No final de cada mês elaboro um roteiro dos assuntos que irei abordar nas quatro ou cinco semanas do mês seguinte. E como sou uma fervorosa devota de Nossa Senhora, e também por que Maio é mês que lhe é dedicado aproveito o momento para expressar o meu sentimento de gratidão, confiança e de fidelidade. Ela é exaltada como a Mãe de Jesus, filho de Deus, e também de todos nós. A sua presença é importante em nossa vida para rogar a seu filho por todos nós. A imagem que tenho na memória já distorcida pelo tempo, me traz pequenos toques de como surgiu essa minha grande afeição à Maria Santíssima. Em nossa casa rezávamos diariamente o terço em família. Meu pai e minha mãe se revezavam, cada um recitava um mistério e nós os acompanhávamos. Depois cada um fazia o oferecimento, com exceção de minha irmã caçula, Analuce, que por ser bem pequenina não tinha condições ainda de um colóquio com Deus, pois não tinha noção do que devia pedir. Depois pedíamos a bênção aos nossos pais e nos recolhíamos. Sempre fui muito tímida, mas gostava de observar o que minha mãe fazia. E antes de me recolher, a beijava e abraçava, fazia o mesmo com o meu pai, mas observava nas mãos de mamãe um pequeno livrinho. Esse livrinho depois que aprendi a ler, descobri que era a Novena de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Essa novena fazia parte do seu cotidiano, concluía e recomeçava. Foi dessa forma que me interessei em aprender a tirar essa novena, e aprendi bem rapidinho. Então, comecei a recorrer com muita fé nos meus momentos de aflições, de problemas e de dificuldades a Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, implorando dessa forma: “Valei-me Nossa Senhora do Perpétuo Socorro”. Por isso, diante de um susto ou medo grande, não consigo me controlar e me socorro dela. O tempo foi passando, a infância dando lugar a adolescência, porém a missa diária não perdia. E atentem, naquela época as missas eram celebradas em latim por Mons. Lima. Com o advento da missa em português o entusiasmo foi maior. O horário que costumava assistir na Matriz de Nossa Senhora das Dores era a missa vespertina, no horário de 16:30h. Os celebrantes eram padre Murilo de Sá Barreto ou então, seu coadjutor, padre José Alves de Lima. As homilias eram curtas, mas traziam sempre ensinamentos da palavra de Deus para serem aplicadas no nosso dia a dia. Glória, filha de Seu Vavá (Odemar Bastos Rodrigues, falecido recentemente) muito minha amiga, me acompanhava sempre, de segunda a sexta. No domingo ia com mamãe e meus irmãos. Quanto estava noiva, mamãe me presenteou com um quadro pintado com a imagem de Nossa Senhora do Silêncio. Na comemoração de um aniversário de casamento recebi de presente a imagem de Nossa Senhora de Fátima, de minha querida sogra. Ganhei também a imagem de Nossa Senhora da Rosa Mística, de titia Laura, tia muito querida. Comecei, então, a me entusiasmar para adquirir mais imagens e, na loja de artigos religiosos de seu Zeca, meu sogro, quando ele comprava imagens bem feitas, bonitas, não contava conversa, pegava logo uma para mim. Nas viagens de turismo comprava a imagem da padroeira da cidade visitada, e assim foi aumentando o meu acervo, hoje, possuo 60 imagens (de gesso e de resina) e oito quadros, alguns pintados, outros em louça ou capelinha. Em Juazeiro, de alguns anos para cá, o mês de maio, antes tão festejado, não possui mais o brilho de outrora. Existia um planejamento, meses de preparo; de reuniões para organização do evento de louvor a Maria; as entidades, escolas, comércio, famílias que receberiam a imagem. Os interessados com antecedência já se prontificavam informando na Paróquia que queriam acolher Nossa Senhora. A escolha dos coordenadores de cada família que se encarregavam de abrilhantar com apresentação de cantores, cantando músicas exaltando o nome de Maria; a escolha do repertório para ser cantado durante todo o mês; a impressão dos cânticos para distribuir com os fiéis para que todos aprendessem e cantassem. E a noite da família Calou e Sá Barreto, era a mais deslumbrante e por esse motivo a mais esperada. O dia escolhido era sempre o sábado, porque dessa maneira os familiares residentes na zona rural tinham condições de se deslocar de sítios, de cidades vizinhas, pois a presença de todos era indispensável. A coordenadora da família, Vera Lucia Sampaio Morais, se esmerava em trazer novidades, em apresentar números inéditos e que nos emocionavam. Lembro de uma vez, não recordo o ano, que na hora da homenagem soltaram um casal de pombos (simbolizando a busca da Paz), que ficaram agoniados, voando em torno do altar, e padre Murilo, muito aflito, pediu que desligassem os ventiladores porque podiam ferir ou matar os pombinhos que estavam muito desorientados. Um ponto marcante na solenidade organizada pela família Callou era a AVE MARIA em latim, uma linda canção magistralmente cantada por dra. Margarida Callou Thé, uma voz angelical que trazia lágrimas aos olhos dos presentes. Outro representante das famílias da noite, Velasques Sabiá, um senhor de voz muito possante, também encerrava a festa cantando a AVE MARIA em latim. É bom que se frise a alegria, a euforia que contagiava as famílias convidadas para organizar as noites das famílias. Todas sentiam prazer em ornamentar o altar. Cada família primava em fazer o mais bonito, o mais significativo, era uma espécie de concorrência, concorrência sadia, e ao mesmo tempo de orgulho em apresentar o melhor. Eis que vem à minha memória, parece que estou vendo, foi a noite da qual entre outras famílias estava a Família Rocha. Ione Rocha, como coordenadora, quis prestigiar as floristas da Rua Santa Luzia que trabalham com flores de papel de seda, e para tanto encomendou muitos cordões com flores azuis, da cor do manto de Maria, e foram colocadas abaixo da imagem de Nossa Senhora das Dores, no altar antigo (o de pedra), e desciam como cachos até perto dos anjos. Ficou lindo e a iluminação enriqueceu ainda mais a beleza, a singeleza de uma coisa tão simples, mas que teve um efeito fantástico beirando ao celestial.
Deixando de lado a modéstia, não podia deixar de mencionar também o esforço de duas pessoas muito dedicadas. Eram Gorete Couto e Luciene Marques, respectivamente representantes das famílias Couto e Marques. Com muita antecedência, tão logo recebiam a convocação de Padre Murilo elas caiam em campo para organizar a programação que seria realizada na noite das famílias que representavam. E faziam bonito, recebendo ao final os maiores aplausos e o agradecimento afetuoso do saudoso Vigário do Nordeste.
Não devemos deixar morrer as sementes plantadas com tanto amor, que foram regadas com tanto entusiasmo e que o modernismo está levando embora. O conformismo, a preguiça, o descaso de momentos tão importantes e que foram tão prestigiados que estão sendo relegados a segundos ou últimos planos. Vamos dar um grito de alerta e pedir: NOSSA SENHORA OLHA POR NÓS JUAZEIRENSES E POR NOSSA CIDADE.
Essa foi a maneira encontrada para louvar a Mãe de Jesus e nossa mãe, expondo para os nossos leitores o meu relicário de imagens que acompanhadas da presença de Jesus em minha vida e na vida dos meus familiares nos presenteiam com bênçãos e graças todos os dias.
Imagens e quadros do meu acervo: Nossa Senhora da Purificação; de Monteserrat; de Salete; Desatadora dos nós; dos Pobres; da Eucaristia; Rainha da Paz; de Nazaré; de Conceição Aparecida; da Cruz; dos Milagres; dos Prazeres; das Neves; da Saúde; dos Navegantes; das Candeias; do Rosário; do Perpétuo Socorro; da Pena; do Pilar; de Fátima; da Luz; das Graças; de Lourdes; da Penha; da Penha de Vitória; da Cabeça; de Loreto; do Sagrado Coração de Maria; Imaculada Conceição; do Bom Parto; do Bem Maior; Mãe do Divino; das Dores; Auxiliadora; da Glória; de Copacabana; Rosa Mística; das Mercês; da Abadia; do Silêncio; do Pantanal; do Rosil; do Cacupé; do Livramento; de Pietá; da Vitória; Mãe Rainha Três Vezes Admirável; do Carmo; da Defesa e de Guadalupe.
Vera, Gorete, Luciene, Velasques, Glória e Ione
Padre Murilo, Padre José, Mons. José Alves de Lima e Dra. Margarida Callou
Capa do meu livrinho da novena de Na. Sra. do Perpétuo Socorro
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