sábado, 24 de março de 2012

O ídolo, Artur Menezes

24.03.2012

Domingo, 18, no Diário do Nordeste, Caderno 3, p 5, vejo estampado a foto de Artur, com a seguinte manchete: Artur Menezes vai abrir shows do ídolo Buddy Guy no Brasil. O sucesso que o tem acompanhado neste Brasil afora e também no exterior tem nos deixado bastante orgulhosos. Digo assim, porque ele é filho do engenheiro juazeirense e também luthier Mestre Aldo Marcozzi. Ele já fabricou uma guitarra para Artur e para Eduardo (irmão de Artur) uma rabeca. Recentemente participou do II Ceará das Rabecas, ele é meu irmão. As lembranças surgem rapidamente com relação ao meu sobrinho. Do período que morou em Juazeiro, ano de 1989. Época em que veio de Fortaleza juntamente com seu irmão Eduardo, para ficar na companhia de seu pai durante o segundo semestre daquele ano. Estudou no Sossego da Mamãe (hoje Escola Sossego), cursando Alfabetização II. Vinha sempre brincar com os meus filhos, Michel e Daniel Junior. A idade dos primos diferenciava bastante da sua idade e por isso não era bem recebido nas brincadeiras. As brincadeiras eram mais com Eduardo,  por ter a idade mais próxima da dos meus filhos. Artur ficava irritado, aborrecido e às vezes até chorava porque não participava das brincadeiras, como campeonato de botão, de colher e tirar com a vara as frutinhas do pé de seriguela e também subir nele. Ficava bem emburrado e Dudu (nome carinhoso de Eduardo) procurava consolá-lo dizendo: “tenha paciência que vai chegar a sua vez”, nisso o abraçava com muito carinho. Agindo dessa maneira ele se conformava, deixava a ciumeira de lado e ia brincar com os seus bonequinhos de plástico, animais e carrinhos. A presença de Dudu era muito importante para ele nessa fase, ele sentia-se bem protegido. De longe gostava de ficar observando como Dudu tinha cuidado com ele. Voltaram para Fortaleza para ficar na companhia de sua mãe. E sempre nas férias escolares, de janeiro e de julho, a dupla vinha passá-las com o pai. Não deixavam de vir me visitar, para pedir minha bênção. E ai se não viessem, era um carão na certa. O aniversário de Artur é no mês de julho e sempre coincidia de ele passar aqui. Ligava logo cedo para parabenizá-lo e dizia: “passe aqui em casa, que tenho um presentinho para você”. Costumava colocar em um envelope uma pequena quantia em dinheiro, e quando ele chegava acompanhado de seu pai, de seu irmão caçula, Pedro e da esposa de seu pai, Vânia. Abraçava-o lhe desejando um feliz aniversário e entregava o envelope dizendo: “compre alguma coisa, ou lanche, sorvete, o que o dinheiro der, ele ria, agradecia e ficava a brincar com o irmão, enquanto Aldo e Vânia papeavam com a gente. Nessas ocasiões ele aproveitava também e ia até o quarto de Michel que já possuía uma guitarra e começava a mexer tentando tocar. Quando dedilhava nas cordas, a maneira de segurar a guitarra nos dava a impressão de que já sabia tocar, não era um mero intruso. O pai orgulhoso, dizia: “esse menino vai ser um bom músico, parece que já nasceu sabendo”. E assim, o tempo foi passando, e ele juntamente com seu irmão, Eduardo e outros companheiros criaram uma banda de rock, a Blues Label. Quando desfeita a banda, formou com outra turma, De blues em quando. Também a banda Led Zeppelin Cover, Hards Volts, Artur Menezes e os Caras, The Shakes (Chicago), Charlie Love (Chicago). Sua carreira solo tem atingido o ápice e hoje é considerado um dos principais instrumentistas do Brasil, segundo os especialistas. Passou uma temporada de dois meses em Chicago (EUA), onde tocou com John Primer, Buddy Guy, Brother John e outros. Participou várias vezes do Festival de Blues em Guaramiranga-CE, que acontece sempre no período de Carnaval. E também em Garanhuns-PE, no mesmo período. Em Juazeiro, já se apresentou no Centro Cultural Banco do Nordeste, no Auditório Patativa de Assaré, no Sesc. Deu uma canja, na loja Fonte Musical,  usando os instrumentos da loja para efeito de divulgação e de incrementação das vendas. Já fez várias turnês percorrendo o Nordeste, o Norte, São Paulo e Rio de Janeiro. Tem residências em São Paulo e em Fortaleza. No momento se encontra em Fortaleza. No início do mês de maio se apresentará aqui, em nossa cidade no Teatro do Sesc.  
Na memória fotográfica abaixo alguns momentos de Artur:
1, Artur é o da direita sentado no banco, ao seu lado está seu primo Luis. Em pé: Daniel Junior (E) e Eduardo (D). 2. Na residência do pai. Da E/D: Aldo, Artur, João (primo), Pedro (irmão) e Daniel Walker. 3. No apartamento da tia, Analuce, em Fortaleza junto com familiares. 5. Artur e minha neta Heloísa.


























1. Artur comigo em minha residência. 2. Na residência do pai com seus sobrinhos gêmeos Davi e Heitor , seu irmão Eduardo e a esposa deste, Ritemeia. 3. Artur, criança, ao lado pai na Capela de São Vicente em Juazeiro, por ocasião da missa de minhas bodas de prata. 4. Artur quando morava em Juazeiro.
http://www.arturmenezes.com.br/






E-MAIL RECEBIDO:

Tereza Neuma, 
Falar assim de maneira lúdica e de peito aberto sobre carregadores d'água nos lombos de burro (sem nem mesmo esquecer o nome do carregador), dos pãozeiros, dos tamancos de madeira usados pelos alunos, das lojas que alugavam bicicletas, das escolas de datilografias, dos leiteiros. E de tantas outras informações afetivas de uma época, tudo isso, no meu modo de entender tem um "certificado" de valorização indescritível. Desses valores que não se houve e não se vê em qualquer lugar do planeta. Mas, apenas pelas lentes da alma. Então, dessas memórias lindamente descritas, passadas por vezes inadvertidamente, é preciso reconhecer esse teor de tão gande importância, que nem mesmo os meios acadêmicos são capazes de absorver. Isso é humanidade. Lembrar o lado afetivo com tantas minúcias e amorosamente é reconhecer a memória de um povo, de um lugar. O nosso coração ainda pode se alegr ar de existir pessoas com essa capacidade de belas recordações, fazendo dessas mesmas recordações um sentimento de história de um povo. Parabéns Tereza Neuma pelo SIM de tantos registros geniais. E pelo NÃO de se omitir a narrar uma história que de fato existiu. 
Carlos Pontes 
Parnaíba-PI 

domingo, 18 de março de 2012

Maria Almeida, sogra, amiga e segunda mãe

18.03.2012

Muitos anos já se passaram do meu primeiro encontro com Dona Maria, foi no mês de maio. Daniel estudava em Recife e resolveu passar o "Dia das Mães" com ela, e para se encontrar comigo. Aproveitou a ocasião e me levou até sua casa para conhecê-la. Não tinha a menor ideia de como seria recebida, de como seria o nosso encontro, se seria do seu agrado ou não, ou então, de aceitação ou não. Mas, o inesperado aconteceu. Uma empatia surgiu imediatamente entre nós. O seu sorriso brejeiro me cativou e aquele  seu carinho na forma de abraçar foi como se estivesse me acolhendo, dando o sim para o nosso namoro.
O tempo foi passando e a cada visita que lhe fazia, a nossa amizade aumentava. Em sua casa fui sempre recebida com muito afeto, tinha sempre bolo para oferecer e um suco preparado na hora. Noivamos, e as lições e os ensinamentos que ela me dava eram absorvidos no sentido de procurar imitá-la para que a minha união com o seu filho fosse fecunda e duradoura como era a dela com seu Zeca.
Ah! Quanta sabedoria aquela mente soube transmitir para muita gente. Para os filhos, vizinhos, amigos, irmãos e para o seu grande amor. Esposa devotada, não se descuidava em nenhum momento dos cuidados para com seu Zeca. Os ternos brancos que ele usava para vender joias nas feiras de Crato, Barbalha e Missão Velha, ela confiava a uma especialista em passar roupa, o seu prazer era que ficassem impecáveis. Gostava de presenteá-lo com o perfume que ele mais apreciava, Promesa, e fazia questão de perfumá-lo. Todo esse carinho, eu gostava de observar. E dizia comigo mesma: tentarei fazer com Daniel o que dona Maria faz com seu Zeca.
Casamos, e os conselhos continuaram. Vez por outra necessitava de sua ajuda para fornecer o almoço, porque nunca fui de cozinhar. Tenho verdadeiro pavor de cozinha, e assim ela sempre quebrava meu galho para que Daniel não ficasse irritado. Sem esperar, descubro que estou grávida, e ela com suas mãos de fada bordou o enxoval do seu neto. Camisinhas de pagão, conjuntinhos com mangas, todo pregado no ponto paris. Como era caprichosa. A felicidade foi grande com o nascimento do seu primeiro neto, porque já tinha duas netinhas. No primeiro mês fiquei em sua casa, ela e Maria cuidando de Michel e de mim, porque o parto foi cesariano e tive algumas complicações. Banhos, acalentar, chá para cólicas, tudo isso ela se encarregava de fazer. Quando voltei pra casa todos os dias ela ia visitá-lo. Retornei à Faculdade, ela e Maria iam cuidar dele, enquanto Daniel e eu estávamos na Faculdade, em Crato. Foram sete meses de muita ajuda para que concluísse a faculdade. Incontáveis os momentos de que precisei dela. Engravidei outra vez e mais uma vez caprichou no enxoval, sua vista ainda era perfeita. As camisinhas lindas. Que lembranças! E a recomendação de que a primeira roupinha que tinha que vestir era amarela, ela dizia que era para dar sorte. Chegou a hora do nascimento Daniel ficou com Michel em casa, porque ele estava com quatro anos e foi ela que me acompanhou na maternidade. Naquela época o calçamento da rua que moramos era de pedra, e ela não gostava de vir em nossa casa para vê-lo. Nós tínhamos por dever levá-lo todos os dias para que ela ficasse um pouco com ele no colo, ou o levava para passear na Praça do Cinquentenário. Em nossos passei-os, festas de aniversários dos netos não podia faltar o trio: Seu Zeca, dona Maria e Maria. Nas comemorações do colégio que os netos estudavam, fazia questão de comparecer e como ia arrumada e também bem perfumada. A sua presença era um orgulho para nós. Recorria a mim para comprar suas roupas, fazer seu mercantil, levá-la para o médico, dentista. Gostava de passear pelo Shopping, visitar as lojas. Tinha uma especial predileção pelas Lojas Esplanada. Na companhia de Seu Zeca gostava de sentar na praça, conversar com amigos e vizinhos. Contar piadas, anedotas, esse era um comportamento que destoava um pouco da sua maneira pacífica, simples e modesta. Poucos conheceram esse seu lado humorístico.
 Com a morte de seu Zeca o prazer de viver foi sumindo, chorava muito, não tinha gosto de sair de casa. Ficava muito tempo deitada. Procurávamos sempre distraí-la, levando-a para a Palmeirinha, vila em que nasceu, ou então, para Caririaçu, ficava sentada no banco da praça apreciando a beleza das árvores, chupava balas, entrava na Igreja de São Pedro e fazia suas orações. Levávamos para a padaria da esquina e comprava as famosas broas que ela tanto apreciava. Como era bom!
E assim, de repente ela nos comunica que estava sentindo uma dor que a vinha lhe inco-modando. A levamos para o médico, foram feitos exames e nada de descobrir a causa da dor. Daniel comunicou a Carlos Alberto seu filho que mora em Fortaleza. Então, ele resolveu levá-la para Fortaleza porque a assistência era melhor devido o seu plano de saúde. Chegou acompanhado de sua esposa, Ozenir e rapidamente providenciaram a viagem  no sentido de lhe dar o melhor em termos de tratamento. Em Fortaleza permaneceu por 18 dias, médicos e mais médicos a examinaram, exames, tomografia, ultrassonografia, tudo que tinha do melhor na medicina. O que indicaram somente o tratamento prescrito para passar a dor. Carlos Alberto e Ozenir a trouxeram de volta e aqui ficaram de setembro até os seus últimos momentos. A assistência familiar, domiciliar e hospitalar foi tudo correto.
Para ela, essa pessoa exemplar, religiosa, acolhedora, sábia, amiga, brincalhona, conselheira, mãe amorosa, vó querida, todo o nosso amor.

E termino dizendo, o que Michel, seu neto, dizia sempre quando a visitava: cadê a mulher mais feliz do mundo? E ela rindo respondia: “Sou eu, sem nenhuma modéstia, pois tenho um marido amoroso, tenho filhos que me amam, netos que me admiram e noras maravilhosas. O que quero mais da vida!”


Nas fotos abaixo alguns momentos vividos por Dona Maria Almeida
1. Recebendo seu presente do Dia das Mães em 1999.  2. Recebendo seu presente de aniversário (82 anos). 3. Na comemoração do lançamento do livro do neto Michel, Fragmentos de insônia

1. Aniversário de 11 anos do neto Daniel Junior. 2.  Três anos do neto Daniel Junior, comemoração realizada na Escola Menino Jesus. 3. Aniversário de 7 anos do neto Michel. 4. O neto Michel recém-nascido em seu colo.



1.Presença no lançamento do livro Neuma, uma mulher de fibra e de fé, no Panorama Hotel. 2. Com Madre Aparecida, superiora do Mosteiro de Nossa Senhora da Vitória.  3. No  Cariri Shopping com a amiga Dona Junilha Morais. Também é vista na foto a filha de Dona Junílha, Odinília.

1.Na colação de grau em Engenharia de Produção do neto Daniel Junior, em 2001. 2. Na comemoração da diplomação como Doutoranda do ABC da bisneta Heloísa na Escola Sossego. 3. Num passeio à cidade de Caririaçu. 4. Na comemoração da diplomação como Doutoranda do ABC da bisneta Isadora. na Escola Sossego.

Recebemos da amiga Socorro Aguiar, juazeirense residente no Rio de Janeiro a seguinte mensagem:
Rio de Janeiro, 10 de março de 2012 
QUERIDOS AMIGOS: Daniel, Neuma, Carlos Alberto, Ozenir, “Maria”, enfim, TODOS, que como eu, pesarosamente vão agora juntos decifrar esta saudade. 
Quanto custa uma saudade?! Custa mesmo uma vida inteira, um “para sempre” ou até, muitas vezes, um doloroso “nunca mais”. Custa o vazio do encontro ou a desilusão da eterna busca em cima do que ficou pra trás ou do que nem foi vivido. 
 Lembro-me agora de algo escrito por Adolfo Casais em que ele diz: “A tua morte em mim é sempre nova em mim. Não amadurece. Não tem fim.” 
É como se ele quisesse me dizer: estarás vivo em mim enquanto eu viver. 
Pois assim é que, tenho certeza, edificaremos em nossos corações a doce lembrança de nossa querida, MARIA ALMEIDA, cujo testemunho de vida nos fez pensar sempre em como DEUS é soberano perante os que Nele acreditam. 
Bem aventurada foi ela que se conduziu a passos firmes quando tantas vezes a vida lhe fora amarga. Bem aventurada foi ela, zeladora impar do “seu perfil interior e exterior” tornando prazerosa toda convivência familiar. Insubstituível em suas responsabilidades do lar, contribuindo de forma justa para o engrandecimento da sociedade. 
Desde cedo, encontrou CRISTO, no seu mais íntimo e doloroso pranto, e, como tantas mulheres do Evangelho deixou-se iluminar por Ele, optando pela alegria de viver mesmo quando a regra era sofrer. 
Para mim particularmente, ficou o perfume doce de uma flor viva, cheia de encantos, delícias que cativamos juntas, como se tivéssemos a mesma idade, numa perfeita sincronicidade. Fomos felizes e eu muito mais, pela oportunidade deste convívio. Palestramos, trocamos ideias, contamos piadas com pureza d’alma e rimos enquanto pudemos e, em algumas vezes choramos juntas. Ouvi lindas histórias, me emocionei, enriqueci o meu viver. E agora, onde guardarei tantos tesouros!? 
Ai, chega! Tô cheia de saudades, ela sabia que seria assim. Neste primeiro momento são dados como certos, a perda e o irremediável “adeus”. Noutro amanhecer quem sabe, a gente se diga: “até breve”. 
Estou com vocês, partilhando com serenidade a ausência. Mas o alívio de sabê-la em PAZ nos dá o consolo que precisamos para seguir a caminhada. Isto também é para “Maria” a grande companheira. 
E pelo que ela semeou entre nós é que hoje faço esse depoimento para que vocês contem sempre com minha amizade sincera. 

Um beijo no coração de todos. 
Da amiga, 
Maria do Socorro Aguiar