e desolado em minha casa me debulhando em lágrimas por não ter condições de resolver a situação. Continuava na minha peregrinação de ministro consagrado e a minha missão de levar para os necessitados o Pão da Vida. Fui em uma certa casa nem lembro mais o local, sei que era um salão de beleza, e a pessoa que me atendeu, filha da senhora que estava levando a Comunhão, me disse: “não tem ninguém acamado e não precisa do senhor aqui”. Como me doeu aquela resposta, pois sabia que a velhinha me aguardava. E assim foram muitas e muitas pessoas que me expulsavam de suas casas. O que fazer então, me perguntava! Preciso fazer alguma coisa, mas o que Senhor? Durante mais de um ano sofri o tormento de não saber o que fazer. A aflição me perseguia. O tempo passando e o meu sofrimento aumentando a cada dia. Então, estava acontecendo na Capela de São Vicente o tríduo ao Divino Espírito Santo. De joelhos dobrados implorei quase soluçando que Ele me desse uma luz, um sinal do que podia fazer. Levantei-me e imediatamente me veio à memória uma casa que tinha na Rua São Marcos, nº 241 e que estava alugada. Fui até lá e pedi a casa. A inquilina ficou assustada e me pediu que não fizesse isso com ela, pois gostava da casa e não queria fazer outra mudança. Respondi pra ela que precisava da casa para uma boa causa. E assim aconteceu. No dia 25 de dezembro de 1990 a casa ficou aberta e recebeu o primeiro hóspede. Nessa casa embora pequena hospedei  dezessete pessoas. Tive que parar por aí por não ter mais condições de receber nenhum mais. 
Soube depois que dr. Raimundo Macêdo possuía uma casa grande, uma chácara, na Av. Paulo Maia, e estava para alugar. Fui procurá-lo e pedi a preferência. As negociações foram feitas com dra. Maricelli, sua esposa,  e fiz a mudança. Recebi mais hóspedes, chegando a cinquenta e três. Lá fiquei por um bom tempo. Consegui a doação de um terreno da prefeitura para a construção da sede própria no Bairro Tiradentes, localizada na Rua Maria Diva Cardoso Lobo, 100. E graças ao Nosso Bom Deus conseguimos construir com muito esforço e muitas doações a nossa sede e hoje nesta data de alegria do nascimento do Nosso Salvador Jesus Cristo estamos comemorando os vinte e cinco anos da fundação do Albergue Sagrada Família, cantando vitória – GLÓRIA DEUS NAS ALTURAS E PAZ NA TERRA AOS HOMENS DE BOA VONTADE. Celebramos uma missa em ação de graças oficiada pelo frei Oliveira por todo fruto que esta obra já produziu e se Deus quiser quero expandir ainda mais com a ajuda de muitos benfeitores.
Seu trabalho Carlinhos e da sua família é maravilhoso. Que Deus cubra de bênçãos e de graças esta obra de doação ao próximo.
Para todos os leitores desta Coluna um Natal rico de graças e um espetacular 2016.