Precisei das anotações de uma agenda bem antiga e descobri pertences e objetos que nem lembrava mais que os tinha guardado, encontrei-os no meu guarda-roupa. Coisas que na época me fizeram muito feliz. Então, achei por bem mostrar para os meus leitores esses objetos que talvez tenham possuído também em tempos atrás. Livro que nele se copiava poesias, foram tantas e com datas, esses momentos a juventude de hoje não aprecia. Minha bonequinha de plástico duro, vestida com uma roupinha de cor rosa, feita com bicos e bem rodada, e era colocada no jeep do meu pai. Esse modelo de boneca colocava-se no espelho do carro e quando o carro estava em movimento ela ficava rodando. É uma pena que destruí a sua roupa. A bolsinha de crochê feita por minha mãe. Não me desgrudava dela, colocava acima do pulso, onde colocava o terço quando ia para a missa. Costumava pôr balas, papel de chiclete, pois tinha o hábito de colecioná-los. O álbum de formatura, presente que recebi na formatura do Normal Pedagógico, em 1968 no Colégio Mons. Macêdo, dirigido pelas Irmãs Missionários de Jesus Crucificado. O vestido dos meus quinze anos, confeccionado em seda pura e bordado à mão. Na época muito chique. Os instantâneos das viagens; com as colegas no colégio; com alunos no estágio. Fotos sem nenhum recurso que tirávamos com máquinas fotográficas muito simples. Algumas peças do enxoval do meu primeiro filho. Que lembranças! A nostalgia chega. Procuro mais e, eis que encontro um caleidescópio, que meu sogro, Zeca Marques, confeccionava nas horas vagas, quando a sua lojinha não tinha muito movimento. Vendia sempre, os romeiros achavam bonito, e cada um que queria ver logo. Diziam assim: “Deixa eu ver”, seu Zeca muito entusiasmado, dizia: “Tem para todos, tenho um bom sortimento”. Um deles, ele me presenteou e mostrava para os meus filhos (seus netos) segurando com medo de que o quebrassem. Mais tarde, não merecia mais o mesmo cuidado e deixava que eles se divertissem, mexendo em círculo para formar novos desenhos. Já crescidos não lembravam mais daquilo que tanto brincaram. Nasceram minhas netinhas, e quando já estavam com um pouco de entendimento comecei a mostrá-las. Como foram bons esses momentos. Na minha memória são inesquecíveis. Dizia para elas: “Foi o bisavô de vocês que fez”. Tinha que dividir o tempo para cada uma para evitar o chororô. Minha bolsa de vime, comprei-a no Rio de Janeiro, em 1965, na excursão das humanistas do Mons. Macedo. Que passeio maravilhoso, ficamos hospedadas na Casa do Estudante, localizada na Lapa. A toalha de fuxico que fiz quando estava noiva. Abro um parêntese para dizer: “Fiz o fuxico, mas a montagem coube à minha mãe, não tinha tempo, pois trabalhava no comércio, cursava faculdade e ainda noivava”. O jeito foi mamãe costur=a-la.
- Ontem mais uma surpresa aconteceu comigo, estava procurando um endereço, no final da Rua Padre Pedro Ribeiro, não o encontrando, peço informações. As indicações recebidas me levam até à Rua das Dores, depois de uma pequena ponte. O que vejo: a empanada de um circo montado, bem simples, nem vi o nome. Nisso sucedem imagens do meu tempo de criança e de jovem, sentada nos poleiros do circo, assistindo o espetáculo. Ecoou em meus ouvidos, o som: “Hoje tem espetáculo, tem sim, senhor!” E os palhaços e os trapezistas, o globo da morte, os anãozinhos. Ah! Já consumi bastante o gosto de saudade. Fica marcado um novo encontro de coisas e de momentos de lembranças.
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