Completar cem anos é uma dádiva
maravilhosa de Deus, Nosso Pai. Dizemos sempre quando uma pessoa chega aos
oitenta que ela é uma privilegiada, que tem vivido tanto tempo para alegria e
conforto dos seus familiares. E para quem chega aos cem, o que podemos dizer?
Que é uma pessoa felizarda, abençoada, protegida, e tem mais, o prazer pela
vida a tem acompanhado, claro que Deus é o seu maior parceiro. Tive a
felicidade de conhecer dona Toinha na casa de meu irmão, Aldo, que é casado com
sua filha, Gilvânia. Logo que o filho deles nasceu, costumávamos passar em sua casa para visitar
meu sobrinho bebê, Pedro. Gostava de colocá-lo nos braços, de embalá-lo, porque
esse gostinho de amor, do prazer de pegar em um nenê já ia muito longe, meus
filhos já estavam na adolescência. E foi numa desses visitas que conheci dona
Toinha. Amei a criatura, foi uma empatia instantânea. Conversamos, rimos, nos
abraçamos e assim surgiu nossa amizade. Quando faleceu seu filho, Getúlio, cadê
a coragem para visitá-la, me senti impotente para lhe prestar a minha
solidariedade. Na missa de sétimo dia consegui a coragem necessária e a abracei
comovida. Entretanto, o que vi diante de mim foi uma fortaleza. A fé inabalável
em Deus não a deixou fraquejar mesmo com a perda de mais um filho e do amado
esposo. Uma vez ou outra passava em sua casa para vê-la e também para constatar
como estava reagindo. Novo choque, a perda do seu filho, Gil, seu filho caçula.
O filho que lhe fazia companhia, junto com a Irmã Grangeiro. O mundo girou para
ela dessa vez, ficou bastante abalada. Familiares, amigos e padres a visitavam
para lhe confortar. A dor imensa, o choro queria consumi-la. A fé lhe revigora
e toca a frente o barco. Novamente, receio visitá-la, o que dizer? Como confortá-la?
Quais palavras devo usar? Descubro uma maneira bem sutil para disfarçar o meu
constrangimento, levo de presente para ela, um ursinho de pelúcia na cor azul,
em posição de joelhos dobrados, mãos postas e que recita o Pai Nosso. Com um
pequeno pacote em embalagem de presente, vou a sua casa. Chego até ela e lhe
dou um forte abraço, as lágrimas deslizam dos seus olhos, imediatamente coloco
em suas mãos o pacote. Ela o abre, ri e
indaga surpresa: “Agora virei criança?” Respondo, “não dona Toinha, ele vai
rezar com a senhora, é só apertar na barriga que ele reza”. E coloquei para que
ela ouvisse. Notei que tinha gostado, e deu um pequeno sorriso. Algum tempo
depois, fui visitá-la e que surpresa maravilhosa, a encontrei trabalhando com fuxico. A
tristeza aos poucos foi diminuindo e a disposição para ocupar o tempo chegou.
Xales, almofadas, colchas tudo para presentear os filhos, netos e amigas. Fez
tanto fuxico que enjoou, mas não queria ficar ociosa, não podia de forma alguma
parar. Começa, então, a trabalhar com passa fita em toalhas de banho, de rosto
e de mão. As toalhinhas de mão ela confeccionou uma média de quarenta somente
para presentear, segundo informações de Vânia, e eu fui contemplada com esse
presente. Dona Toinha tem como rotina dar uma dorminhoca gostosa após o almoço
e, quando acorda fica assistindo TV e executando seus trabalhos que a entretém
demais e gozando da companhia do seu fiel gato, amigo de longas datas, José.
Ele fica pertinho dos seus pés ou na sua almofada, e vez por outra dá uma
espreguiçada e ronrona, como se dissesse “eu estou aqui do seu lado, não
esqueça de mim”. Já cansada de tanto ver toalhas em sua frente, procura outro
meio de desenvolver suas habilidades. Que novidade surgiu para sua fértil
criatividade? Ornamentar a capelinha de Mãe Rainha Três Vezes Admirável feita
de madeira, e pregou lantejoulas de várias cores. Ficaram lindas! E lá se vão
mais presentes, ganhei novamente essa preciosidade, guardo com muito carinho.
Passei então, em sua casa para agradecer o presente e vejo que suas mãozinhas
habilidosas continuam em
atividade. Nova criação, uma mandala enfeitada com sianinha,
lantejoulas e pregado no centro o Divino Espírito Santo. Muitas foram
distribuídas com os familiares e amigos. A elogiei muito por essa perseverança
em continuar trabalhando, ela riu e disse: “É isso mesmo minha filha, não posso
ficar parada, me sinto mal”. Conversamos, quando ela chama Maria, sua
secretária, e diz: “Traga um caldinho de feijão para Neuma, tá muito gostoso”.
E diz pra mim: “Notei que você está muito magrinha”. Dei uma risada e uma
desculpa para não aceitar, mas, ela insistiu e tomei o tão comentado caldo de
feijão, ela tinha razão estava saborosíssimo. Ao me despedir, a abracei,
beijei, elogiei os cabelinhos tão arrumados, quando ela disse: “Velho já é feio e por cima descuidado,
com os cabelos desarrumados fica mais
feio ainda”. Que presença de espírito e ainda a vaidade que possui. Já na
saída, ela ainda diz: “Minha filha não vá agora, fique mais um pouco eu gosto
muito quando você vem me visitar”. Fiquei envaidecida com o tratamento. Dona
Toinha é uma pessoa que traduz ternura, afeto, com o jeitinho de aconchego, de
transmissão de energia positiva. Próximo do seu aniversário, com os outros
trabalhos já saturados e sem mais motivação foi colocado em suas mãos
abençoadas, cadernos de desenhos para pintar. Ficou animada novamente. Seu
semblante irradiou alegria e contentamento. E aí começou a colorir os desenhos
e viu como num passe de mágica os seus desenhos criando vida. Redobra a atenção
para não sair da linha, para que as cores combinem, até hoje não deixou sua
índole de perfeição. Essa homenagem que presto a esta pessoa maravilhosa que
admiro demais, caros leitores, serve de exemplo para muitos de nós que nos
abatemos com as tribulações que nos atingem no nosso dia a dia e que às vezes
obscurecem nossa fé em um Deus
verdadeiro que nos ama muito e que nos acompanha em todos os instantes de nossa
vida. O Deus que abençoa e protege dona Toinha, mulher guerreira, forte e que
ama demais a vida, nos abençoe também. Palmas para ela, uma centenária com o
jeito benfazejo de jovialidade.
Abaixo mostro fotos de alguns trabalhos de Dona toinha
MENSAGENS RECEBIDAS:
Obrigado por relembrar os
pioneiros da classe odontológica em Juazeiro. Hoje o número aumentou e vai aumentar
ainda mais com a quantidade exagerada de alunos da Faculdade Leão Sampaio. Nada
contra o Curso, pois traz inovações, novos profissionais e o atendimento ao
público carente. Mas, 200 alunos por turma vai acarretar um inchaço e trazer a
má qualidade no atendimento.
Dr. Leonardo Celestino, Juazeiro
do Norte, Ceará
Quando leio um artigo como este
fico aqui pensando,COISA DE RICO, mas não, era coisa de gente que tinha
cuidado. Frequentei todos eles, mesmo porque o Dr Balbino por tabela e amizade
é quase primo, Dr Edival vizinho e o Dr Sátiro atendeu ao Juazeiro todo. Agora
o melhor dentista e todos frequentavam era -A LINHA ZERO-era infalível. Joguei
uns cinco dentes no telhado lá de casa.
Entre nós os homens esta prática
gerou muitas brigas, pois era colocado a linha zero e de supetão -os dentistas
Zé Balbino, irmão do Dr Antonio Balbino,ou o Jorge Luiz, irmão do Daniel
puxavam sem avisar. Era briga certa, dez minutos depois só alegria, brincadeira
e o aumento dos laços de amizade.
Por isso sempre falo-O SOCORRO
NÃO ERA UM BAIRRO, ERA UMA FAMÍLIA.
Neuma, parabéns. .
Dr. Iderval Tenório, Salvador, BA
Acompanho diariamente o Jornal On
Line de Juazeiro, e sua Coluna. Sempre com boas recordações dos meus tempos.,
na oportunidade, gostaria de lhe agradecer pela lembrança do nome do meu Pai,
Luis Bezerra de Sousa, como um dos primeiros Dentistas da nossa Cidade.
Obrigado.
Alexandre Julio
Gondim de Sousa, Iguatu, Ceará
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