Domingo, 18, no Diário do Nordeste, Caderno 3, p 5, vejo estampado a foto de Artur, com a seguinte manchete: Artur Menezes vai abrir shows do ídolo Buddy Guy no Brasil. O sucesso que o tem acompanhado neste Brasil afora e também no exterior tem nos deixado bastante orgulhosos. Digo assim, porque ele é filho do engenheiro juazeirense e também luthier Mestre Aldo Marcozzi. Ele já fabricou uma guitarra para Artur e para Eduardo (irmão de Artur) uma rabeca. Recentemente participou do II Ceará das Rabecas, ele é meu irmão. As lembranças surgem rapidamente com relação ao meu sobrinho. Do período que morou em Juazeiro, ano de 1989. Época em que veio de Fortaleza juntamente com seu irmão Eduardo, para ficar na companhia de seu pai durante o segundo semestre daquele ano. Estudou no Sossego da Mamãe (hoje Escola Sossego), cursando Alfabetização II. Vinha sempre brincar com os meus filhos, Michel e Daniel Junior. A idade dos primos diferenciava bastante da sua idade e por isso não era bem recebido nas brincadeiras. As brincadeiras eram mais com Eduardo, por ter a idade mais próxima da dos meus filhos. Artur ficava irritado, aborrecido e às vezes até chorava porque não participava das brincadeiras, como campeonato de botão, de colher e tirar com a vara as frutinhas do pé de seriguela e também subir nele. Ficava bem emburrado e Dudu (nome carinhoso de Eduardo) procurava consolá-lo dizendo: “tenha paciência que vai chegar a sua vez”, nisso o abraçava com muito carinho. Agindo dessa maneira ele se conformava, deixava a ciumeira de lado e ia brincar com os seus bonequinhos de plástico, animais e carrinhos. A presença de Dudu era muito importante para ele nessa fase, ele sentia-se bem protegido. De longe gostava de ficar observando como Dudu tinha cuidado com ele. Voltaram para Fortaleza para ficar na companhia de sua mãe. E sempre nas férias escolares, de janeiro e de julho, a dupla vinha passá-las com o pai. Não deixavam de vir me visitar, para pedir minha bênção. E ai se não viessem, era um carão na certa. O aniversário de Artur é no mês de julho e sempre coincidia de ele passar aqui. Ligava logo cedo para parabenizá-lo e dizia: “passe aqui em casa, que tenho um presentinho para você”. Costumava colocar em um envelope uma pequena quantia em dinheiro, e quando ele chegava acompanhado de seu pai, de seu irmão caçula, Pedro e da esposa de seu pai, Vânia. Abraçava-o lhe desejando um feliz aniversário e entregava o envelope dizendo: “compre alguma coisa, ou lanche, sorvete, o que o dinheiro der, ele ria, agradecia e ficava a brincar com o irmão, enquanto Aldo e Vânia papeavam com a gente. Nessas ocasiões ele aproveitava também e ia até o quarto de Michel que já possuía uma guitarra e começava a mexer tentando tocar. Quando dedilhava nas cordas, a maneira de segurar a guitarra nos dava a impressão de que já sabia tocar, não era um mero intruso. O pai orgulhoso, dizia: “esse menino vai ser um bom músico, parece que já nasceu sabendo”. E assim, o tempo foi passando, e ele juntamente com seu irmão, Eduardo e outros companheiros criaram uma banda de rock, a Blues Label. Quando desfeita a banda, formou com outra turma, De blues em quando. Também a banda Led Zeppelin Cover, Hards Volts, Artur Menezes e os Caras, The Shakes (Chicago), Charlie Love (Chicago). Sua carreira solo tem atingido o ápice e hoje é considerado um dos principais instrumentistas do Brasil, segundo os especialistas. Passou uma temporada de dois meses em Chicago (EUA), onde tocou com John Primer, Buddy Guy, Brother John e outros. Participou várias vezes do Festival de Blues em Guaramiranga-CE, que acontece sempre no período de Carnaval. E também em Garanhuns-PE, no mesmo período. Em Juazeiro, já se apresentou no Centro Cultural Banco do Nordeste, no Auditório Patativa de Assaré, no Sesc. Deu uma canja, na loja Fonte Musical, usando os instrumentos da loja para efeito de divulgação e de incrementação das vendas. Já fez várias turnês percorrendo o Nordeste, o Norte, São Paulo e Rio de Janeiro. Tem residências em São Paulo e em Fortaleza. No momento se encontra em Fortaleza. No início do mês de maio se apresentará aqui, em nossa cidade no Teatro do Sesc.
Na memória fotográfica abaixo alguns momentos de Artur:
Na memória fotográfica abaixo alguns momentos de Artur:
1. Artur comigo em minha residência. 2. Na residência do pai com seus sobrinhos gêmeos Davi e Heitor , seu irmão Eduardo e a esposa deste, Ritemeia. 3. Artur, criança, ao lado pai na Capela de São Vicente em Juazeiro, por ocasião da missa de minhas bodas de prata. 4. Artur quando morava em Juazeiro. http://www.arturmenezes.com.br/ |
E-MAIL RECEBIDO:
Tereza Neuma,
Falar assim de maneira lúdica e de peito aberto sobre carregadores d'água nos lombos de burro (sem nem mesmo esquecer o nome do carregador), dos pãozeiros, dos tamancos de madeira usados pelos alunos, das lojas que alugavam bicicletas, das escolas de datilografias, dos leiteiros. E de tantas outras informações afetivas de uma época, tudo isso, no meu modo de entender tem um "certificado" de valorização indescritível. Desses valores que não se houve e não se vê em qualquer lugar do planeta. Mas, apenas pelas lentes da alma. Então, dessas memórias lindamente descritas, passadas por vezes inadvertidamente, é preciso reconhecer esse teor de tão gande importância, que nem mesmo os meios acadêmicos são capazes de absorver. Isso é humanidade. Lembrar o lado afetivo com tantas minúcias e amorosamente é reconhecer a memória de um povo, de um lugar. O nosso coração ainda pode se alegr ar de existir pessoas com essa capacidade de belas recordações, fazendo dessas mesmas recordações um sentimento de história de um povo. Parabéns Tereza Neuma pelo SIM de tantos registros geniais. E pelo NÃO de se omitir a narrar uma história que de fato existiu.
Carlos Pontes
Parnaíba-PI