domingo, 17 de dezembro de 2017

Comemoremos a Sagrada Família de Nazaré. Homenagem a uma família unida

Dezembro, mês do nascimento de Cristo, o nosso Salvador, que veio ao mundo para nos redimir do pecado, e também se comemora a festa da Sagrada Família, em data móvel, no domingo, após o Natal, ou, alternativamente, no dia 29 de novembro.

Esta celebração serve para que todas as famílias se lembrem da humilde Sagrada Família, que mudou o rumo da humanidade. Ela representa o gesto transcendente de Deus, que se acolheu numa família humana para ensinar o modo de ser feliz: amar o próximo como a nós mesmos.

A Sagrada Família é o modelo de todos os tempos. É exemplar para toda a sociedade, especialmente nos dias de hoje, tão atormentada por divórcios e separações de tantos casais, com filhos desajustados e todos infelizes. A família deve ser criada no amor, na compreensão, no diálogo, com consciência de que haverá momentos difíceis e crises formais. Só a certeza e a firmeza nos propósitos da união e a fé na bênção de Deus recebida no casamento fará tudo ser superado. Pedir esse sacramento à Igreja é uma decisão de grande responsabilidade, ainda maior nos novos tempos, onde tudo é passageiro, fútil e superficial. 

Valendo-me do momento que nos impulsiona a uma profunda reflexão, trago exemplos de famílias unidas que trabalharam em minha casa em algumas ocasiões e que me chamaram à atenção executando suas atividades.
O caso primeiro é do eletricista Cícero Antônio dos Santos, indicado pela Aliança de Ouro, e que há mais de vinte anos presta serviço de eletricista em nossa casa. Quando começou a nos atender trazia seus filhos garotos para ajudar. Eles carregavam a maleta de ferramentas, e auxiliavam na entrega do material necessário que o pai precisava. Os três nessa época andavam de bicicleta. Cícero em uma bicicleta e a maleta com os objetos do seu trabalho e os filhos noutra bicicleta. Entravam, acomodavam as bicicletas e começavam a trabalhar.   Ficava a observar a comunicação e a perfeita parceria entre eles. Atendiam prontamente no que o pai precisava. E, assim, o tempo foi passando, os garotos cresceram e seguiram os passos do pai. Sempre que Daniel precisava dos trabalhos de Cìcero, ligava e ele prontamente atendia. Curiosa que sou por natureza, me aproximava dos três e algumas vezes puxava uma breve conversa, servia uma merenda, água e os deixava  à vontade para trabalharem. Em um determinado dia não resisti e perguntei para Cícero: Vocês são sempre unidos, não discutem, não divergem às opiniões? 
Ele respondeu: “Para a senhora ter uma ideia, nunca discutimos; os meus filhos são muito obedientes e vivemos plenamente a harmonia e a união. Fiz todo o esforço e construí minha casa, depois bati uma laje e construí a casa para os meus três filhos, os dois meninos e a menina. É um condomínio exclusivo nosso! Digo mais, foi uma grande graça de Deus que consegui realizar este sonho de morarmos todos vizinhos. Trabalhamos o dia todo juntos. Chegamos em casa, cada um se dirige para sua casa. À boca da noite, sentamos na calçada e vamos conversar, rir, brincar com os netos e só nos apartamos quando vamos nos deitar. Sinto-me uma pessoa abençoada e iluminada por Deus. Sofri muito em minha vida, passei necessidade e muito cedo comecei a trabalhar, porque meu pai sofreu um acidente e ficou paraplégico, impossibilitado de trabalhar. Nessa época morávamos no sítio. Então, fomos convidados para morar em Juazeiro, na casa de parentes. Para não nos sentirmos um peso, minha mãe me orientou para procurar um serviço e comecei a trabalhar. A coisa que me chamava a atenção era as placas luminosas das lojas, mas jamais pensei em me tornar um eletricista. Deus já tinha traçado a minha meta de vida. Junto com alguns colegas nos postávamos em frente da loja de material de construção e eletricidade, Aliança de Ouro, e ficávamos a espera de um chamado, não existia celular e o telefone fixo era muito caro, a forma de contato era assim. E foi dessa maniram que conquistei a clientela, gozo de ótimas referências e presto serviço a algumas empresas importantes de Juazeiro. Sou uma pessoa muito feliz e desejo para os meus filhos que sejam felizes também”. A família organizou uma microempresa a BCP, iniciais dos nomes Bibiu (nome do meu avô) , Cícero,(o meu nome)  Pedro e Paulo (os nomes dos meus filhos)..

Quando falei para Cícero que iria escrever sobre sua vida, ele ficou emocionado e agradeceu dizendo: ”Obrigado, porque lembrou de mim. Fico muito sensibilizado porque o exemplo de minha convivência com a minha família será apresentado para muitos se espelharem. Tudo deve ser com Deus em primeiro lugar e o amor no coração.  todos os obstáculos serão vencidos”.
 O pequeno condomínio familiar que Cícero construiu e onde mora com seus filhos
                                                  Cíceo e seus filhos curtindo as férias numa paia
                                             A família preparando material de trabalho

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Dr. João Tavares, um médico digno de homenagens

O dia 18 de outubro foi escolhido como “Dia do Médico” por ser o dia consagrado pela Igreja a São Lucas. Como se sabe, Lucas foi um dos quatro evangelistas do Novo Testamento. Seu evangelho é o terceiro em ordem cronológica; os dois que o precederam foram escritos pelos apóstolos Mateus e Marcos.
A escolha de São Lucas como patrono dos médicos nos países que professam o cristianismo é bem antiga. Eurico Branco Ribeiro, renomado professor de cirurgia e fundador do Sanatório São Lucas, em São Paulo, é autor de uma obra fundamental sobre o patrono dos médicos, em quatro volumes, totalizando 685 páginas, fruto de investigações pessoais e rica fonte de informações sobre São Lucas. Nesta obra, intitulada “Médico, pintor e santo”, o autor refere que, já em 1463, a Universidade de Pádua iniciava o ano letivo em 18 de outubro, em homenagem a São Lucas, proclamado patrono do “Colégio dos filósofos e dos médicos”.

A escolha de São Lucas como patrono dos médicos e do dia 18 de outubro como “Dia dos Médico”, é comum a muitos países, dentre os quais Portugal, França, Espanha, Itália, Bélgica, Polônia, Inglaterra, Argentina, Canadá e Estados Unidos.

Dr. João representa pra mim um excelente profissional da medicina, em especial como obstetra e ginecologista. Fui sua paciente em 1977, por acaso. Fiz o pré-natal do meu segundo filho com uma médica de nossa cidade, e quando senti os primeiros sintomas de que estava chegando o momento do parto, me dirigi ao Pronto Socorro e ela se encontrava de licença. Fui até a sua casa em busca de ajuda, de uma orientação, a resposta que recebi dela era que voltasse para o hospital e procurasse o médico de plantão. Fiquei desorientada e muito aflita, a enfermeira de plantão, Iracema, minha conhecida de longas datas, me acalmou e disse: “Agora mesmo vou examiná-la!”.  Examinou-me e viu que não tinha nenhuma dilatação. Mandou que voltasse pra casa e retornasse às 22h. Assim o fiz. Continuava na mesma. Então, ela chamou dr. João que por sinal estava atendendo uma paciente sua e veio me atender. Observou dr. João que o meu caso era mais urgente porque o bebê já estava sofrendo porque passava da hora.. Imediatamente ele convocou sua equipe para acompanhá-lo na cesárea. E graças a Deus e a dr. João meu filho, Daniel Junior nasceu sem nenhum problema apesar de ter que ser reanimado por aparelhos. E somos muito grato a ele por esse ato de humanidade e de salvador de vidas. 
Neste dia 18 de outubro de 2017, Dia do Médico, quero homenageá-lo e que esta homenagem seja extensiva a todos os médicos de nossa região que abraçaram com amor a  medicina e que fazem do seu ofício uma grande missão.

O texto a seguir foi escrito por Dona Teresinha Neves, sua esposa que atendeu ao meu pedido: 
João Tavares Neves nasceu no Sítio Barriguda, município de Porteiras, no dia 20 de janeiro de 1934. Fez o curso primário na cidade de Jardim; o curso ginasial no Colégio Salesiano São João Bosco em Juazeiro do Norte e o científico no Colégio Diocesano em Crato e no Colégio Carneiro Leão em Recife. Em Juazeiro foi um dos fundadores do Comissariado de Menores e do Centro Estudantil Juazeirense, sendo o orador oficial. No ano de 1957 prestou vestibular para Medicina na Universidade Federal de Pernambuco e foi aprovado em 13º lugar. No final do ano de 1962 concluiu o curso de medicina e a colação de grau aconteceu no dia oito de dezembro no famoso Teatro Santa Izabel. Especializou-se em ginecologia e obstetrícia na Maternidade Bandeira Filho em Recife. Residiu no Hospital São João da Escócia de 1961 a 1962 dando assistência a pacientes clínicos e pós-operados. Fez o curso de doutorado para o SAMDU (Serviço de assistência médica e domiciliar de urgência), onde trabalhou durante um ano no Posto de Saúde no Bairro da Estância em Recife. Juntamente com o dr. Lamartine Holanda fundou o Centro de Estudos Psicológicos e Psiquiátricos em Recife. Em 1963 passou a residir em Juazeiro do Norte, instalando seu consultório e obtendo êxito satisfatório. Em parceria com o dr. José Newton Gomes começou a trabalhar no Hospital e Maternidade São Lucas implantando o sistema de plantão de 24 horas. Trabalhou no referido hospital por 52 anos, no período de 1963 a outubro de 2015. Ainda no mesmo ano de 1963, foi indicado pelo cel. Humberto Bezerra, então prefeito de Juazeiro para assumir a direção do Serviço Cooperativo de Saúde, SESP, e a Secretaria de Saúde do Estado. Nessa época se destacou por comandar a campanha de imunização contra a varíola, quando imunizou 87% da população, eliminando assim a aludida peste que ocasionou vários óbitos. Ocupou também o cargo de Delegado de Saúde da 5ª Região. Foi cooperador do INAMPS. Em 1968 juntamente com os médicos José Newton Gomes, Odílio Camilo, Ailton Gomes e Gilson Sampaio fundou o Pronto Socorro de Juazeiro e a Clínica de Reabilitação e Fisioterapia (CREFJU). Com esta mesma equipe e mais os médicos Antônio Telles, Manoel Salviano, Margarida Callou, José Hildon Morais e o empresário Ivan Bezerra, criaram o Pronto Socorro Infantil do Cariri (PSIC).

Em 1989 recebeu pela Câmara Municipal de Juazeiro do Norte o título de cidadão juazeirense. Através de um parecer do vereador Raimundo Cabral Sales foi-lhe prestado uma homenagem nomeando uma avenida próxima do aeroporto. Recebeu também o título de cidadão Belmontense da cidade de São José do Belmonte, em Pernambuco.

No trato com seus clientes sempre foi extremamente humano, dedicado, caridoso e respeitador. Quando trazia ao mundo uma criança em um parto difícil chegava em casa vibrando com a vida salva. Não tinha receio ao enfrentar gravidez de risco, preparando-se com tudo que precisava para oferecer mais segurança a parturiente. Querido por suas pacientes, acadêmicos de medicina, funcionários e profissionais com os quais manteve contato. Abraçou a medicina por amor. Durante os 54 anos de profissão, que foi de janeiro de 1962 a maio de 2016, trouxe à vida a mais de 52.000 mil bebês, chegando a atender três gerações de uma mesma família.

É casado com Teresinha de Jesus dos Santos Tavares Neves há 52 anos. Dessa união nasceram 5 filhos, três homens e duas mulheres. Hoje a família aumentou contando com um genro, uma nora e cinco netos.

Neste ano de 2017 encontra-se em recuperação devido a uma queda sofrida em maio de 2016. Conta com a assistência integral de sua esposa e dos familiares que o cobrem de cuidado e de carinho intensamente e por isso sentem-se honrados em conviver na companhia de um homem extraordinário.   
 Dr. Hildegardes, Dr. Gilson, Dr. João, Dr. Ailton, Dr. Francisco Monteiro, Dr. Odílio, Dr. Balbino (Carnaval de 1968)
 Dr. João em atividade no centro cirúrgico
 Dr. João proferindo palestra sobre gravidez na adolescência
 Dr. João recebendo das mãos do Dr. Ailton  Gomes, na época prefeito de Juazeiro o diploma de Melhor Médico do ano de 1981
 Dr. João com Dona Teresinha em merecido descanso na fazenda Malhada Grande, São José do Belmonte, PE
 Dr. João, a filha Domane e e o neto Alison.
 Dr. João, Domane e dona Teresinha
                                                                         Dr. João e Sonale.
Thales, Dr. João, D`Annunzio, Geraldo (Iirmão) e Mundinha (cunhada)
Dr. João comemorando o aniversário do seu neto ALYSSON junto aos filhos: DOMANE, JUÁ e D' ANNUNZIO e sua cunhada EDITH.

sábado, 14 de outubro de 2017

Festividades do Dia do Professor

A primeira comemoração de um dia efetivamente dedicado ao professor começou em São Paulo, em uma pequena escola que tinha o nome de Ginásio Caetano de Campos, na Rua Augusta. O longo período letivo do segundo semestre que ia de 1 de junho a 15 de dezembro, com apenas dez dias de férias em todo este período. motivou quatro professores a organizar um dia de parada para se evitar a estafa e seria também de congraçamento e análise de rumos para o restante do ano. O professor Salomão Becker sugeriu que o encontro se desse no dia de 15 de outubro, data em que, na sua cidade natal, Piracicaba, professores e alunos traziam doces de casa para uma pequena confraternização. A sugestão foi aceita e a comemoração teve presença maciça - inclusive dos pais. O discurso do professor Becker, além de ratificar a ideia de se manter na data um encontro anual, ficou famoso pela frase " Professor é profissão. Educador é missão". Com a participação dos professores Alfredo Gomes, Antônio Pereira e Claudino Busko, a ideia estava lançada.
A celebração, que se mostrou um sucesso, espalhou-se pela cidade e pelo país nos anos seguintes, até ser oficializada nacionalmente como feriado escolar pelo Decreto Federal 52.682, de 14 de outubro de 1963. O Decreto definia a essência e razão do feriado: "Para comemorar condignamente o Dia do Professor, os estabelecimentos de ensino farão promover solenidades, em que se enalteça a função do mestre na sociedade moderna, fazendo participar os alunos e as famílias".
A partir desse Decreto as escolas aos poucos foram aderindo às comemorações em homenagem ao professor. Figura importantíssima e necessária dentro de um estabelecimento de ensino.
Neste ano de 2017 o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia, Campus Juazeiro do Norte inovou com uma belíssima homenagem como preito de reconhecimento a 15 professores pelos relevantes serviços prestados a Educação do Cariri. A ideia partiu do professor Gagari Lima que sentiu a necessidade de levar ao público a gratidão que todos nós sentimos pelos nossos professores. São eles que nos levam a conseguir e galgar os nossos objetivos na profissão escolhida. 
Colocou a ideia para apreciação do Diretor Geral, Guilherme Brito de Lacerda, sendo aceita. A partir daí, com a aquiescência do Diretor reuniões foram marcadas para discussão dos nomes que seriam escolhidos. A decisão dos nomes foi colocada para apreciação e depois confirmada. O convite foi feito via telefone pelo professor Gagari, mentor da ideia. Em seguida foi entregue o convite pessoalmente pelos professores da entidade.  O professoro Gagari nos informou que em vinte e dois anos de existência do Instituto em nossa cidade este é o primeiro ano que se comemora o Dia do Professor com uma solenidade tão requintada e com a entrega de placa de Reconhecimento. Ele ainda nos disse que estes quinze professores homenageados representam os professores de toda Região do Cariri. Relação dos professores homenageados:

Basílio Silva Neto, Célia Maria e Silva Moraes, César Bandeira de Melo, Daniel Walker Almeida Marques, Edmilson Martins Lima, Francisca Quelma dos Santos, Francisca Teixeira Batista (Dona Teté), Francisco Mendes Amorim, Francisco Renato Sousa Danas, Geraldo Menezes Barbosa, José Orlando de Oliveira, Luciano das Neves Carvalho, Maria Socorro de Morais Martins, Monsenhor Ágio Augusto Moreira, Tereza Neuma de Macedo e Silva Marques e Zuleide Fernandes de Queiroz.
A solenidade aconteceu no dia seis de outubro às 19h no Auditório Kariris do IFCT. Na abertura contou com um Recital de Piano e Violino, a palavra do diretor-geral, em seguida a entrega das placas. No final da solenidade a seção de fotos.
Senti-me muito lisonjeada com a homenagem, até me surpreendi com a escolha. Entretanto, um fator preponderante para a minha escolha foi o período que estive à frente da Escola Dona Maria Amélia Bezerra ocupando o cargo de vice-diretora do turno noturno, um turno difícil de lidar. Durante dezenove anos, administrei com muita responsabilidade, pulso forte e muita coragem. Contei com professores, funcionários, vigias e diretores que me apoiaram. Cumpri minha missão com dignidade e até hoje os meus alunos (ex) me cumprimentam, me abraçam e recitam com alegria: “Esta é a minha eterna diretora”. Que sabor maravilhoso sinto, o sabor da gratidão
Agradeço a toda equipe do Instituto Federal por esta maravilhosa ideia e que tenha continuidade esse preito de reconhecimento.  



sábado, 30 de setembro de 2017

O meu adeus para Maria Duarte

Conheci Maria quando comecei a frequentar a casa de Daniel, como sua namorada. Ela para dona Maria era como se fosse da família. Chegou muito jovem para ajudar dona Maria nos cuidados com Jorge Luiz, o filho caçula que nasceu prematuro. E daí foi ficando, e conseguiu assumir outros afazeres domésticos. Não muito chegada à cozinha, o que fazia a pedido de dona Maria era o arroz. E olhe, algumas vezes deixava queimar. O que gostava de fazer mesmo era lavar os pratos, panelas e talheres, e enxugá-los, após o almoço. Domingo, dia de reunião da família, dona Maria preparava o almoço com muitas regalias e precisava de seu auxílio para cortar as batatas, para serem fritadas, especialidade da casa. Prato exigido sempre pelos convidados. Existiu entre dona Maria e Maria uma amizade muito grande, as duas se entendiam tão bem que faziam tudo para agradar cada uma a outra. Em certas ocasiões, dona Maria tomava o partido de Maria com relação a seu Zeca. A presença de Maria como guardiã dos meus filhos, Michel e Daniel Junior, foi imprescindível.  Sempre solícita, atendia sempre ao meu chamado em momentos de necessidade. Na época em que cursava faculdade, ela acompanhada de minha sogra, dona Maria, iam para minha casa ficar com Michel quando bebê. Todo santo dia tinham esta penitência de 2ª a 6ª feira, de cuidar dele. Ainda bem que não foi por muito tempo, apenas um semestre. Mas, essa missão ela fazia com muito prazer. Brincava, acalentava e dava até para cochilar. Tempo de dificuldades para nós, sempre contamos com sua ajuda. Daniel Junior, o nosso segundo filho, ela costumava passear com ele, levava para procissões e não deixava de lhe dar as guloseimas como algodão doce, pipoca, bombom. No nascimento das minhas netas, fez questão de ir logo visitá-las na companhia de seu Zeca e de dona Maria. Sofreu muito com a morte dos três filhos de seu Zeca e de dona Maria: Valter, Samuel e Jorge Luiz. Em todos os eventos da família esteve presente, como na comemoração dos 90 anos de seu Zeca, de dona Maria e no lançamento do livro Neuma, uma mulher de fibra e de fé, escrito por Daniel Walker. Com a morte de seu Zeca, esposo, parceiro, companheiro de dona Maria, as duas se uniram muito mais, uma dando força a outra. Fiel escudeira de dona Maria, dobrou os cuidados e afagos, os cafunés assistindo às novelas na televisão. E os gatos, quando adoeciam ou morriam, ela ficava dias sem comer, deixando dona Maria contrariada e preocupada. O jeito era arranjar o mais rápido possível outro gato para preencher o vazio. E quando dona Maria adoeceu, antes de completar um ano da morte de seu Zeca, ela chorava muito. Aflita e agoniada, procurava na oração, na recitação do terço e nas visitas à Capela do Socorro diante do Santíssimo, alívio para o sofrimento de dona Maria que sentia muitas dores. Durante oito meses, zelou e cuidou dela, junto com Nilde Marques. Com a morte de dona Maria, se sentiu desamparada, sem vontade de viver e não quis continuar na casa que a abrigou por mais de 50 anos. Pediu-nos que alugássemos uma casa, porque queria ter a sua própria casa. Fizemos o seu gosto, compramos o necessário para o seu conforto. Ficou durante dois anos e seis meses morando sozinha, e à noite contava com a companhia de Magdalene que dormia com ela. Sem ânimo, saudosa dos entes queridos que se foram, seu organismo foi se debilitando e doenças começaram a surgir, e muitas vezes teve de ser hospitalizada, recebendo toda assistência da Unimed por conta do plano que nós fizemos para ela, fazia muitos anos. Resolvemos, com a autorização dos seus dois sobrinhos, Cícero Josué e Francisco Josafá, colocá-la na Casa do Idoso, localizada na Rua Pedro Cruz Sampaio, bairro Juvêncio Santana. O administrador, Irmão Bernardo, a recebeu com um sorriso, segurou a sua mão e pediu que se acomodasse em sua sala para uma conversa. Falou do tratamento que o idoso recebia em sua casa, do lazer, da alimentação. Esclareceu todos os pormenores e deixou-a à vontade para conhecer a casa e depois resolver. E assim com a sua permissão, em 08 de agosto de 2014, dia do seu aniversário, a hospedamos nesse lar abençoado por Deus. Levamos um bolo confeitado, refrigerantes para comemorar o seu aniversário e a acolhida na casa. No início, estranhou a morada. Um dos motivos era porque gostava de passear, de andar sozinha nas ruas, igrejas e em uma dessas vezes foi atropelada. Lá na casa seria diferente, só podia sair acompanhada de alguém ou com a nossa autorização. Durante este período de mais de três fez amizades, e mesmo sendo chamada para almoçar em nossa casa, achava melhor ficar na casa com seus amigos. Muito bem tratada por Neuda, uma criatura de Deus maravilhosa que cuida e ajuda no que é possível na Casa ao lado do Irmão Bernardo e de Tomás, o enfermeiro e cuidador, que a auxiliava no horário dos seus medicamentos e quando surgia alguma necessidade extra. Sempre a visitávamos aos sábados quando assistíamos a missa juntos.  O importante de tudo isso é que ela foi feliz enquanto viveu, à sua maneira. 
Somos gratos aos familiares e amigos que estiveram presentes na vida de Maria, e às equipes médicas do Hospital de Fraturas, Clínica São José e Hospital do Coração que sempre nos atenderam com presteza e competência nos atendimentos feitos a Maria nos momentos de hospitalização. 
Maria, Deus é testemunha de que fizemos o que foi possível por você, e não poderia ser diferente para quem se dedicou e amou demasiadamente a família Marques. Muito obrigada, Maria. Que Deus lhe proporcione uma grande acolhida. No cemitério Anjo da Guarda você vai se encontrar com Seu Zeca e Dona Maria, e lá, todos juntos no jazigo da Família estão à disposição da vontade de  Deus, gozando as venturas do Reino Eterno, onde estão as almas bondosas. Descanse em paz!   
Tereza Neuma     
Memória fotográfica 














quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Mulheres que se destacam em suas aptidões

Dia de São Vicente de Paulo, 27 de setembro e também se comemora o Dia do Idoso. Reverencio neste dia pessoas maduras e que são exemplos para todos nós.

Cada pessoa traz consigo dons oferecidos por Deus que costumo chamar de dons preciosos. Estes dons preciosos nem sempre são bem aproveitados, sendo muitas vezes desperdiçados. Entretanto, os exemplos colocados a seguir demonstram como estas três pessoas, mulheres dinâmicas e vontadosas souberam aproveitar e usufruir das suas habilidades. 

Um exemplo que merece admiração é o de dona Salette Cruz, mulher virtuosa, temente a Deus e que traz consigo a bondade que espalha entre os irmãos. Foi aluna do Colégio das Doroteias em Fortaleza. Estudou em Salvador por um tempo e voltou para sua terra natal. Passou a estudar, então, no Colégio Santa Teresa, em Crato, não chegando a concluir seus estudos para casar-se com seu Leandro Bezerra. No Colégio Santa Teresa aprendeu nas aulas de Artes Manuais a arte do bordado a mão, saboreando esta habilidade que aprendeu e desenvolveu com muito capricho, servindo de orgulho para suas professoras. O seu vigor e entusiasmo a deixam rejuvenescida ao praticar a arte que tão bem sabe fazer, usando suas preciosas mãos que transformam riscos e rabiscos de flores, de ramagens em lindas peças bordadas.  Motivo de sobra tem para ser uma pessoa sempre alegre e feliz, demonstrando a todos que sente um grande prazer em viver. O seu tempo não é ocioso, ela o ocupa bordando toalhinhas de bandeja para presentear familiares e amigos. Seu filho, Dr. José Arnon quando Deputado Federal, levava em sua bagagem muitas sacolas com embalagens exclusivas para presentear as esposas dos políticos em Brasília. E dona Salette não perde tempo, é sempre produzindo, apesar do tempo de sua existência já vivido, este mês completou 90 anos. É uma riqueza maravilhosa de Deus chegar a esta idade com disposição, lucidez e ainda mais, com vontade de praticar sua arte com tanto amor fazendo o que lhe dar prazer. É um desafio para os jovens este modelo de mulher, mãe, avó, bisavó que não se acomodou e que vislumbra e acompanha com muita sabedoria as grandezas encontradas no seu caminho semeadas por Deus.



Dona Enedina Damasceno Martins, moradora da Rua São Francisco, próxima do extinto Ginásio Municipal Antônio Xavier de Oliveira. Senhora modesta, avessa a badalações e exposições, a bem da verdade mulher excessivamente recatada. Descobri-a por acaso. Sua irmã, Irenilce amiga nossa, nora de dona Maria de Beato, veio à nossa casa em busca do livro da Praça Padre Cícero, antes mesmo do lançamento. Estranho, não é? Antes mesmo de ser exposto à venda. O motivo muito justo para esta irmã que faz o possível para atender ao pedido de sua irmã que é motivo de orgulho para todos da família: o seu gosto e hábito pela leitura. Hábito que nos dias atuais é praticamente impossível de encontrar. Ler, absorver, interpretar e apreciar são hábitos louváveis e precisam ser divulgados. Dona Enedina, com a idade de 83 anos, se deleita com os livros. Fiquei bastante curiosa para conhecê-la, mas fui logo informada por Irenilce que ela não gostava de aparecer, pois é muito reservada. Mesmo assim, sabendo que poderia receber um não, fui até a sua casa. Fui recebida por sua filha com muita distinção e fiquei aguardando que ela se apresentasse. Ela chegou timidamente, apertou minha mão e disse: “Foi Irenilce que lhe falou que gosto de ler, mas é só pra mim, não sou de muitas palavras e nem dou entrevistas”, disse com  tom bem categórico. 
Respondi: Fui informada sim, acontece dona Enedina, que desejei conhecê-la, a senhora é uma joia rara, principalmente na sua idade. 
Ela foi acessível e falou que desde a tenra idade gostava de folhear livros. A primeira escolinha que frequentou foi o Grupo Escolar Padre Cícero e, que no período da tarde, horário em que estudou, recebia o nome de Associados. Aos poucos, contou-me esta deliciosa tendência que possui de viajar com as leituras até às 3 horas da madrugada, hora do silêncio, quando não se ouve ruído, grito, choro, buzinas, carros de som, fogos. E continuou: Tenho a minha cadeira, a lâmpada adequada, o relógio que de longe mesmo observo a hora para me deitar. Tenho um zelo especial por minha biblioteca, cuido bem dos meus livros e se por acaso empresto algum, fico cobrando que seja logo devolvido. Minha grande riqueza e satisfação e que preenche os meus dias é quando me debruço sobre a leitura de um livro, não tenho enfado. 
Já bem entrosada comigo, levou-me até um espelho muito antigo, que pertenceu aos seus pais e me disse que todo ano no Dia da Renovação do Coração de Jesus, na casa dos seus pais, os pregos da moldura eram trocados, seguindo uma tradição e só quem podia mudar eram pessoas do sexo masculino, e dentro se costumava colocar um jornal da época. Ela falou que houve uma gincana num colégio, ela não lembra qual, que pedia um jornal antigo e os alunos foram procurá-la, pedindo emprestado o jornal e nessa tarefa os alunos ganharam. 
Dona Enedita desejo-lhe muitas e muitas viagens, muitos passeios pelo mundo da escrita.





Francisquinha Gonçalves de Menezes, sobrinha de dona Assunção Gonçalves, morava no sítio e todos os dias vinha para a escola, que não era muito distante. Mas, na época invernosa, a dificuldade muito grande de passagem para chegar à escola, recebeu o convite da tia para ficar hospedada em sua casa. No início, ficava um tempo e depois voltava para o sítio. E foi assim a peleja por algum tempo. Depois decidiu ficar definitivamente, constituindo uma grande amizade e parceria entre as duas. Dona Assunção a chamava carinhosamente de Chica, de Fuca, Fuquinha, apelido que até hoje é tratado pelos sobrinhos. Na companhia de sua tia aprendeu muitas técnicas. A primeira que desabrochou foi a de bordar a mão. Bordava toalha de mesa, colcha de cama, lençol de vira e rede. Muito apreciado, o seu trabalho conquistou uma boa clientela. As famílias da redondeza faziam questão de presentear filhas, amigas com peças bordadas por ela. Investiu em outra faceta: o gosto pela pintura, observando a sua tia pintar. Muito habilidosa, aprendeu rápido essa outra técnica e recebeu encomendas de colchas em organdi pintadas. Foi um sucesso. E haja tempo para pintar. Usufruindo da ótima companhia da tia e dos seus santinhos de estimação, que colocava junto da mesa para apreciarem seu trabalho. Encomendas e mais encomendas chegavam. Até hoje ela lembra das pessoas que compraram suas peças e algumas ainda as têm guardadas. Francisquinha, achou pouco e sugeriu para a tia que investissem na preparação e feitura de bolos confeitados ornamentais. A fama tomou conta da região e muitas pessoas vinham de fora para fazer encomendas de bolo de 15 anos, de casamentos, de aniversário, de 1ª comunhão. Quando se anunciava que na festa de alguém o bolo saía da casa de dona Assunção amigos mais chegados e até pessoas estranhas faziam questão de olhar a preciosidade feita pelas quatro mãos. A exclamação geral: lindo, divino, perfeito! Incontáveis bolos confeitados foram feitos e fotografados. Os tempos mudaram e o encanto dos bolos passou. O glamour, o charme das duas em confeccionar bolos magníficos com a idade foi diminuindo, dando lugar a coisas menos trabalhosas. Atualmente, Francisquinha lida com a pintura em toalhas de banho, toalhas de bandeja e panos de prato. Uma grande artista em várias artes. Que Deus lhe ilumine e lhe ofereça muitas encomendas na arte que focaliza muito bem o seu viver. A arte de fazer amigos, e de colocar em seus trabalhos as alegrias de Deus, as flores, as rosas. Bom proveito de suas obras!