sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Quarenta anos de uma união feliz!

05.02.2012
No próximo dia 9, quinta-feira nós completaremos “Bodas de Rubi”, uma união abençoada por Deus e celebrada por padre Murilo, na Matriz de Nossa Senhora das Dores, hoje Santuário Basílica Menor de Nossa Senhora da Dores. O motivo da escolha dessa data, 9 de fevereiro, uma terça-feira, era para que Samuel, tenente-aviador, irmão de Daniel, que seria um dos nossos padrinhos de casamento, estivesse em período de férias. Escolhemos uma cerimônia muito simples, compareceram somente os padrinhos e alguns familiares. Na minha residência aconteceu uma singular recepção com o corte do bolo confeitado e o brinde com champanhe dos recém-casados. O fotógrafo Raimundo Oliveira foi contratado para fotografar os momentos mais importantes da cerimônia na Igreja e da recepção. Nesse dia acordei muito cedo, pois tinha que pintar o cabelo. O cabelo muito longo, a sua cor natural, castanho. Passei a tingi-lo de louro por uma exigência de Daniel, antes mesmo do nosso casamento. Ele dizia: “Só quero mulher loura”. E assim para atender um desejo seu, em dezembro de 1971, me tornei loura. Como a cor já estava mudando tinha que pintá-lo e resolvi fazer no dia do casamento pois aproveitava para arrumá-lo para receber a grinalda. Lucimar foi a minha cabeleireira. As flores da grinalda e a rosa vermelha que levei nas mãos foram feitas com muito amor, por dona Cilinha Almeida, grande amiga nossa e de minha mãe. O vestido branco plissado confeccionado por dona Santinha Figueiredo, costureira de muita fama. Os sapatos os comprei na Sapataria Chic, o salto não muito alto. Não lembro se existia o “dia da noiva”, como existe nos dias de hoje. A noiva vai para o salão e lá recebe todo o tratamento, banho de lua, massagem com rosas, maquiagem, cabelos, e já sai toda preparada, diretamente para a igreja. E mesmo que existisse na minha época nossas posses não o permitiriam. Nesse dia, choveu o dia todo. Fiquei bastante apreensiva, pensando na possibilidade de prejudicar a entrada na igreja, dos padrinhos faltarem, tudo isso passou por minha cabeça. E o meu homem, o meu predestinado não podia perdê-lo de forma alguma, com chuva ou sem chuva, nós tínhamos que casar. Minha irmã caçula, Analuce e minha prima Marilourdes, foram as daminhas. Meu padrasto João Dantas entrou comigo e Daniel entrou com sua cunhada Evelin, pois sua mãe estava doente. O horário que Daniel combinou com padre Murilo foi 20h30min, horário que a igreja já estava vazia e assim não tinham curiosos para presenciar o nosso casamento. E Daniel, muito astucioso, rigoroso em horários não queria ficar de plantão esperando. A exigência que fez foi que na hora que o cortejo da noiva saísse, ligasse para sua casa, para que nós dois chegássemos na mesma hora, e assim evitaria o transtorno da espera. Noivo exigente, hem? A emoção que senti ao entrar na igreja e de longe ver o meu amor à minha espera para concretizarmos o nosso sonho de nos tornarmos marido e mulher, foi grande, como meu coração palpitou. O sonho que estava prestes a se realizar após o Sim, a troca de alianças e as palavras do celebrante, anunciando que seríamos dali por diante uma só carne. A alegria me contagiou, me emocionou na troca do nosso primeiro beijo como cônjuges. A partir daquele momento me tornei a senhora Daniel Walker, com muito orgulho. Passados quarenta anos, o amor que nos embalou nos primeiros anos persiste ainda mais forte, mais consistente, nesses anos todo de experiência adquirida com o passar dos anos. Cantamos vitória e agradecemos diariamente a Deus por nossa felicidade conjugal e amorosa. Em comemoração à data a amiga poeta Eunice Arraes contou nossa história em versos e nós publicamos em formato de opúsculo para distribuir com os amigos.  Espero que Deus continue nos abençoando sempre e nos assistindo em todos os momentos de nossa vida. E vivam os noivos de quarenta anos bem vividos.      


29.01.2012
Padre Francisco, o amigo dos pobres
Meu pai foi sempre uma pessoa muito caridosa, tinha o costume dominical de distribuir esmolas aos velinhos na Capela do Socorro e no Abrigo dos Velhinhos, localizado na Rua São José, próximo ao Museu do Padre Cícero. Seus filhos mais velhos sempre o  acompanhavam nessas visitas para conhecer e vivenciar a vida dos menos favorecidos e também se familiarizar com os infortúnios da vida. O ritual constituía do seguinte percurso: Capela do Socorro, colocava moedas na mão de cada pedinte e dava uma palavrinha de encorajamento, uma batidinha no ombro e, seguíamos para o Abrigo, visitávamos cada cômodo, levando alimentos, um sorriso, um aperto de mão e palavras de conforto. Acredito que foi esse o motivo que aproximou meu pai de padre Francisco Pincowski, pertencente à Ordem Salesiana de São João Bosco, que veio de muito longe, da Polônia,  para Juazeiro, no ano de 1952, para cumprir com a missão que lhe foi confiada de ajudar aos mais necessitados. Conhecido como o “amigo dos pobres”, ele  não media esforços para exercer fielmente o que Deus lhe havia designado. Nutria por Nossa Senhora Auxiliadora e por Domingos Sávio uma grande devoção. Assim surgiu o conhecimento com o meu pai, que se prontificou a levá-lo no seu Jeep, ano 54, para os lugares mais distantes. E foi nessas pequenas viagens, que a amizade entre meus pais e ele foi criando raízes, se fortalecendo, e devido à confiança e ao vínculo já bem amadurecidos, ele foi convidado para apadrinhar o quarto filho de uma geração de seis filhos. O nome Aldo Marcozzi foi sugestão sua em homenagem a um servo de Deus, nascido na Itália. Quase diariamente frequentava nossa casa, o horário costumeiro era pela manhã. Nunca dispensou o uso da batina, um chapéu preto, um guarda-chuva já bastante usado, a cor já tinha desaparecido, bem desbotado ou uma bengala. E uma bolsa de couro preta, muito surrada, que colocava debaixo do braço. O cumprimento que nos dirigia quando íamos recebê-lo era: “Minha bichinha, você está bem?” E batia em nossos ombros carinhosamente. Mamãe oferecia merenda e ele nunca rejeitava. Apreciava muito um suco acompanhado de uma fatia de bolo fofo com cobertura de creme de goiaba e queijo ralado, que mamãe mandava comprar no Café Expresso, de seu Francisquinho Monteiro, localizado na Rua Santa Luzia, onde hoje funciona o Bradesco. O seu tipo físico, muito alto, olhos azuis, mãos grandes e fofas e pés bem grandes, cabelos bem aparados, que ficavam espetadinhos quando cortava, e o cabelo já bem branquinho. Andava muito a pé, algumas vezes em burros quando o local era distante, porém com a proliferação do automóvel em nossa cidade passou a aceitar as ofertas dos inúmeros amigos para levá-lo de carro para visitar um enfermo, no sentido de confortá-lo no momento de dor e sofrimento, e quando convidado pelos familiares dava o que hoje se chama unção dos enfermos. Acordava cedinho, lia o Breviário, fazia suas orações, celebrava a Missa e partia para aplicar o que muito gostava, aconselhar as famílias, os noivos e praticar a caridade. Dedicava uma especial atenção às crianças, no bolso da batina trazia balas, para distribuir com as crianças. Em conversa com Fátima Macêdo, prima minha, filha de Félix Macedo e Suleta, ela disse que ele visitava também a casa dos seus pais diariamente, e dedicava uma especial atenção para com elas, às cinco filhas. Elas muito crianças e ele as sentavam na sua perna e batia no ombro delas delicadamente, dizendo: “mocinha bonitinha”! Como elas ficavam orgulhosas e felizes. Para ela, ele foi um grande educador, um verdadeiro evangelizador. O missionário que pregava com muita simplicidade, mas atingia o essencial, quando dizia: “Tudo é de Jesus”. Fátima falou também que nos domingos quando iam passar o dia no sítio que possuíam na Timbaúba, faziam questão de levá-lo porque sua companhia era uma bênção. Ele alegrava o ambiente com sua maneira simpática e fervorosa para com Nossa Senhora. Outra informação que Fátima me prestou é que na comemoração de um dos seus aniversários, quando o Santuário estava em fase de construção, muitos amigos se reuniram para presenteá-lo com a cúpula da igreja. O seu grande desejo era ver o Santuário construído. Já bem idoso, com os ombros caídos pelo peso da idade, nunca abandonou o seu propósito de confessar e de ajudar aos pobres e de aconselhar aos casais desajustados e que estavam em crise conjugal. Passava muito tempo no confessionário, principalmente próximo da primeira sexta-feira do mês, que é dedicada ao Sagrado Coração de Jesus, as pessoas faziam questão de se confessar com ele, devido à sua audição já um pouco gasta, e por isso não tinham vergonha de contar seus pecados. A maior parte de sua vida sacerdotal foi centrada na Capela de Nossa Senhora Auxiliadora, o local hoje funciona o auditório do Colégio Salesiano São João Bosco. O seu falecimento ocorreu no dia 15 de abril de 1979 e consternou à população juazeirense. Contava com 97 anos. Encontra-se sepultado no Santuário que tanto trabalhou para vê-lo construído. Que boas recordações tenho dele.        

Pe. Francico em vários momentos e objetos de uso pessoal dele expostos no Santuário dos Salesianos

1.Capela antiga onde Pe. Francisco celebrava. 2. Capela atualmente. 3. Altar antigo da capela.
22.01.2012
Minhas lembranças continuam...
- Os carregadores dágua no lombo dos burros. A água era conduzida em latas  (geralmente em latas usadas para transporte de querosene). Era assim que a água de beber chegava às residências até a Cagece ser inaugurada. Recordo-me do nome de um desse carregadores, pois ele era quem nos vendia água. Gevan Alves de Lima, que hoje tem 72 anos e reside na Rua do Rosário.
- Os tanques construídos de alvenaria nas cozinhas para colocar a água que os carregadores de água vendiam nas residências.
- Luto completo que as pessoas usavam com a morte do pai, da mãe, do marido e de filhos.
- Visita ao carrilhão da torre do Santuário de São Francisco. Visitei-o quando criança acompanhada de professores e alunos do Ginásio Domingos Sávio. Tive um medo enorme, vendo as cordas penduradas e a escada que não tinha fim para se chegar ao topo. Ainda sinto um friozinho na barriga só em lembrar.
- Da feira do sábado na Rua São Pedro, mamãe e minhas tias, compravam goma, farinha, feijão e arroz. Os sacos ficavam enfileirados e espalhados no chão. Para escolher o arroz nos vendedores que elas eram freguesas, se referiam assim: é arroz do nosso ou do Maranhão?
- Os leiteiros entregando o leite nas portas com a liteira na cabeça ou nos jumentos ou burros. Os bules acomodados em caixas de madeira em cima do lombo dos animais. Hoje esse serviço é feito de motocicleta.
- Do vendedor de pão ou pãozeiro que bem cedinho passava por nossas casas, gritando: Olha o pão! Olha o pão! Com a proliferação das padarias o pãozeiro foi aposentado.
- A bolacha Lídia da Panificadora Luzitana, de seu Ângelo de Almeida.
- Os tamancos de madeira entrançados com couro que usávamos quando crianças e as alunas da Escola Normal na aula de Técnica Agrícola. Escuto ainda o som: troc, troc, troc.
- As lojas que alugavam bicicletas, em minha memória avisto-as ainda, uma localizava-se na Rua Alencar Peixoto e a outra, próxima à Rua do Seminário. Nem se pensava em roubo, assalto. Havia confiança total na pessoa que alugava.
- Dos telefones pretos bem pesados, da época da Cotejuno. O tipo de mesa e o que se pregava na parede, com só três algarismos.
- Dos cabriolés conduzidos por Dona Amália Xavier e por Irmã Nely Sobreira, esbeltas e elegantes segurando a rédea com a qual guiava o cavalo despertava a atenção de quem passava.
- Da Capela de Nossa Senhora de Fátima, pequenina, mas acomodava muito bem os fieis que se dirigiam para lá no dia 13 de cada mês. No local hoje existe o Museu Mons. Murilo de Sá Barreto.
- Das escolas de datilografia que diplomou muitos juazeirenses como a Escola de Datilografia Dr. Leão Sampaio, de Professor Elias Rodrigues Sobral; Escola de Datilografia 1º de Maio, da Escola Adauto Bezerra; Escola de Datilografia Padre Cícero, de dona Adelina Cordeiro.
- A batina dos padres e dos frades, hoje, eles a usam somente em solenidades ou em celebrações especiais. No cotidiano vestem-se com roupas comuns.
- Das unhas das mulheres pintadas com esmaltes claros, cintilantes ou de cores fortes e,  no início da unha com o palito usado para limpar a unha, passava acetona e formava a meia lua. Achava bonito e gostava de sempre usar em minhas unhas. Agora se usam desenhos, figuras e cores bem chamativas, amarelo, azul, verde. É muito diferente, do meu tempo de jovem.
- Do programa de auditório animado por José Brasileiro, cantor juazeirense nos dias de domingo. Apresentado no Treze Atlético Juazeirense por um tempo e depois passou a ser apresentado no Cine Plaza, no horário da manhã.
- Da Rua São Sebastião, hoje denominada de Rua Delmiro Gouveia, em três quarteirões mais ou menos, funcionavam as casas de prostituição ou zona, como eram chamadas. As mulheres com seus vestidos decotados e curtos ficavam nas portas para chamar a atenção dos homens. Quando ia com papai para a sua mercearia localizada na Rua São Pedro tinha que atravessar essa rua, então, era proibida de dirigir meu olhar para esse local. Ele dizia: “Não olhe, minha filha, vire o rosto para o outro lado”. A inocência e o puritanismo imperavam naquela época. Como os costumes foram mudados. Ah! tudo se ver com naturalidade nos dias atuais, tudo modificou.
Carrilhão da torre do Santuário de São Francisco; unhas pintadas à moda antiga e  telefones antigos.
Irmã Neli Sobreira, dona Amália Xavier e seu Gevan (no box a foto dele quando mais jovem)
Burro carregando leite

Dona Adelina Cordeiro, professor Elias e José Brasileiro.
E-MAIL RECEBIDO:
Tereza Neuma,
Feliz 2012!
Não se assuste com a provocação (rsrs), mas por que você não amadurece a ideia de transformar esse acervo maravilhoso de RECORDAÇÕES em livro? Pense com carinho nessa possibilidade. Imagino que muita gente aprove e simpatiza com a ideia.
Carlos Pontes, Parnaíba-PI

Resposta: Carlos Pontes, é bom saber que estou agradando, me sinto feliz em provocar nos nossos leitores o sentimento nostálgico, mas ao mesmo tempo o sentimento de ter vivido um tempo tão bom. Na verdade, neste blog tem muita coisa que merece ser transformada em livro, como as colunas do meu colega Renato Casimiro, por exemplo. Sua ideia é boa e, futuramente, quem sabe, poderá ser posta em prática..  

15.01.2012
Minhas lembranças de Dr. Edward Férrer
Em artigos anteriores já mencionei que a casa dos meus pais era repleta de animais, principalmente aves. Várias espécies de pássaros, como gola, curió, sabiá, canário belga, sabiá, periquito australiano, burguesa, pombo, papagaio, arara (o casal) de cor azul com amarelo, marreco, patos, galinha, um casal de pavão, saguim, gato do mato e macaco. Os viveiros eram enormes e a casinha da arara ficava separada do viveiro. As araras tinham liberdade de andar pelo quintal, depois quando cansavam voltavam espontaneamente para sua casinha. Já o casal de pavão era arteiro, fujão e trazia uma séria de problemas para os meus pais, pois subia nos telhados vizinhos e quebrava as telhas. Vez por outra chegava um vizinho com muita prudência, sem ignorância, mas informavam que os danadinhos, o pavão e a pavoa estavam estragando os seus telhados. Papai, uma pessoa muito correta, e para não desgostar ou criar inimizade com os amigos vizinhos, resolveu presentear o casal de pavão ao dr. Edwad Férrer, porque soube através de amigos que ele tinha interesse em possuir o casal de aves de porte elegante, principalmente o pavão, porque a pavoa é muito sem graça, de cor escura sem a penugem colorida. Meu pai se dirigiu até a casa dele, localizada nas imediações dos Franciscanos. Uma propriedade imensa, uma quadra para ser exata. A casa construída em estilo medieval, tipo castelo, com um muro alto e acima dele vasos grandes de cerâmica. Essa propriedade atingia quatro ruas: Rua Mons. Esmeraldo, Rua D. Pedro II, São Memede e Rua Campos Elísios. Este nome foi ideia sua, por ter muito amor às belezas da Europa, principalmente de Paris. E meu pai em conversa com ele, falou  da existência do casal de pavão que possuía em seu quintal. Dr. Edward com aquele vozeirão de tenor, de longe era reconhecido pela voz, falou que ele possuía em sua residência animais e aves de várias espécies, mas esse tipo de ave não tinha conseguido ainda. Então, o que fez meu pai de comum acordo com minha mãe, a doação do casal de belas aves. As penas do pavão são belíssimas, só Deus para criar uma tão bela plumagem, as cores são fantásticas. Foi um alívio para meus pais se livrarem do incômodo casal de aves. Porém, para nós que cuidávamos deles colocando sua comida, e também a admiração que sentíamos quando o pavão abria o rabo em forma de leque para encantar a fêmea foi uma tristeza e muito chororó. Lamentamos muito a perda de nossos queridos bichinhos. Dr. Edward para nos consolar abriu as portas de sua casa para que a conhecêssemos. Lembro que o pé do muro era todo cercado de cipreste, árvore alta com aspecto de pinheiro. O verde escuro das folhas, bem fininhas formando os galhos. A casa mobiliada com móveis antigos, as cadeiras de espaldar alto revestida de couro escuro e uma mesa bem grande. As portas enormes e grossas com desenhos estilizados. Bancos de alvenaria espalhados em redor da casa. Na entrada uma pequena varanda com piso de pedras. Quadros pintados presos na parede. Para conhecermos a casa ele nos ciceroniou dando todas as informações, quanto tempo durou a construção da casa, o que o levou a construir uma casa como um palácio. O seu gosto pelo inusitado, pela história dos reis, pela beleza dos romanos. Por plantas exóticas e ornamentais, tinha muita orquídea enxertada nas árvores enormes plantadas no imenso terreno. Tudo isso tive o grande prazer de conhecer. Também guardo dele boas recordações. Gostava de ouvi-lo discursar, mesmo com uma pequena plateia, as palavras difíceis fluíam com naturalidade, era um grande orador. Observei mesmo criança a sua gesticulação, o anel bem vistoso no seu dedo polegar esquerdo, o anel de sua formatura. Pena que sua bela casa, um patrimônio que foi por ele tão bem cultuado, que alimentou por muitos anos o sonho da construção do seu palácio, já não exista mais. Com a morte de dr. Edward  a prefeitura demoliu o castelo e construiu uma escola prestando-lhe uma homenagem colocando o seu nome. É lamentável que não exista nenhuma foto do que lá existiu. Só as lembranças de pessoas que a visitaram como eu. 
Atenção: Quem quiser relembrar Dr. Edward pronunciando um dos seus famosos e eloquentes discursos em solenidades,  ouça um pronunciado em 1985, acessando o link abaixo:
   
Dr. Edward falando em palanque, entre o radialista Coelho Alves e o prefeito Orlando Bezerra. Na outra, ele na época em que era promotor de Juazeiro.
A casa de Dr. Edward como está hoje, sede de uma escola que tem o seu nome. Na outra foto, o prédio atual conserva ainda alguns  ciprestes.

  
Este mapa mostra a quadra que antes pertenceu a Dr. Edward e hoje sedia a escola que tem seu nome.
Casal de pavão semelhante ao que meu pai deu a Dr. Edward

E-MAIL RECEBIDO
Ao primeiro ano de existência da coluna RECORDAÇÕES vai todo o meu apreço e admiração. Percebo que simplicidade, lealdade e respeito à memória são os argumentos que não faltam nesta sua doce e saudável coluna. RECORDAÇÕES é uma espécie de interposição de espelhos. Vale a pena a leitura pelas gostosas revelações de um tempo que se fez presente em nossas vidas (ainda que seja ignorado por muitos). RECORDAÇÕES nos trazem de volta tantos bons momentos que o espaço aqui seria restrito para comentários. Parabéns por aproximar tão bem a linguagem de um povo que fez e ainda fará história.
RECORDAÇÕES não se furta ao comentar dos momentos que sonhamos intensamente. E que são tantos. Porque o tempo passa assim mesmo. Ele passa, passa... é transitório. Não espera por ninguém, e se você não o reflete e não o vive cada momento... perde a oportunidade de ter RECORDAÇÕES.
Desejo longa vida a coluna RECORDAÇÕES.
Carlos Pontes, Parnaíba-PI
            


08.01.2012

Rememorando lembranças
Faz um ano que a coluna Recordações se encontra no ar, para mim é um grande feito chegar a este número, pois sou bem acanhada e nunca fui de por minhas ideias no papel. E em comemoração aproveito para pincelar a coluna de hoje com mais saudades.
Que saudade que dá...
- Do Parque Maia, com os carrosséis, as rodas gigantes, a onda, as canoas e o serviço de alto-falante oferecendo músicas para as paqueras. Funcionou por um tempo na Rua do Cruzeiro, onde hoje funciona as Lojas Americanas e o outro local foi na Praça Desembargador Juvêncio Santana.
- Dos circos que eram instalados na Praça do Cinquentenário, hoje Memorial Padre Cícero.
- Dos leilões no adro da Matriz de Nossa Senhora das Dores na festa da Padroeira para arrecadar fundos para alguma reforma ou despesas extras.
- Do café torrado em casa nas terrinas de barro em fogões de alvenaria usando carvão.
- Do pé de umbu-cajarana que tinha no quintal da minha casa, que dava saborosos sucos e também se chupava por ser muito doce. A muda foi adquirida no Museu do Padre Cícero, localizado na Rua São José.
- Das vesperais no Treze Atlético Juazeirense e das Tertúlias no Clube dos Doze.
- Das quadrilhas no Instituto Gonzaga, dos Jesuítas. Saíamos do Centro da cidade para a Lagoa Seca de carroça.
- Da Livraria O Cruzeiro, esquina com São Pedro e Cruzeiro, no período que Laura administrava e também no tempo de Aristóteles.
- Da banca de revistas de Liquinha e Maria José. Dos encontros e bate-papos dos amigos neste local.
- Da casa de seu Manoel Bento, na Av. Dr. Floro, uma casa muito grande que acolhia as Bandeirantes e as Fadinhas nas tardes de sábado. Lourdinha Bento exercia o cargo de chefe.
- Dos estudos de algumas alunas do Mons. Macedo na residência de seu José Geraldo da Cruz. Fátima, sua filha que era muito inteligente se prontificava a dividir os seus conhecimentos com as colegas que tinham dificuldade. E da merenda que Dona Roquinha tinha o maior prazer em servir, banana frita, nunca mais comi igual. O sabor era diferente.
- Das rifas, livro de ouro, tertúlias em nossa cidade e Salgueiro, tudo isso para arrecadar dinheiro para a excursão promovidas pelas alunas humanistas do Ginásio Mons. Macedo de 1965 e das normalistas de 1968. A primeira excursão ao Rio de Janeiro e a segunda Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre. A coordenadora irmã Helena Hilta.
- Das amigas andando de braços dados nas ruas.
- De acompanhar os filhos desfilando no dia 7 de setembro com máquina fotográfica e com a garrafa térmica para quando sentissem sede.
- Da minha bolsa escolar e merendeira feitas de couro, parecia um gibão.
- Dos cursos de corte e costura promovidos pela Singer tendo como parceira a Lojas Credilar.
- Dos cursos de corte e costura e de bordado oferecidos pela Paróquia de Nossa Senhora das Dores, no Edifício Dom Pires tendo como coordenadora Miriam Pires.
- Dos bolos confeitados por Dona Assunção Gonçalves e Francisquinha.
- Dos cursos de arte culinária em parceria com as lojas de eletrodomésticos dados pela Walita e Arno.
- Dos cursos de arte culinária que Dejesus Batista ensinava, era uma cozinheira de mão cheia.
- Dos passeios com os filhos pequenos no fusquinha e das viagens para Fortaleza nele. Tão apertadinho. E o cheiro de queimado e do barulho que fazia para pegar.
- Dos balões coloridos subindo ao céu na festa do dia 24 de março, data do nascimento do Padre Cícero. Essa homenagem era prestada pelo senhor Severino Alves, morador da Rua Santa Rosa, próxima da Rua Santa Luzia. Ele arrecadava com os amigos a quantia necessária para embelezar o céu com os balões subindo. Cada balão que subia recebia uma salva de palmas.
- Dos passeios ao Caldas nos dias de domingo que Munda nos levava para nos distrairmos no período em que mamãe estava fazendo tratamento de saúde. Nós tínhamos um motorista que trabalhava para papai, Vanda, ela o convidava para nos levar. O almoço preparava de madrugada e levava já pronto. Que passeios memoráveis!
- Da bodega de Pai Bel (meu avô paterno), que nos permitia tirar os pirrós, as broas, e mexer curiando as coisas e atender aos fregueses.
- Dos dias de chuva, a água escorrendo abundantemente pela bica. Não tínhamos medo de resfriado. 
- Dos terços tirados em família sempre após o jantar, juntava todos com papai e mamãe e o terço era respondido por nós. Uma reunião em família diária que às vezes nos aborrecia.

Um comentário:

  1. Parabéns por sua coluna. que continue contando e fazendo a história do nosso Juazeiro por muito anos.

    Uma observação:
    O nome do dono do bar que vendia o bolo com cobertura de goiaba, era Sr. Assis Monteiro. A esposa dele era que se chamava D. Francisquinha.

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