No
sábado, véspera do Dias das Mães, comprei flores para colocar no jazigo dos
meus pais e me dirigi para a residência de dona Albertina, localizada em frente
ao nicho do Padre Cícero e vizinha à Casa dos Milagres. O meu objetivo era
encarregar Dasdores (Maria das Dores Veras Alves) de fazer uma limpeza no
túmulo e pôr as flores no domingo, homenageando minha mãe. Fiquei atônita e
paralisada ao encontrar Dasdores na porta entreaberta de sua casa. Ela mal
balbuciou algumas palavras; a voz puxada, rouca e muito baixinha. Disse-me que
estava muito doente, que o seu problema surgiu no mês de abril. De lá pra cá o
seu caminho era só em médicos e fazendo exames. Não podia se alimentar, a
garganta estava fechando. Mas não me preocupasse que Graça, sua irmã se
encarregaria de levar as flores no domingo. Voltando para casa comecei a
relembrar o meu conhecimento e a minha amizade com a família. Meu pai, Luiz
Pereira e Silva (seu Lulu) como era conhecido, faleceu em 1963. Um ano depois,
mamãe mandou construir o seu túmulo estilo capela, na parte nova do Cemitério
do Socorro, próximo do portão da entrada. Tomamos conhecimento que dona
Albertina, zelava, limpava os jazigos, então, mamãe contratou os seus serviços.
Durante muito tempo ela cuidou e zelou do túmulo de papai. Porém, a idade
começou a pesar, então, precisou da ajuda de sua filha, Maria das Dores, garota
ainda, para auxiliá-la. Muito esforçada aprendeu com muita rapidez o ofício
ensinado por sua mãe. Entretanto, aconteceu um fato lamentável com Dasdores que
a fez perder a lucidez. Seu casamento não foi feliz, ela foi abandonada pelo
marido e isso a deixou desorientada levando-a à loucura. Por um tempo perambulou pelas ruas
como uma desvalida. Finalmente se instalou no cemitério, dormia por lá. Não
queria saber da família, não queria conversa com as pessoas. Vivia totalmente
isolada. Um locutor de rádio a descobriu e gravou uma breve entrevista com ela.
Teve uma grande repercussão essa notícia, a população se alvoroçou e correu
para o cemitério para conhecê-la. Nada a abalava, estava totalmente alheia ao
mundo, à vida. Mas Deus, em sua infinita bondade, não desampara os seus filhos
e colocou no caminho de Dasdores um homem de bem, que ficou penalizado com a
sua situação e financiou um tratamento psiquiátrico para ela. Esse senhor,
chama-se Francisco Amorim da Silva, conhecido como Tico Amorim. Após o
tratamento Dasdores ficou normal e assumiu o trabalho que tanto gostava de
fazer. Com um balde na mão, uma vassoura e um chapéu enorme para se proteger do
sol escaldante se dirigia ao despontar do sol para o cemitério, toda contente e
feliz para limpar, aguar e varrer a morada dos falecidos. Presa à sua cintura
chaves, chaveiros dos túmulos que zelava. Pessoa de muita sensibilidade gosta
de ajudar às pessoas, participa de velórios, é rezadeira de Renovação do
Coração de Jesus nas residências. E não podia deixar de mencionar o exército de
gatos que a procuram todos os dias na Capela Mortuária ou dentro do próprio
cemitério. Gosta de participar de eventos, lançamentos de livros, shows
religiosos e esmera-se nos trajes. Na verdade gosta nestes momentos de ficar
bem arrumada. Que Jesus Misericordioso a cure da enfermidade que a acometeu.
Que o Padre Cícero e Nossa Senhora do Perpétuo Socorro intercedam a Deus pela
sua cura.
Amiga,
confie e se entregue totalmente nas mãos de Nosso Deus!
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