domingo, 23 de dezembro de 2012

Bola de natal, coroa imperial, diadema real, todos esses nomes para uma só flor



A natureza é magnífica, um presente maravilhoso que Deus criou para nós. A beleza das flores me encanta e me contagia de alegria. Em meu quintal tenho um pequeno jarro com batatas da lindíssima planta Scadoxus multiflores, popularmente conhecida como bola de natal, coroa da imperatriz e vários outros nomes. Cada batata produz uma única flor no ano e ela permanece bonita de uma a duas semanas, depois vai fenecendo aos poucos. O tom coral dá lugar a um tom vinho e o viço desaparece, os pendões caem todos ficando somente a haste. Possuo esta planta há vários anos e cada ano ela me surpreende com mais flores. No primeiro ano que surgiram as flores, abriram três. No ano seguinte aumentou para cinco e este ano 10. A história dessa planta é muito interessante. Durante quase o ano todo só aparecem as folhas. As folhas são sustentadas por hastes grossas que chegam a medir de trinta a quarenta centímetros. Quando chega o mês de setembro as folhas começam a amarelar e apodrecem. O que resta da planta, somente as batatas, a impressão que nos dá é que ela vai morrer. Passa o mês de outubro e nada de novidade, a planta está totalmente nua, somente as batatas expostas. No mês de novembro surge de dentro das batatas uma pequena folhagem na cor verde com tons de laranja. E no mês de dezembro o prenúncio de que a flor vai abrir, é como se ela estivesse anunciando a chegada do Deus-Menino, que é tempo de renovar, de mudar para melhor e receber o Deus-Menino com pureza no coração. E é nesse clima, embalado pela magia do Natal que a bola de natal dá os primeiros sinais de que logo, logo vai surgir esplêndida e majestosa a primeira flor aberta. É um processo curioso e genial, desabrocha de pouquinho. Bem cedo costumo aguar minhas plantas e vejo surgindo uns pequenos pendões, à tarde olho e os pendões já estão mais abertos, e no outro dia, a flor abre totalmente, não só uma flor, mas minúsculas e inúmeras florezinhas. A magia de Deus é espetacular, escolhe o mês do seu nascimento para que sintamos o quanto ele é importante. O quanto ele nos ama. O quanto ele nos quer ver felizes. Assim, apreciadores de minha coluna, admirem o que a Scadoxus multiflores é capaz de fazer, irradiando beleza. Um Feliz Natal, rico de sonhos realizados!

 Mensagens recebidas sobre a coluna anterior:
Quando eu vou para a casa dos meus avós ajudar minha avó a ornamentar a árvore de natal, colocar as pilhas nos papais noeis e preparar a lapinha, eu me sinto muiiiiiiiiiiiiiiiiito feliz em participar e ajudar a minha vovó.
Heloísa López Garcia Marques

Quando eu sei que faltam poucos dias para eu ir para a casa dos meus avós para ajudar vovó Neuma a enfeitar a casa para o Natal, fico muito ansiosa, e quando chega o dia eu fico muito feliz, pois quando tudo fica pronto gosto de saber que ajudei na decoração.
Isadora López Garcia Marques

domingo, 16 de dezembro de 2012

Meu acervo de Natal


Lanço mão nesta semana que está bem próxima do Natal os meus enfeites natalinos. O presépio que é o centro de toda manifestação do Natal, a preparação para a chegada do Menino-Jesus; a árvore enfeitada com bolas coloridas e o famoso velhinho de barbas brancas e roupa vermelha (pasmem leitores amigos quando criança acreditava realmente que ele trazia os nossos presentes). Sou possuidora de várias manias e uma delas é colecionar objetos, como: pequenos baús, bonecas japonesas, bonecas de resina e imagens de Nossa Senhora. A coleção de papai noel musicado começou quando recebi de lembrança do 1º aniversário do meu afilhado João Arthur em dezembro de 1998. Achei encantador, ao ligar a chave o papai noel andava e balançava um sinhinho com uma mão e com a outra segurava uma vela. Nas costas o famoso saco de presentes. Coloquei-o logo junto da árvore de natal. No ano seguinte comprei uns dois que tocavam instrumentos. E assim a cada ano adquiria um ou mais. Hoje possuo 39 e cada um apresenta uma coisa diferente. Desde pequenininhas acostumei minhas queridas netas, Heloísa e Isadora a me ajudarem a arrumar a casa para o Natal, se tornou para nós tradição. E quando se aproxima o mês de dezembro, então, elas ficam inquietas e ansiosas e perguntam: “Vovó já está perto de você arrumar a casa para o Natal? Quando é o dia que a gente precisa vir para ajudar a montar o presépio e colocar as pilhas nos papais noeis? Quando informo o dia a gritaria é grande, pois já sabem que o dia será de muito divertimento e novidades. Vejamos o que tenho para apresentá-los e o meu desejo é que apreciem a matéria e se divirtam com a enxurrada de velhinhos traquinas. Quem quiser ver os videos dos meus Papais Noeis acesse os links abaixo:



Meu primeiro Papai Noel




  
 


domingo, 9 de dezembro de 2012

Os ourives e as ourivesarias de Juazeiro que já existiram e as que ainda existem


Caros leitores, no início da semana formalizo mentalmente o assunto que irei abordar, depois passo pelo crivo de Daniel Walker (meu esposo) que faz suas considerações. Falei que escreveria sobre os ourives e ourivesarias de Juazeiro, pois queria guardar a imagem fotográfica de oficinas e profissionais que atuam ainda no ramo de ouro. Pois bem, entrevistei e fotografei alguns ourives, oficinas, utensílios, móveis etc. Inicio a digitação. Pesquiso sobre o assunto para enriquecer mais a minha Coluna, eis que vejo que esse assunto já foi focalizado por nosso amigo Renato Casimiro em sua Coluna do dia 13 de outubro de 2011, cujo tema As Ourivesarias, encontro também Padre Cícero e a Ourivesaria, texto de José Marques da Silva (meu sogro). E agora? O que fazer? Daniel fala que já está bem comentado. Mas, e as pessoas com quem conversei, que fotografei e lhes falei que sairia no Portal de Juazeiro online, minha responsabilidade perante estes senhores. Resolvi, então, apesar desse assunto já está bem debatido, escrever. Na década de 50 e 60 o ponto forte em ramo de negócios de nossa cidade eram as ourivesarias. O pontapé inicial se deu por intermédio do Padre Cícero que estimulou os moradores da cidade a disponibilizar em sua residência uma pequena oficina para a fabricação de joias, informações obtidas de pessoas mais velhas que viveram próxima do Padre Cícero. Sabe-se que as ourivesarias já viveram tempos de apogeu em Juazeiro, com centenas de fábricas de médio e grande porte, empregando uma vasta rede de trabalhadores e artesãos. No quarteirão da Rua São Pedro, entre Conceição e Santa Luzia só se viam, joalharias e ourivesarias. Joalheria Diamante nº 602; Ourivesaria Santa Luzia nº 513; Ourivesaria São Luiz nº 501;  Ourivesaria Padre Cícero nº 460; Joalharia Paraibana nº 415; Ourivesaria São Pedro nº 488 etc. Era realmente uma fartura de lojas especializadas em joias. Mas, quem destronou o comércio de joias em Juazeiro, segundo o comerciante Geraldo Farias, proprietário da mais antiga joalharia, Joalharia São Geraldo, localizada na Rua São Pedro  foi a invasão de fábrica de folheados.  A primeira a se instalar em nossa cidade, foi a fábrica dos irmãos Neri (Severino, Antônio e José) a Cimel – Comércio e Indústria Metalúrgica Ltda., localizada na Rua São Paulo, 1900, no bairro Santa Tereza, conforme consta no livro Milagres e previsões do Padre Cícero, de autoria de José Marques da Silva. Outros comerciantes do setor atribuem à redução assustadora nesse ramo de negócios aos produtos importadas e à invasão de produtos de baixa qualidade. Hoje, o mercado de joias de fabricação artesanal resiste a duras penas, devido ao investimento de pessoas do ramo que adquiriram máquinas para a fabricação em larga escala, podem ser fabricadas num só dia 5.000 peças, ao passo que o ourives tradicional fabrica no dia uma ou duas peças. É impossível concorrer satisfatoriamente com essas fábricas, eles mesmo reconhecem. Entretanto, seu Antônio Gomes, proprietário da Ourivesaria Padre Cícero, localizada na Rua Edésio de Oliveira, 84, diz que não falta trabalho para ele e os seus operários. Pessoas que querem uma peça diferente, exclusiva, levam o desenho, ou escolhem de revista, e ele fabrica. Seu Antônio trabalha no ramo há mais de 40 anos e teve como primeiro patrão Sutério Inácio da Costa, com quem aprendeu a arte de ourives. Trabalha em sua oficina seu João Temóteo Pereira, em consertos e limpeza de joias. No ramo de oficina de joias trabalha desde 1975. Disse que gosta muito do que faz. Outra oficina da qual obtive informações pertence ao Sr. Antônio Gomes, que está no ramo de ourives desde 1957, e começou como aprendiz de polidor. Trabalhou em muitas ourivesarias, mas a que passou mais tempo foi na Ourivesaria Santo Agostinho, de propriedade de Antônio Agostinho de Lemos, localizada na São Pedro, 684. Passou depois a trabalhar por conta própria e hoje é dono do seu próprio negócio, a Ourivesaria Santo Antônio, na Rua São Cândido, 30. Seu Antônio é muito contente com o que faz. Sente-se orgulhoso e gratificado quando vê sair de suas mãos um anel, uma aliança, um cordão. Capricha no seu trabalho, não lhe permite imperfeição. Considera-se um dos ourives mais antigos, juntamente com José Rufino.
José Rufino começou no ramo de ourivesaria na oficina de Zé Bezerra Sobrinho, mais conhecido como Zé de Bezerrinha. Depois prosperou e montou sua própria oficina com o nome de Santa Rosa, a qual se localiza na Rua São Pedro, 170, estando no ramo há mais de 50 anos.
Um fato interessante, que seu Antônio Gomes contou: “Acabou o ouro que tinha para fabricar as peças, saí da oficina em direção à Capela do Socorro para pedir ajuda a meu Padim e depois me dirigi à Matriz de Nossa Senhora das Dores, com a mesma intenção, pois estava bastante desanimado. Voltando para o trabalho, encontro com Zacarias da Silva, que já mexia no ramo de joias, hoje proprietário da Criativa Joias, e ele me pergunta se tinha interesse em fabricar peças em prata. Respondi imediatamente um sim. Logo, ele trouxe o que precisava para tocar o negócio para frente. Assim nunca mais faltou trabalho para mim, graças a Deus”. Ele mencionou ourivesarias famosas que já existiram, Ourivesaria Dois Irmãos, de Ivo e Oswaldo Pita; Ourivesaria Padre Cícero, de João Menezes Filho; Ourivesaria Alves, de José Alves de Souza; Ourivesaria Dom Bosco, de Alfeu Guimarães; Ourivesaria São Luiz, de Luiz Gonçalves Pereira e Ourivesaria Santa Luzia, de José Pereira Neto. Falei para seu Antônio que meu pai, Luiz Pereira e Silva, (Lulu) no final dos anos 50 possuiu uma ourivesaria, na Rua Santa Luzia com Padre Cícero. Ele mencionou que foi operário do meu pai, nos dois locais, na oficina da Rua Santa Luzia e da Rua Alencar Peixoto. Disse que papai era muito humano e lembrou da comemoração do Natal em nossa residência, que papai ofereceu para todos os operários. Lembra que todos se sentiram a vontade e que elogiaram a maneira delicada e fraterna dos meus pais. O paradoxo que vemos hoje, a proliferação de tantas lojas de calçados, de confecções, de presentes tão luxuosas que embelezam nossa cidade levando-a a ter aspecto de capital e o ramo que a impulsionou a crescer, que já viveu momentos áureos, não tem o aparato e a sofisticação dos outros setores. Por que será?


Antônio Gomes. João Temóteo e José Rufino



Equipamentos de ourivesaria



MENSAGEM RECEBIDA SOBRE A COLUNA ANTERIOR
Confesso-lhe, Neuma, que a leitura do seu texto mexeu comigo. É que também tenho uma paixão: adoro pássaros, especialmente o curió, cuja etimologia esclarece que seu significado é "amigo do homem". As aves, como o cão e o gato, nos escravizam. Às vezes, renuncio a uma viagem de recreio por causa deles, quando não encontro que os trate com o mesmo carinho. Há um ano, desfiz-me do meu plantel de curiós, em virtude de uma mudança de residência. Foi um suplício para mim. Minha mulher negou-me piedade: "Não os levará; não há espaço para eles". Fiquei desolado.
 Durou pouco a forçada separação deles. Hoje, já recompus me plantel com menos aves, mesmo sem a inteira aprovação da dona da casa, minha mulher, que é um pouco indiferente à suavidade do canto do curió, achando-o perturbador algumas vezes.
 Seus animais de estimação morreram, contudo resiste no seu íntimo a afeição por bichos. Logo você estará novamente mimando-os e, em contrapartida, recebendo deles retribuição.
 Meus aplausos pelo belo texto.
Eduardo Matos, Fortaleza

domingo, 2 de dezembro de 2012

Meus bichinhos de estimação que já se foram


Em setembro de 1992 fui junto com Maria Duarte (Maria que morava com meus sogros) buscar na casa de seu Ézio e dona Vilani, moradores da Rua São José, bem próximo do Colégio Salesiano, um gatinho todo branquinho. Quando surgiu a vontade de ficar com ele? Participávamos (Daniel e eu) na casa desse casal de uma reunião do ECC, quando vejo um monte de gatinhos recém-nascidos, achei-os lindos, principalmente um todo branquinho, demonstrei interesse em adotá-lo, mas dona Vilani disse: “Estão muito novinhos, daqui a um mês você pode vir pegá-lo”. E assim o fiz. Quando o peguei, ele abriu os olhinhos, a coisa mais linda e bocejou. Que alegria, fiquei fascinada, foi amor à primeira vista. No caminho fui dizendo para Maria que o nome dele seria Milk por ser muito branquinho, da cor de leite. Ao chegar em casa coloquei-o no chão e fui preparar uma caixinha para acomodá-lo, entretanto ele zangou-se e começou a miar. Coloquei leite morninho e nada, não quis nem saber. E o miado continuou, Daniel chegou do passeio que sempre fazia aos sábados na companhia do saudoso amigo Mons. Murilo. Daniel inclinou-se até ao chão e lhe acariciou, ele ficou bem quietinho e parou de miar, o que ele queria mesmo era colo, estava sentindo a falta da mãe. Os miados continuaram por uns dois dias, depois ele foi se acostumando, colocava perto dele um cordão e ele tentava segurar, era uma graça. À medida que o tempo passava, o blanquinho, como gostava de chamá-lo ficava cada dia mais sabido. Ficava escondido debaixo das camas, se deixasse o armário aberto era certeza se meter por lá. Corria pelo quintal, pelo jardim, subia nas árvores, como me divertia muito com suas traquinagens. Michel, meu filho, muito matreiro, achou pouco a minha preocupação com o sapeca felino e trouxe uma cadelinha muito lindinha de apenas vinte e cinco dias, dizendo que deixasse ela dormir apenas nessa noite em minha casa. Kátia e Jairo, quase nossos vizinhos nessa época, sua cadelinha tinha parido três cachorrinhos; um o professor Edilson adotou-o e ficaram dois, um dos quais era a cachorrinha que Michel trouxe. Questionei imediatamente, não quis de forma alguma aceitá-la, mas ele insistiu tanto que cedi, foi aí a minha ruína. Em primeiro lugar Milk não gostou da ideia, ficou emburrado, só aparecia  para comer. No dia seguinte me preparei para devolvê-la, porém a cadelinha ficava cheirando meus pés, para onde eu ia ela me acompanhava, travessa, já sabia como me conquistar. Mesmo assim a disposição de entregá-la era certa. Michel chegou, e fui logo dizendo que já estava na hora de levá-la para seu dono, ele olhou para mim e disse: “Mãinha a senhora não gostou dela, ela é tão carente e fará companhia para Milk”. Respondi que não, ele não tinha acatado a ideia de ser passado para trás. Daniel olhou para a bichinha e disse: “Neuma, você não gostou dela? Eu vi você colocando-a no braço, isso é sinal de que ela lhe cativou! E soltou uma gostosa gargalhada, fazendo charminho para que a aceitasse. Fiquei num beco sem saída, dois contra um, Michel e Daniel, e para completar o olhar pidão da cadelinha que já balançava o rabinho toda contente para mim. Entreguei os pontos e resolvi adotá-la, Kátia e Jairo tinham colocado o nome de Brahma, diziam eles que quando ela começou a andar era como uma bebinha, tentava se segurar e pendia para um lado, quando se levantava pendia para o outro lado, então aceitamos o nome. Milk muito arredio não se aproximava dela, ficou todo ciumento e quando me via com ela, miava e se esfregava em minhas pernas. Após uns dois ou três dias a amizade entre eles começou, brincavam o dia todo. Ela pulava em cima dele, mordia e ele não revidava, era muito divertido vê-los brincando. Aconteceram dois episódios que nos emocionaram muito e que demonstrou o grande amor que Brahma tinha por mim. No dia do falecimento de mamãe, quando recebi a notícia fiquei inconsolável, chorando muito e ela ficou o tempo todo ao meu lado, e não deixava ninguém aproximar-se de mim, quando os amigos me abraçavam ela latia desesperada, só ela podia me consolar, querendo ficar no meu colo e o tempo todo a me lamber. O outro fato, sempre no sábado à tarde ficava sozinha em casa. Daniel ia para a casa de padre Murilo, Michel ia ensaiar com a banda e Daniel Junior saía, e aconteceu que fui retirar da estante uma caixa e quando puxo cai uma pedra redonda de mármore da mesinha do telefone, só em pensar ainda sinto a dor, grito e não consigo puxar o pé, ficou preso e a dor lancilante me fez gritar muito forte, a danadinha procura socorro e começa a latir, não aparece ninguém, ela corre até o jardim e volta para perto de mim. Consigo me levantar e me dirijo à geladeira para pegar gelo e colocar no dedo, sento, ponho o gelo e gemo de dor, o dedo ficou logo roxo. Ela percebe minha aflição e corre novamente para o jardim, e late, mas nada. Vem para perto de mim e quando Daniel chega, ela se anima, querendo dizer chegou o salvador, balança o rabinho e se acomoda. Tive que ir para o hospital e engessei o pé, quando cheguei ficou cheirando o gesso para me agradar. Quando adoeceu levei para sua veterinária dra. Wilna, ela fez exame de sangue e constatou que Brahma estava com diabetes, que tristeza. Perdeu peso, tomava o medicamento, mas com tempo foi definhando, definhando até que chegou o dia de levá-la para a clínica para que ela não voltasse mais. Fiquei arrasada, chorei por uns quinze dias, sentindo a falta da minha cachorrinha, tão mimada, ela dormia no nosso quarto numa rede-berço, toda enroladinha por causa do ar condicionado. Senti também sua falta no portão, quando ela escutava o barulho do carro vinha nos esperar. E do ciúme que sentiu de minha primeira neta, Heloísa, ficava toda cismada e latindo. E dos passeios de carro, gostava de ficar no meu colo com a cara na janela que as orelhinhas balançavam. E dos passeios pela rua pela manhã, quando chegava perto da gaveta que estava sua coleira já entendia e corria para o jardim e ficava me esperando. O deus nos acuda era no dia do banho, tinha que pegar o sabonete, a toalha, a escova, colocar a água na pia, sem que ela percebesse, pois se sentisse que era para banhá-la se escondia debaixo das camas e não queria sair de forma alguma. Dez anos gozamos da companhia sincera e amiga desse animal que sabe conquistar o seu dono. Milk continuou conosco por mais quatro anos, porém ele sentiu muito a falta de Brahma, ficava procurando nos quartos, na sala que ela gostava de ficar deitada, cheirando os locais que ela costumava ficar. Depois, foi se acostumando e viveu conformado por mais de três anos. A idade foi avançando e o apetite foi diminuindo, perdeu peso, passava a maior parte do tempo dormindo. Não brincava mais, não se animava como antigamente. Fizemos uma viagem e quando voltamos ele nem se levantou do lugar em que estava, estranhei e falei para Daniel: “Bem, Milk nem veio cheirar minhas pernas e nem sequer miou, acho que ele está doente!”. Realmente, no outro dia chamei o veterinário, ele veio até aqui em nossa casa, dr. Wendy Gonçalves, durante uma semana aplicou injeções, mudou a alimentação e nada dele responder ao tratamento, nem abria mais os olhos. Fiquei logo triste, dizendo para mim mesma, mais um amiguinho que vou perder. Combinei com Daniel, saí de casa e ele ligou para a clínica veterinária e o meu blanquinho saiu também da minha vida, deixando muitas lembranças e saudades. Lembranças que alimentei com fotografias e revivo tudo novamente quando a saudade aperta. Hoje, não quero mais nenhum animal, poupo-me de grandes tristezas e quero também curtir minhas viagens sem nenhuma preocupação.









segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Sacudindo a minha memória do meu tempo de criança


Na última romaria, a Romaria de Finados, resolvi ver de perto o comércio espalhado nas praças e nos arredores do Santuário de São Francisco, na Basílica Menor de Nossa Senhora das Dores, no Museu do Padre Cícero, localizado na Rua São José, e o que vi me deixou impressionada, a quantidade de vendedores, de artigos e objetos que minha vista ficou cansada de ficar virando o rosto para todos os lados. Então, saltou aos meus olhos um senhor de idade vendendo as pequenas sombrinhas de lã que fizeram parte das minhas brincadeiras de boneca. Não resisti e comprei duas para presentear minhas netas. Nessa hora, lembrei de uma senhora que as vendia de porta em porta, dentro de uma cestinha de arame, juntamente com peças feitas com papelão, palitos e papeis de seda coloridos com casa de abelha (colagem). Lindas! Quando ela batia em nossa porta, já tinha certeza que não saía sem vender. Bonecas de pano, pequenas e grandes, mas a beleza e o capricho das que vi deixa muito a desejar. As minhas bonecas eram bem feitas, tinham os cabelos compridos, feitos, acredito, de algodão com uma fita em volta da cabeça e o vestido feito de papel crepom (rosa, verde, amarelo, de duas cores etc) e as sandálias cruzadas por cima dos pés iguais à roupa. O corpo, de morim, na cor rosa. Já estava ficando cansada do calor causticante, porém, decidi enfrentar mais um pouco a multidão dos romeiros, as bancas instaladas em muitas direções e ruas no intuito de ver novidades ou então, coisas da minha infância. O que encontro numa banca de artesanato: o João pula pula, peteca, roi roi, vassouras e espanadores de agave, cestão de folha de palmeira e candeeiros pequeninos de flandres. Que coisa danada, o tempo de minha meninice volta instantaneamente! Lembro das minhas brincadeiras, dos folguedos com as minhas irmãs,  primas e amigas. Fotografei tudo para que a imagem ficasse guardada. Passo, então, na Rua São Pedro entre Conceição e Santa Luzia, e rememoro a Feira do sábado, nesse trecho. A memória do passado continua fervilhando, e recordo o seu João Doceiro (falecido em agosto passado), sua banca de quebra-queixo nos sabores coco, gergelim, amendoim e castanha. Doce em barras de leite, goiaba, banana, abacaxi e buriti. A sua figura típica com um boné e o sorriso nos lábios. Por um período sua banca funcionou em frente ao prédio que hoje funciona à Mart Center, depois passou para a outra esquina, onde hoje funciona a Farmácia Pague Menos. Naquele tempo, o quebra-queixo depois de cortado com a espátula era enrolado num quadradinho de papel  para que a pessoa o degustasse. Atualmente serve-se em pequenos sacos plásticos. Seu João Noé (João Doceiro) era natural de Caruaru-PE, veio criança para Juazeiro e aqui se radicou, tornando-se fervoroso devoto do Padre Cícero. Casou, nasceram os filhos e durante mais de seis décadas trabalhou  na feira livre de nossa cidade, no sábado, e na vizinha cidade do Crato, na segunda-feira. Nas romarias de nossa sempre esteve presente. Participou também por muitos anos das festas dos padroeiros de Canindé, Icó, Mombaça, Acopiara, Iguatu e Pedra Branca. Mas devido à idade ficou participando somente dos festejos de Nossa Senhora do Carmo, padroeira da cidade de Jucás-CE. Quando completou 50 anos de frequência à festa da padroeira foi homenageado com o título de Cidadão Jucaense, outorgado pela Câmara Municipal de Jucás, em 2006. Os moradores dessa cidade afirmam que além de vender seus doces, ele transformava a festa num período de alegria e entusiasmo. O prestígio de ‘João Noé’ era tão notável que a prefeitura de Jucás, há quase uma década, mandava buscá-lo e deixá-lo em Juazeiro do Norte, onde ele morava com a família. Para ele, participar da festa virou não apenas uma tradição, mas também um ato de fé e devoção. O ‘velho doceiro’ já faz parte da história da cidade e a ‘Festa do Carmo’, não seria a mesma sem a presença dele. (Informações colhidas no site: www.jornalapraça.com.br, texto de J. Guedes. Sua banca em Juazeiro agora funciona na Rua São Cândido com Leão XIII, agora com seu filho, Geraldo, que informou que ele faleceu no dia 16 de agosto deste ano. Uma pena, não tê-lo visto mais e fotografado.
Quando passava nas imediações da Ótica Bárbara e da Mart Center recordei de dona Maria Patrocínio e de sua sobrinha, Maria, que colocavam uma banca de miudezas em frente dessas lojas, quando existiu o Armazém Triunfo, do seu Aurino Mendonça. Durante muitos anos elas frequentaram a feira do sábado. Os artigos que sortiam essa banca eram linhas, agulhas, pentes, brilhantina, sabonetes, pastas, escovas, travessas para cabelo, aparelhos de barbear, bacias e pinceis de barbear  etc. Não esqueci a fisionomia delas e fui até a sua casa pedir uma foto para que as pessoas dessa época lembrem ou as guardem  na lembrança. Hoje dona Maria Patrocínio está com 86 anos e o peso dos anos a deixou com as pernas enfraquecidas, e quase não anda. Foi uma batalhadora, trabalhou também com um box no mercado vendendo raízes, chás, mel, Bálsamo da Vida. Mudou de ramo novamente e passou a fazer comida numa pequena quitanda na Matriz de Nossa Senhora das Dores. Sua comida, conforme me disse Maria, sua sobrinha era bastante apreciada pelos turistas e romeiros. E até há algum tempo eles a procuravam querendo sua comida. Maria comentou ainda que ela já possuiu casa própria, mas foi enganada por espertalhões e hoje moram em casa alugada. Senti pena, tanto que trabalhou e no final da vida morar de aluguel. Chamo isso de desventuras da vida. E nas lembranças que lhes trago, caros leitores, existe um pouco de tristeza e de alegria. Tristeza em ver uma pessoa debilitada como está e que trabalhou tanto e não possui casa própria. Alegria porque dona Maria, apesar de tudo, é feliz e satisfeita. Ela disse para mim e para sua sobrinha, com um sorriso nos lábios quando sua sobrinha falou da casa que ela tinha feito negócio e foi mal sucedida, “nós não estamos passando?”.  Deus a conserve resignada e conformada com a vida como ela demonstrou.
João Doceiro (Foto de J. Guedes)
Dona Maria Patrocínio e sua sobrinha, Maria
Bonecas de pano
João pula pula. Roi roi. Petecas

Casa de abelha. Sombrinha de lã
Utensílios diversos



domingo, 11 de novembro de 2012

Os clubes sociais que existem e os que já existiram em Juazeiro


Treze Atlético Clube - localizado na Av. Mons. Joviniano Barreto com a Rua do Salgadinho, hoje Rua Leandro Bezerra, próximo do Grupo Escolar Padre Cícero. O prédio acomodava vários salões e tinha na sua parte externa o formato arredondado com janelas basculantes com vitrais transparentes e a beirada com telhas contornando toda a área. Nele foram realizados carnavais vespertinos infantis e carnavais à noite para os adultos; tertúlia da Cebola, as mulheres é que tiravam os homens para dançar. Gostava de frequentá-la, como não sabia dançar ficava apreciando os dançarinos. Acontece que numa dessas tertúlias não me saí muito bem, crente que estava livre de convite para dançar, estava bem sentada quando sinto uma pancada no meu ombro e vejo na minha frente um rapaz me convidando para dançar, surpresa pelo convite e pela audácia dele, imediatamente dei um não bem taxativo, ele aborrecido me questionou perguntando: “porque você está aqui? Não devia ter vindo”. Respondi: “Acontece que só estou aqui porque a moça é que escolhe o cavalheiro e ponto final”. Tivemos também nesse clube a presença dominical de José Brasileiro, cantor juazeirense, que apresentava um programa ao vivo, show de calouros, com o acompanhamento do conjunto de João Martins, muito animado ocupava nossas tardes com muita alegria. O prédio do Treze sediou: 1) a 1ª Feira Industrial do Cariri, FIC, tendo como organizadores a Associação Comercial, e o seu presidente o senhor Aderson Borges de Carvalho, dessa mostra Juazeiro saiu famoso, muitas cidades tomaram conhecimento do seu potencial; 2) um curso de arte culinária patrocinado pela Walita 3) bailes de colação de grau das escolas. Passado importante, marcas que ficaram. Hoje no local é a Praça José Sarney, onde está instalada uma academia popular. Este clube tinha também a sede campestre, localizada na Av. Virgílio Távora, na estrada para o aeroporto numa área muito grande, com piscinas para crianças e para adultos; restaurante e muitas árvores. Quando meus filhos eram crianças costumávamos levá-los no domingo para tomar banho de piscina. Como era salutar. Foi palco de grandes festas como a Rosa do Ano, festa que acontecia no mês de maio, idealizada pela profª Zuila Morais; carnaval da saudade; jantares de confraternização do Lions Clube e do Rotary Clube. Hoje, o clube não funciona mais, o que vemos é um prédio todo deteriorado. Sinto desolação em ver esse local que já realizou eventos que marcaram época se encontrar abandonado. Depois o Treze foi desativado e foi arrendado, nos anos de 1985/86, pelo empresário João Oliveira que ali realizou diversos shows com artistas e conjuntos famosos, como, Renato e seus blue capes, Golden Boys, Quinteto Violado, Os Feveres, Luiz Gonzaga e Jorge de Altino, conforme informações prestadas por João Oliveira.   
Celca Clube - localizava-se na Av. Leão Sampaio e era mantido pela Companhia de Eletricidade do Cariri. Grandes eventos foram realizados nesse clube, como o Baile Preto e Branco, organizado pela Loja Maçônica Cavalheiros Spartanos, n° 85; a Escolhinha Menino Jesus, de propriedade de Socorro Maia, realizou algumas vezes a Festa do São João, com a quadrilha das crianças. Quando a Celca foi incorporada à Coelce o clube passou a se chamar Coelce Clube.
Clube dos Doze – localizado na Rua Conceição. Com a realização de vesperais e  tertúlias era um chamariz para a juventude, namoros começados, namoros terminados; encontros de amigos; ensaios de quadrilhas juninas; as festas de colação de grau da Escola Técnica do Comércio e também festas patrocinadas pelos sócios para arrecadar fundos e fazer melhoramentos. Existia um salão de sinuca, onde sacudia os entusiastas para competições. Hoje, no local funciona uma agência do Bradesco.
Clube da APUC, criado pelos profissionais universitários do Cariri para atender o grande número cada vez mais crescente de universitários com o intuito de proporcionar momentos de lazer e de encontros. Eventos juninos, shows e várias festas foram realizados nesse clube, ultimamente está quase desativado, localiza-se na Lagoa Seca.
Clube do BNB – era a área de lazer dos funcionários do Banco do Nordeste, localizava-se numa rua próxima à Pizzaria La Favorita. Tinha restaurante e piscina infantil e de adulto. No domingo era bastante procurado para diversão das crianças e durante a semana, o restaurante a la carte oferecia cardápio variado. Na área está sendo construído o Hotel Verde Green.
AABB – é o clube recreativo do Banco do Brasil,  ainda funciona nos domingos, acolhe crianças e adultos para o divertido banho de piscina. Nos seus salões já aconteceram carnavais memoráveis, com os foliões mascarados; a Festa das Debutantes; Desfiles de Moda; Baile Preto e Branco; Festas juninas das escolas particulares; Festas em comemoração ao Dia da Criança. Uma festa que trouxe muita empolgação organizada pela Escolhinha Menino Jesus, foi o desfile de personagens das histórias infantis, como: Pinóquio, Peter Pan, Emília, Chapeuzinho Vermelho, Visconde de Sabugosa etc. com banca julgadora e premiação. Foi muito bonita e que esse exemplo deveria ser seguido por outras escolas porque entusiasmam as crianças. É salutar porque já mexe com as suas habilidades e potencialidades. O que nos desanima é saber que o Juazeiro cresceu em progresso no comércio, nas instituições acadêmicas, nas indústrias calçadistas, mas não cresceu no lazer, os clubes que outrora trouxeram tantas emoções, divertimentos foram engolidos pela modernidade. E agora o que fazer? Somente trabalhar? Encontros só nos restaurantes e nas pizzarias, e as crianças o que podem fazer, somente se enfiar na internet, nas conversas no celular e adeus aos piqueniques e ao lazer com a família. Torço para que a nossa cidade cresça em todos os sentidos, para que nós, os juazeirenses nos sintamos felizes. 
OBSERVAÇÃO: Falei apenas dos clubes que eu conheci e frequentei.  

Apuc

Meninos se divertem na piscina do Treze, sede campestre
Festa infantil na AABB
Programa de auditório no Treze. A foto mostra o corpo de jurados
 formado por: Irma Iva, Francisco Rocha da Silva, Tereza Cristina
Menezes,  João Hilário, Antélvia Cândido e Daniel Walker. 
A cantora Ângela Maria no Show Vigorelli no Treze, sendo entrevista
pelo radialista Coelho Alves

Treze, sede social
Foto-lembrança de um dos bailes de carnaval realizados no Treze Atlético Juazeirense. Aqui vemos, da esquerda para a direita, os alegres foliões Socorro Militão, Orlando Bezerra, João Barbosa, Carlos Cruz e sua esposa Manina Cruz, e ainda mostra uma das maiores dançarinas que esta cidade já teve, Jacira Leite, que passava distraidamente e foi flagrada pelo fotógrafo. Atrás de Carlos Cruz ainda dá pra ver o Sr. José Gondim  Lóssio. Dessa turma faleceram: Orlando Bezerra, João Barbosa e José Gondim. 
João Oliveira


domingo, 4 de novembro de 2012

Santuário de São Francisco das Chagas


Meu pai, muito devoto de São Francisco, contava pra nós que assistiu ao lançamento da pedra fundamental do Santuário de São Francisco em Juazeiro, em 6 de janeiro de 1950 e também a sua inauguração, seis anos depois. No dia do lançamento da pedra fundamental, a euforia reinava em toda população juazeirense, dia de muitos festejos, de bandeirolas espalhadas no local, pois não havia mais dúvida da edificação do majestoso santuário em homenagem a São Francisco das Chagas, obra dos  frades capuchinhos. Naquele dia, após o lançamento da pedra fundamental, já era noite quando aconteceu uma tragédia que repercutiu por vários anos e obscureceu um pouco o evento, que foi o assassinato de Monsenhor Joviniano Barreto. Monsenhor Joviniano vigário da Paróquia de Nossa Senhora das Dores, padre íntegro, correto, fiel aos dogmas da igreja, foi assassinado barbaramente com uma facada desferida no seu coração por uma pessoa que, segundo foi informado na época, não possuía o juízo perfeito e cujo nome é José Pedro da Silva. Ele pediu ao Monsenhor que fizesse seu casamento com uma senhora que já era casada, e como ele se negou a atender seu pedido vingou-se tirando-lhe a vida. Nos domingos papai gostava de passear conosco quando éramos crianças e como não tinha opção de parques, de praças para brincarmos, ele nos levava para passear no Passeio das Almas, nos Franciscanos. Depois, era tradição visitar o santuário, olhar para o teto e procurar a estrela que tinha o nosso nome. Meus irmãos se distraíam sentando nos bancos, se escondendo nas colunas, mas o meu objetivo era encontrar a estrela que tinha o meu nome, o pescoço doía, mas continuava insistindo com a cabeça para cima, no entanto, a busca foi sempre inútil porque nunca encontrei e até hoje, quando participo da celebração da santa missa, ainda a procuro. Um pequeno esclarecimento para os leitores: as estrelas formam o forro da igreja, e essas estrelas na época da construção foram uma estratégia para arrecadar fundos para a obra. Quem comprava a estrela tinha o nome colocado, papai comprou oito estrelas. Por essa razão meus pais então, se aproximaram mais dos capuchinhos e em especial de frei Jesualdo, que se tornou grande amigo de nossa família, frequentando nossa casa como visitante e como conselheiro. Frei Jesualdo junto com frei Conrado e frei Virgílio  foram os missionários escolhidos como esmoleiros, os encarregados de conseguir rendas para a execução da obra, denominados depois como três autênticas colunas do Santuário. Frei Mirocles presidiu a construção do santuário, organizando movimentos para a obtenção dos meios financeiros e como era um perito entalhador confeccionou as portas do santuário e do convento. Foi o 1º Superior da Comunidade dos Capuchinhos. Frei Francisco, o artista forjador do santuário, em cujos ombros pesaram as responsabilidades maiores, da técnica e arquitetura. Ele não só dirigiu, como trabalhou no sol e na chuva, pelos andaimes da construção, carregando material, rebocando, medindo, instruindo e aconselhando. As informações contidas com relação à construção, frade superior, frades benfeitores, frade construtor, consegui no Suplemento Extraordinário de A voz de São Francisco em comemoração a solene inauguração do Santuário que faz parte do Arquivo do Portal de Juazeiro.                      
  Para um maior conhecimento dos meus leitores o santuário concluído gastou em mão de obra 560.000 horas de trabalho; 4.591 sacas de cimento; 10.500 quartas de cal; 49.088 quilos de ferro; 4.700 m3 de vidros; 3.050.000 de tijolos. Frente do santuário 110 mts; torre 50 mts; carrilhão formado com 8 sinos.  Uma excelente forma que encontraram para dar continuidade à construção foi colocando  à venda colunas, janelas, vitrais, portas etc. Apelaram também às cidades circunvizinhas e à população de nossa cidade com o seguinte pedido: “Fazemos um veemente apelo a todas as pessoas de boa vontade, amigos ou devotos de são Francisco, para que ajudem aos Capuchinhos e à população juazeirense a terminar o monumental santuário de São Francisco, comprando alguma parte dessa igreja em construção”. Receberam como doação tijolos, mosaicos, telhas, cimento, madeira etc.   É de admirar que mais de cinquenta anos depois da construção o forro (teto) continua em perfeito estado. As imagens que se encontram nos altares e a de são Francisco são todas feitas em madeira e vieram da Itália em navio. Umas das minhas maiores alegria foi participar da 1ª Eucaristia nesse santuário, em 8 de maio de 1958. Aquele tapete vermelho enorme  estendido da porta central até próximo do altar e as crianças de ambos os sexos, enfileiradas em par acompanhadas das suas catequistas, em busca dos seus lugares. Que cena maravilhosa, até hoje lembro de todos os detalhes e da sensação jubilosa de neocomungante. Outro fato acontecido comigo neste santuário, desta feita foi de muito medo. Aluna do Colégio Menezes Pimentel, cursando o 4º ano, a professora Socorro Duarte programou uma visita para que conhecêssemos o carrilhão da torre do Santuário. A turma de alunos não muito grande, de 15 a 18 alunos, quando comecei a subir as escadas o pavor tomou conta de mim, ao ver as cordas penduradas e o espaço muito pequeno para subir. Cadê a coragem? Quis desistir, mas dona Socorro muito enérgica disse: “Neuma, você vai subir, não vou deixá-la sozinha aqui embaixo. O coração palpitando até a goela e as pernas como geleia foi dessa forma que subi, no topo todos admirados observando a vista da cidade e eu encolhidinha, tremendo que só vara verde, não apreciei o passeio, para mim foi uma verdadeira tortura, hoje conto sem traumas, mas naquela época, criança ainda, o medo foi grande. Amigos que nos visitam, fazemos questão de mostrá-los essa preciosa joia da arquitetura em estilo romano. Temos imenso orgulho que os nossos amigos visitantes conheçam a lindeza dessa igreja. E em reconhecimento e gratidão por Juazeiro tê-los acolhido e atendido com prontidão aos seus apelos na construção do santuário, frei Virgílio, que participou da construção como esmoleiro, e por seu grande amor ao Juazeiro, idealizou e construiu um presente imponente e valiosíssimo por ocasião do seu Centenário de Juazeiro, que são as  artísticas estações da Via Sacra e os mistérios do Rosário da Santa Mãe de Deus, tendo como engenheiros da obra, Francisco Tadeu Coelho Bezerra e Felipe Neri Coelho. Cada quadro foi doado por pessoas amigas e por instituições. O calçamento em derredor das estações na Praça das Almas foi tudo obra sua, o empenho e o esforço foram grandes, mas valeu a pena deixar essa obra que perdurará por séculos. E é necessário que se diga foi uma das poucas obras que ficaram para lembrar o Centenário da Independência de Juazeiro. E viva frei Virgílio por deixar marcado com tão belo cenário a Praça das Almas! 
Quadro da Via Sacra e carrilhão


Interior do Santuário

Passeios das Almas

Vitrais e teto com estrelas com nomes dos benfeitores
Frei Francisco, Frei Mirocles, Frei Conrado, Frei Jesualdo e Frei Virgílio

Fotos históricas da construção do Santuário



Nesta foto, eu quando criança (8 anos)  acompanhada de
minha prima Lizieux e papai (Luiz Pereira e Silva em frente
ao Santuário de São Francisco


MENSAGENS RECEBIDAS SOBRE O TEMA DA COLUNA ANTERIOR
"O Ensino Normal é uma necessidade, pois não existe ninguém melhor do que a normalista para lidar com crianças em fase escolar." - Concordo com essa sua assertiva. Necessidade que abre lacuna pedagógico-didático-disciplinar."
Eurides Dantas, Juazeiro do Norte

Olá minha prima, boa tarde!
Fazia algum tempo que não lia seus artigos em sua coluna, e hoje resolvi fazer como Bial "dá uma espiadinha"... E de repente me deparo com as delícias de sua culinária e o nosso tão famoso pavê. Sem contar com os outros artigos sobre dona Amália, dona Valba e dona Nilmar. Como sempre, uma homenagem muito bonita e merecida. E o seu Baú então!... Esse parece que é sem fundo, desses de mágico, que não para de surgir coisas interessantes que ficaram em nossa memória. Adorei tudo!
Continue assim nos levando ao mundo do passado.
Um grande beijo,
Marleide Barbosa Guimarães, Fortaleza, Ceará

Nota da Colunista: Uma pequena informação para os nossos leitores com relação ao artigo sobre o fim do curso normal, Daniel em conversa com o professor Geraldo que já foi diretor desse estabelecimento, foi informado de que o Curso Normal do Moreira de Sousa está se acabando por falta de pessoas interessadas em se matricular. A procura diminui ano a ano, estando hoje com cerca de 30 e poucos alunos. Que pena!